domingo, 14 de setembro de 2008

Turma de tutores e a profa. Caroline 12.09


Cursistas do módulo 2


Sob o capuz:Uma leitura do conto Chapeuzinho Vermelho à luz da crítica literária feminista

O modo de ler um texto é também um modo de produzir sentidos.
PCN, Língua Portuguesa

Na quinta-feira(11) passada tive a oportunidade de apresentar aos cursistas do módulo 2, um trabalho preparado e realizado com alunos variados na UnB. Trata-se de uma oficina de leitura com abordagem multimodal, acrescentada de outros conceitos para melhor subsidiar o trabalho de leitura dos cursistas com o seus alunos. Inicamos com a clássica pergunta: O que é ler? as respostas foram variadas passando pela decodificação até prazer estético, ler é isso e muito mais, a leitura passa pela concepção de língua que o professor têm, aliás todo o trabalho em sala de aula envolve essa concepção, esclarecemos que o trabalho produzido fundamentou-se na concepção sociocognitivointeracional que, segundo Koch, privilegia os sujeitos e os seus conhecimentos nao processo de interação. Em seu livro Letramento literário, Rildo Cosson diz que a capacidade de leitura dos alunos depende, em parte, da maneira como lhes foi ensinado, do que a sociedade acredita ser objeto de leitura e assim por diante (p.29), portanto nada mais pertinente do que oferecer metodologias de ensino de leitura em uma formação continuada. Nesse sentido, para subsidiar o trabalho com a leitura em sala de aula, trocamos informações acerca dos seguintes temas : Texto multissemiótico(multimodal), crítica literária feminista, estética da recepção, contos de fadas, leitura, entre outros.
Oferecer aos professores cursistas a possibilidade de se desenvolver um trabalho de leitura crítica por meio do conto Chapeuzinho Vermelho deve ter soado estranho, entretanto com o desenrolar das atividades foi possível perceber um outro olhar: O olhar de envolvimento.
Trabalhos com professores, sobretudo de mudanças de paradigmas, devem oferecer um certo grau de cumplicidade e creio ter com os cursistas, pois fico bastante a vontade para trocar idéias e informações com eles, mesmo porque eu aprendo muito mais do que ofereço, dado o envolvimento que eles têm com a educação. Produzi uns slides para nortear a aprentação, fiz um levantamento prévio de quem conhecia a história de Chapeuzinho, a profa. Celestina, DRE PP, contou-nos a versão que conhecia, ao passo que eu apresentei a versão objeto daquele trabalho, desconhecida por todos, absolutamente compreensível visto que a versão mais difundida mundialmente é a dos irmãos Grimm. Contei-lhes trechos da versão de Charles Perrault e a moral existente ao fim da história. Apresentei-lhes ainda, a história da avó, e ambas fizeram-nos entender a carga sensual ( e sexual) que permeia o conto Chapeuzinho Vermelho. Partindo da premissa de que o professor deve partir do que o aluno conhece para o que ele desconhece afim de ampliar os seus horizontes falamos sobre a crítica literária feminista, gênero(categoria), canône e outros temas recalionados ao feminino. Destacamos a necessidade de se ler na perspectiva de gênero para diminuir o preconceito contra a mulher, ocasião em que a profa. Carmenci, DRE Guará, compartilhou com o grupo uma situação de preconceito explícito dos alunos do sexo masculino em relação às alunas, evidenciando, inclusive, o enraizamento e a perpetuação desses preconceitos no seio familiar.
Há de se ter uma preparação teórica e estratégias bem definidas para trabalhar o tema, uma das possibilidades é conto de fadas, pois a leitura competente desse subgênero impossibilitará o avanço do preconceito em relação à mulher subjacente à essas produções, a literatura, de um modo geral, facilitará o trabalho com gênero, sugeri a leitura de Sexualidade & Educação, Guacira Lopes Louro, pois tal leitura permite-nos compreender melhor fenômenos ligados ao universo adolescente na escola e a preconceitos que se perpetuam no espaço escolar devido ao despreparo do docente. O passo seguinte foi a leitura em três olhares do conto o que resultou um excelente trabalho de crítica em relação ao texto, comentamos ainda formas de se trabalhar nessa perspectiva com os alunos, pois muitos deles possuem o horizonte de expectativas e experiências muito estreito, nesse sentido, oferecer uma contextualização da época de circulação do texto, instigar, trabalhar interdisciplinarmente, talvez estas sejam algumas das palavras-chave numa aula de leitura.
Esclareci que a escolha desse conto deveu-se a sua incrível popularidade; inúmeras traduções e recriações, sobretudo em paródias, aliás Chapeuzinho Vermelho é extremamente parodiado e é no espaço parodístico que a crítica literária feminista encontra espaço para subverter a ordem do patriarcado. Trabalhamos com várias modalidades de textos: imagético, auditivo e impresso, todos com a intenção de ampliar o horizonte de espectativas do leitor. Ao término ofereci aos cursistas Chapeuzinho Vermelho nos seguintes gêneros textuais: Quadrinhos, cordel, poema, conto, piada e paródia e solicitei que preparassem uma aula, definindo estratégias de leitura( com a abordagem ou concepção que lhes convier)para o gênero textual escolhido, a tividade deverá ser realizada com seus alunos e registrada no portfólio, o grupo optou porealizar a tarefa no ínicio do 4º bimestre. O encontro foi muito bom, pois trocamos muita informação num curto espaço de tempo, para o trabalho com o professor e com os alunos utilizei o mesmo material, mas em se tratando de professor é nessário oferecer um suporte teórico e aumentar a complexidade dos conteúdos, para que o que foi oferecido possa subsidiar-lhe em uma ocasião futura. Para ser mais um pouco deste trabalho somente no Colóquio de Letras da UnB, ocasião que apresentarei o meu trabalho com Chapeuzinho Vermelho, espero que a minha experiência exitosa possa desencadear muitas outras, de maneira a subsidiar um efetivo letramento em nossos alunos e professores em formação continuada. Boa semana e até mais.

Semana de 08 a 12 de setembro




A semana foi dedicada à leitura, incrível, parece que o céu conspirou ao meu favor, pois preciso de toda inspiração possível para escrever a monografia do curso de especialização em Letras que, felizmente, é sobre leitura e ensino. Nesta semana tivemos: EAPE, encontro p/estudo, encontro com cursistas e UnB.
Nossa formação está interessantíssima, será que o prof. Dioney está querendo devolver o ritmo acadêmico aos tutores? ele tem nos estimulado muiiiito, leituras, fimes, resenhas eagora....seminário. Quem disse que a vida de tutor é fácil? sem falar na disciplina de mestrado...têm tutor arrancando os fios de cabelo. Creio que tudo isso é parte do processo de formação, é inegável que temos aprendido muito e que nenhum de nós é o mesmo do ínicio do curso. A maioria de nós, não está habituada a leituras e estudos constantes e, penso eu, o prof. Dioney deseja despertar esse lado pesquisador em todos os tutores.
Como parte de uma atividade proposta pelo prof. Dioney, assistimos ao filme Desmundo, ainda em agosto, fizemos uma boa discussão acerca da língua, da temática, entre outros temas. Tentamos fazer uma ponte entre o estudo do fascículo 6 e o filme, bem como a importância de se conhecer a história da língua, uma vez que, por meio da história da língua é possível entender e desmistificar o preconceito lingüístico, velendo-me do Bagno, nada na língua é por acaso e buscar entender essa evolução linguística é um desafio para o professor de língua portuguesa. Utilizei a abordagem dos três olhares para ler o filme, pois em outra ocasião minha leitura restringiu-se ao 1º olhar, ou seja, a leitura elementar. Confesso que a nossa discussão( grupode curssitas) redimensionou o meu olhar, sobretudo em relação à pesquisa lingüística, quantos falares, quantas raças, quantos brasis. O prefixo de negação Des+ mundo, dá pistas em relação à temática do filme, a negação de mundo, qual a noção de mundo que os desbravadores teriam? Desmundo é um filme bruto, duro, tal qual a vida de todos que aqui estavam e daqueles que aqui atracaram, por razões variadas. Nesta terra instalaram-se pessoas da pior espécie, não nos sendo díficil supor o porquê, em grande maioria vieram os homens. Desbravar a terra, abrir caminhos, tornar-se rico e, sobretudo, formar um mundo novo, talvez não tão novo quando consideramos a ideologia que aportava-se aqui, novas terras e velhos costumes; explorar, essa era a palavra de ordem. Estudar a história da formação da nossa língua, da nossa sociedade são essenciais para entendermos fenômenos existentes nos dias atuais. Nesse sentido Desmundo é ímpar, pois além da grandiosa pesquisa lingüística, temos um retrato do povo e dos costumes da época, da relação do estrangeiro com os nativos e dos homens com as suas mulheres, o que nos elucida uma série de acontecimentos contemporâneos. Entender que não há pureza lingüística, tampouco social é um grande avanço para o docente, principalmente, para acabar de vez com a noção tradicional de erro. A língua, assim como a sociedade, muda e ambas tal qual foram concebidas, jamais daria conta das preemências dos dias atuais: jovens, internet, blog, fotolog entre outros, cada dia temos que aprender a lidar com as possibilidades de linguagem, entender as variações e mudanças lingüísticas, saber que existem 240 línguas em uso no Brasil são fatores que nos fazem rever os nossos conceitos, ou pelo menos deveriam. Convido vocês a ssistirem ao filme Desmundo e registrarem as suas impressões, durante a semana irei postar os textos que me foram enviados pelos cursistas, espero que as produções possam tocar de alguma maneira aos leitores deste espaço virtual, promovendo uma reflexão acerca da nossa língua.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O ensino da comunicação: O psicólogo suíço Bernard Schneuwly diz que os professores precisam de material didático para trabalhar com leitura e escrita

Você pode não conhecê-lo pelo nome, mas o trabalho do suíço Bernard Schneuwly, professor da Universidade de Genebra, já deixou de ser novidade há algum tempo, principalmente para quem leciona Língua Portuguesa. Suas idéias sobre gêneros e tipos de discurso e linguagem oral estão nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Desde a década de 1980, o psicólogo de 49 anos, doutor em Ciências da Educação, pesquisa como a criança aprende a escrever. Os estudos resultaram na criação de seqüências didáticas para ensino de expressão escrita e oralidade. Os conceitos presentes nesse material didático se difundem aos poucos no Brasil. Schneuwly vem colaborando com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em trabalhos na área e pesquisadores da instituição estão publicando uma coleção com seqüências didáticas inspiradas no modelo suíço. A seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu a NOVA ESCOLA.
NOVA ESCOLA> O que seus estudos propõem de novo no ensino da língua?
Bernard Schneuwly< Colocamos a questão da comunicação no centro do ensino da língua materna. Esta é a mudança mais significativa: dar às crianças mais possibilidades de ler, de escrever textos, de aprender gramática e ortografia em função da comunicação.
NE> As aulas de gramática devem ser dadas em função dos textos?
Schneuwly< É essencial ensinar as crianças a ler e a produzir textos. Quando começam a estudar elas têm de realizar essas tarefas e, de maneira geral, não se dá importância suficiente à questão. Isso não significa deixar de dar também um pouco de gramática à parte. É possível fazer isso analisando sentenças complexas extraídas dos próprios textos. Há ainda uma outra maneira, mais forte na Suíça: pedir que os estudantes escrevam sentenças que depois são usadas para análise e aprendizado.
NE> Quanto tempo da aula deve-se dedicar à gramática?
Schneuwly< Em meu país, e eu sei que aqui acontece o mesmo, cerca de 70% ou 80% do ensino da língua corresponde a gramática e ortografia e apenas 20% ou 30% a leitura e escrita. Temos trabalhado para chegar a um equilíbrio. Além disso, acho que há gramática demais nas séries iniciais e de menos nas finais. Na Suíça, depois do ensino elementar, os estudantes aprendem apenas literatura. Mas há problemas gramaticais complexos que poderiam ser estudados por jovens de 16, 17, 18 anos.
NE> Por que há um peso maior em ortografia e gramática?
Schneuwly< Porque é mais fácil dar aulas sobre esses dois temas. Existem livros didáticos e dicionários disponíveis. No entanto, muitos educadores não sabem o que fazer no momento de trabalhar leitura e escrita. Eles precisam de material para isso.
NE> É o trabalho que o senhor vem desenvolvendo na Suíça?
Schneuwly< Sim. Em 1990 houve uma demanda oficial do governo para que o grupo de pesquisa do qual faço parte criasse um material que ajudasse a ensinar expressão escrita e oralidade. Ao mesmo tempo os docentes diziam, em congressos, que precisavam lecionar comunicação mas não tinham métodos. O fato de os professores terem pedido mudanças foi muito importante. Era sinal de que eles estavam prontos para adaptar-se. Mais do que se tivesse havido uma imposição.
"Os brasileiros falam bem. A escola precisa ensinar a falar em situações formais, num debate ou para um grupo"
NE> Como é o material?
Schneuwly< São quatro volumes. Um destinado para 1ª e 2ª séries, um para 3ª e 4ª, outro para 5ª e 6ª e o último para 7ª , 8ª e 9ª. Em todos eles há uma apostila que deve ser usada pelo aluno e outra pelo professor, escrita para que ele possa usá-la sem dificuldade, com apenas um dia de treinamento. São cerca de 40 seqüências didáticas para diferentes tipos de texto: científico, ficção científica, histórias de aventuras, crítica literária, entre outros.
NE> A oralidade também é trabalhada?
Schneuwly< Sim. As crianças a desenvolvem ao fazer uma entrevista, participar de um debate ou expor um tema para uma platéia, por exemplo.
NE> Recursos como esses conseguem mudar o trabalho do docente? Ou ele precisa de mais formação?
Schneuwly< Esse é um problema importante e sua solução deve levar um longo tempo. Há dois pontos envolvidos. Um é a formação inicial. A nova geração tem uma educação melhor e consegue trabalhar da maneira que propomos com mais facilidade. Por outro lado, há a necessidade de formar aqueles que já estão na ativa, que são numerosos. Com o material em mãos, a capacitação pode se dar na teoria e na prática.
NE> Como as seqüências são usadas?
Schneuwly< A criança entra em contato com vários gêneros de texto que serão vistos novamente no futuro. Na primeira vez que estuda entrevista, por exemplo, ela está no 4º ano. Nessa fase, conhece técnicas simples e vai entrevistar um funcionário do colégio. Ela prepara o questionário mas aprende que, se formular as questões espontaneamente, conseguirá melhor resultado. Uma folha pode ser levada com a relação de perguntas de um lado e, no verso, palavras-chave. A consulta será feita só se houver problemas. Outra dica é perguntar algo sobre o que o entrevistado acabou de falar, e não apenas emendar uma questão da lista na outra.
NE> Quando esse mesmo tema será visto novamente?
Schneuwly< No 8º ano, só que com técnicas mais elaboradas. Nessa fase, os alunos estão estudando os diferentes modos de falar. Por isso, têm que entrevistar estrangeiros que aprendem francês em Genebra, ou especialistas em oralidade, como um padre ou um advogado. Eles vão ouvir, ler, analisar, observar, comparar, fazer, escrever. Vão aprender também como redigir a abertura do artigo, apresentando o entrevistado. Nosso método leva à análise e à produção de um gênero.
NE> O programa se desenvolve em forma de espiral?
Schneuwly< Exatamente. O estudante vê determinado gênero uma vez, depois uma segunda e, às vezes, até uma terceira. Debates, por exemplo, são estudados na 3ª, na 6ª e na 9ª séries. A primeira coisa que ele aprende é a ouvir o que está sendo dito. Isso porque é importante usar o que o interlocutor disse, integrando as palavras dele ao seu próprio discurso. Outra coisa: se uma pessoa fala algo que deve ser contestado, isso deve ser feito de maneira não agressiva. São muitas as técnicas.
NE> Aprendemos, de maneira natural, os gêneros orais primeiro. Nas aulas eles devem ser ensinados antes dos escritos?
Schneuwly< Eles podem ser vistos ao mesmo tempo. A escola não ensina a falar. E os brasileiros, particularmente, se expressam muito bem. As crianças daqui são fantásticas! O que precisamos é prepará-las para situações formais, como um debate, uma exposição para um grupo. Para nós, pode começar ao mesmo tempo, porque a escrita ajuda a oralidade e vice-versa.
NE> A psicolingüista argentina Emilia Ferreiro defende há mais de 20 anos a utilização de textos variados, principalmente em substituição à cartilha. Há relações entre as idéias defendidas por ela e as suas?
Schneuwly< Acho que dizemos a mesma coisa com outro nome. Talvez uma diferença esteja no fato de que nós, quando trabalhamos com um gênero, nos aprofundamos bastante nele. Isso leva uma semana, duas, até quatro. Uma outra possível diferença é que Emilia Ferreiro trabalha apenas com os pequenos e nós, até com os adolescentes. Mas as idéias provavelmente não são contraditórias. O importante é que os gêneros representam textos como são vistos nas situações diárias.
NE> Existe um tipo de texto que só é visto na sala de aula?
Schneuwly< Quando você aprende um gênero durante as aulas ele sai da situação social e se transforma num gênero escolar. Uma entrevista feita nessa situação não é a mesma coisa que uma realizada por um profissional. Para nós não há problema nisso, porque acreditamos que a escola é uma instituição social onde as pessoas aprendem. Então, é absolutamente necessário que faça adaptações. Emilia Ferreiro critica as cartilhas por serem textos que não existem fora da classe. Não concordo com ela nesse ponto.
"Emilia Ferreiro critica as cartilhas por serem textos que não existem fora da classe. Não concordo com ela"
NE> Por quê? Isso não é verdade?
Schneuwly< A idéia de Ferreiro é velha porque parece ruim haver diferença entre a vida real e a escola. É claro que não deve haver uma grande diferença. Mas alguma, sim. Na escola há uma situação social real para a aprendizagem. Lá pode-se correr riscos e cometer erros. Um jornal serve para informar as pessoas. Se você o leva para a sala de aula, ele não está lá mais para esse fim, mas para ser aprendido. Queiramos ou não, não é mais o mesmo contexto social.
NE> Quando um professor leva diversos materiais para a sala de aula, está trabalhando com diferentes gêneros de texto?
Schneuwly< Não. Gênero é a forma mais ou menos convencional que um texto assume: uma entrevista, uma receita culinária, uma história de aventura. Quando você lê um jornal, por exemplo, há muitos gêneros dentro dele e a criança tem que aprender isso.
NE> Gêneros são conteúdos ou ferramentas de trabalho?
Schneuwly< São os dois. É muito fácil explicar isso quando se pega uma receita culinária. Ela é um gênero, tem uma certa forma lingüística, uma estrutura, um vocabulário, mas ao mesmo tempo é, claro, uma ferramenta usada numa situação de comunicação. Transmite a uma pessoa como se prepara uma omelete, por exemplo. Sem essas formas estabelecidas, a comunicação seria muito complicada. Se você não soubesse como é uma entrevista, como seria nossa comunicação nesse momento?
NE> Os estudantes expostos a essa metodologia aprendem mais do que a ler e escrever de maneira adequada?
Schneuwly< Com certeza. Por exemplo, quando os ensinamos a escrever uma carta para um jornal sabemos que, provavelmente, eles não terão necessidade de produzir muitos textos desse tipo. Mas, nesse processo, aprenderão também a argumentar. Eles adquirem capacidades, principalmente capacidades gerais de comunicação.