sábado, 19 de dezembro de 2009

Calma

Vi essa imagem e lembrei-me da música Idade do céu - Zélia Duncan. É o que eu quero, é o que eu preciso...calma.

Não somos mais o que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Na idade do céu.
... Calma
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

42º FESTIVAL DE CINEMA DE BRASILIA



Entre os dias 17 e 24 de novembro o público brasiliense poderá conferir a 42ª edição do FBCB. Eu já participei de alguns festivais e posso dizer que a aura local é bastante peculiar, coisas de Brasília. Mas, vamos lá, o filme de abertura foi " Lula, o filho do Brasil", li nos jornais e internet que jamais os organizadores tiveram tantos interessados no filme de abertura, sobretudo, nos escalões da política local e federal.
Os mil e quatrocentos lugares da sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro não foram suficientes para comportar os convidados e afins, o próprio elenco não teve assentos reservados, melhor dizendo, não foi respeitada a reserva para o elenco. Loucura total!! Quem é fã e prestigiou as outras edições do FBCB ficou no mínimo surpreso.
Hoje, refeitos do frisson, bem mais político do que cultural, podemos nos deliciar com os outros filmes, confira a programação no site http://www.festbrasilia.com.br/
Até breve.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Aula de português C.D.A

(Foto da internet)



A linguagem

na ponta da língua,

tão fácil de falar e de entender.
A linguagem

na superfície estrelada de letras,

sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatandoo amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, esquipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Palestra "O falar Candango" - Convite

O Magnífico Reitor, Prof. José Geraldo de Sousa Junior, tem o prazer de convidar a comunidade da UnB: professores, técnicos-administrativos e estudantes para a Palestra "O falar Candango" que será ministrada pela Profª Stella Maris Bortoni no próximo dia 18 de setembro (sexta-feira) às 15 horas no Auditório da Reitoria. O evento insere-se no âmbito das ações da Comissão "UnB 50 anos de Brasília", criada em 30 de abril de 2009 com a finalidade de organizar uma programação de eventos que coloquem nossa Instituição na pauta das solenidades e festividades que comemorarão o jubileu da capital do país.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O clube do filme.


Ontem pela manhã terminei de ler O clube do filme. A leitura foi motivada pela indicação da minha chefe, já faz um tempo que ela contou-me o resumo do livro e despertou-me uma imensa curiosidade. Contudo, a falta de tempo, aliada a leituras teóricas obrigatórias, fez com que eu me distanciasse um pouco da leitura descompromissada. Assim, só esta semana comecei a lê-lo. Foi um leitura fluida, interessante e rápida. Puro entretenimento!! Confesso que a minha leitura foi motivada pelo letramento cinematográfico, fiquei bastante curiosa em ler o que se poderia aprender a partir de filmes de arte (Cult), comercias, blockbusters e trash (Show Girls), sobretudo, um adolescente em crise. Gostei do que li, de fato não era a imagem que eu projetara antes do início da leitura, mas cumpriu o seu papel de leitura pelo prazer de ler. Gostei muito das imagens criadas pelo autor em relação aos filmes que são apresentados ao filho, uma boa parte daquela filmografia faz parte da minha vida, então foi muito interessante e envolvente ler sobre clássicos do cinema numa perspectiva tão didática e passional.
Vale a pena ler, você não vai aprender nada ( talvez desperte o seu interesse por cinema), é uma leitura inútil, no sentido literal da palavra, mas devo dizer-lhes que a vida é repleta de coisas inúteis que nos motivam diariamente a seguir em frente. Então... Carpe diem e boa leitura!!


SINOPSE
Eram tempos difíceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro contado e o filho de 15 anos colecionando reprovações em todas as matérias do ensino médio. O autor, diante da falência, da desorientação e da infelicidade do filho-problema, faz uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia sair da escola – e ficar sem trabalhar e sem pagar aluguel – desde que assistisse semanalmente a três filmes escolhidos por ele, o pai.
A aposta diferente resultou no Clube do Filme. Semana a semana, pai e filho viam e discutiam o melhor (e, ocasionalmente, o pior) do cinema: de A Doce Vida (o clássico de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (o thriller sensual estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico da Beatlemania) a O Iluminado (interpretação primorosa da Jack Nicholson, dirigido por Stanley Kubrick); de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de "melhores filmes de todos os tempos") a Amores Expressos (cult romântico e contemporâneo do coreano Wong KarWay).
David Gilmour, crítico de cinema e escritor premiado, oferece uma percepção singular sobre filmes, roteiros, diretores e atores inesquecíveis ao relatar essa vivência com olho clínico e muita sinceridade. E emociona ao mostrar aos leitores a descoberta da vida adulta pelos olhos de um jovem e os dilemas da adolescência administrados por um pai muito presente.

Está chovendo!!!


Feriado, chuva, frio...preguiça. Este 07 de setembro está uma delícia!!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Uma pequena história sobre preconceito literário com final feliz.




A Menina que Roubava livros – Markus Zusak.

Ao final do curso Alfabetização & Linguagem (2008) fui presenteada por uma cursista, profª Carmenci, com três livros e um maravilhoso cartão. Não costumo ganhar livros (quase ninguém ganha), mas comprá-los, portanto fiquei felicíssima. Li os contos de Perrault, Drummond e comecei a ler A menina que roubava livros. Parei, tenho muiiiiiiiiiiiiiiita resistência aos best sellers, e assim não conseguia evoluir. Após alguns meses, reeencontrei a Carmenci e fiquei muito envergonhada, pois ela me perguntou pelo livro e eu o havia deixado de lado, então resolvi retomar a leitura. Assim, despi-me do preconceito e, eureka!! Devorei o livro. Obrigada, Carmenci, pelo presente. Que narrativa, que personagem encantadora! As construções prendiam-me ao texto, vontade de descobrir mais e mais. Pensei de imediato no letramento daquela personagem, aliás, que ilustração de letramento. A narrativa propicia a construção de imagens fantásticas que nos envolve a cada página lida. Um deleite de seiscentas e poucas páginas, entregue-se ao prazer de lê-lo.


Aí vai uma pequena amostra.


Foi nos livros que Liesel viu a oportunidade de fugir daquilo tudo que a perseguia. Ela esquecia do irmão morto com um olho aberto, no chão do vagão do trem.
Ensinaram-na a ler. Um certo enrolador de cigarros e acordeonista.
No abrigo, durante os bombardeios, ela sacudia as palavras para manter todos mais calmos. E longe de mim. Era a sacudidora de palavras. Até que um dia ela escreveu seu próprio livro. Até que um dia as sirenes não tocaram para avisar sobre as bombas. Até que um dia a rua Himmel foi devastada. Até que um dia só sobrou a menina que roubava livros nos escombros de um porão raso demais para suportar.Uma sobrevivente.Um acordeão quebrado.Um beijo tarde demais.Um livro perdido e devolvido em tempo.Venha comigo, quero lhe contar uma história. Vou lhe mostrar uma coisa.
Nota final de sua narradora:"Os seres humanos me assombram".

quarta-feira, 29 de julho de 2009

foto da internet


Aos meus amigos queridos, eu os amo!!! Compartilho um texto da Marla, escritora que conheci pelo blog de uma amiga, aliás visitem o blog http://doidademarluquices.blogspot.com/ para conferir o porquê da minha admiração. Ela é uma graça estou curtindo muito a leitura.

Apreciem sem moderação.


Eu nunca fiz amigos tentando ser interessante. Todos os amigos mais íntimos que fiz foi porque me interessei verdadeiramente por eles. Me interessei pelo que doía, pelo que o fazia gargalhar, pela forma como banalizava histórias tristes, pelo jeito com que dramatizava fatos aparentemente banais...Todo mundo quando descobre certa receptividade no outro abre seu coração com tamanha generosidade, que fica difícil não fazer o mesmo. Porque a escolha é sempre nossa. A gente se abre, o outro percebe e se abre simultaneamente_ sempre nessa expectativa do encontro. E quando flui, tudo nos parece mágico.Mas depois vem o que fazemos com tanta informação, com aquela confissão, com aquele momento de entrega. É isso que vai solidificar o que quer que tenha começado. E quando isso não é um dom, é um exercício.Sempre tenho a impressão de que meus amigos têm talento para sê-los. Que são pessoas que nasceram pra essa troca incrível, com esse jeito maravilhoso de encher de sagrado qualquer encontro. Sempre lembro que se fulano (que para mim vive em outro patamar espiritual, emocional, intelectual, etc) me es-colheu, é meu termômetro pra pensar: “vá em frente, você está vibrando na energia certa”!...Isso me faz acreditar mais em mim e a ter vontade de me melhorar diariamente porque sei que o quer que eu faça ou fale, nunca será o suficiente para parar de investir numa relação: o ser humano é dinâmico, está em constante processo de mutação e carecendo de novas trocas.Com minhas amizades aprendo, inclusive, a me relacionar afetivamente com pessoas mais saudáveis quando reflito: “beltrano, (por quem estou fortemente atraída), seria alguém que eu indicaria para minha melhor amiga ou uma filha?”Quando a resposta é NÃO! O que me fez pensar que seria o melhor para mim???É o tipo de amor que não me deixa estagnar na consciência, mas me leva à ação.Tudo que eu sou eu devo ao que fui, à minha criação, ao que me doeu longamente, às alegrias que tive, às pessoas que conviveram comigo,aos valores que me passaram e ao que transcendi. Tenho tanta consciência da importância do outro na minha vida que digo que sou viciada em gente: com seus problemas, suas virtudes, sua simplicidade, ou complexidade, com sua disposição pro amor ou a sua dificuldade de. Porque eu sempre vou encontrar casa numa característica, qualidade ou defeito do outro, nem que seja pra rejeitar naquele momento e me sentir superior ou inferior. Tudo é instrumento para que eu me trabalhe quando me deixo vir à tona através das projeções que faço.Não sou uma pessoa fácil, embora quem me veja, ache que sim. Às vezes me alimento das belezas que as pessoas me dão ou me desprezo quando me rejeitam.Sou exagerada em tudo:oscilo demais, fico melancólica demais, alegre demais, agressiva demais, doce demais, carente ao extremo, independente além da conta. Mas sempre tento estar atenta a minha responsabilidade, a ter o cuidado de dizer ao outro que o processo é meu, o problema é meu ...que ele me trouxe à tona e que às vezes no primeiro impacto isso pode ser assustador. Porque a honestidade sempre salvou as minhas relações e me permitiu ser amada sendo quem eu estava, porque somos o que estamos.Depois descobri que a gente se desilude com amigos sim, mas que ninguém tem tanta força pra me ferir. Só terá se eu der a ele esse poder. E que quando abraço uma pessoa inteira( porque eu, sinceramente, não consigo abraçar sem entrega), sei que estou trazendo pra minha vida uma pessoa com tudo o que ela tem dentro: seu passado e tudo o mais que a formou além da essência. E acredito tanto na minha intuição e na minha sensibilidade que confio que sempre haverá a troca_ de um jeito torto, truncado ou fluido_ eu só dependo da minha criatividade: com ela eu escolho se usarei meus vazios e minhas decepções pra me lamentar ou como espaços que eu tenho pra crescer ou, ainda, se saberei aceitar amor e confiar simplesmente.É por isso que críticas podem até me baquear, mas não me desnorteiam e que elogios me nutrem, mas não me envaidecem (mais)...Porque nunca fiz amigos tentando ser interessante...

Reflexão da semana!!

OS URUBUS E SABIÁS (Rubem Alves)

Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar nos outros.
Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamavam por Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa, e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
“__Onde estão os documentos dos seus concursos?” E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam, simplesmente...
“__Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.” E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
MORAL: Em terra de urubus diplomados não se ouve canto de sabiá.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Palavra (En) cantada

Eu recomendo!!! Excelente filme e um rico material para os professores de LP.


Palavra (En)Cantada é um documentário de longa-metragem (86min), dirigido por Helena Solberg, que percorre uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalismo, Palavra (En)cantada passeia pela música brasileira até os dias de hoje, costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens.O filme conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim.A maioria das entrevistas foi realizada na casa dos entrevistados, em atmosfera intimista, com o registro de declamações e canções especialmente para o documentário. Poemas de Fernando Pessoa, João Cabral de Melo Neto, Hilda Hilst e pérolas de nossos grandes compositores conduzem o roteiro do Palavra (En)Cantada. Entre as músicas do filme estão Choro Bandido (Chico Buarque/Edu Lobo), Alegria, Alegria (Caetano Veloso), Alvorada (Cartola), História do Brasil (Lamartine Babo), Inclassificáveis (Arnaldo Antunes), Fábrica do Poema (Adriana Calcanhotto/Waly Salomão), 2001(Tom Zé/Rita Lee) e O Mar (Dorival Caymmi).

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Antes de tudo veio o verbo...



.... Consolidada a soberania da palavra e, sobretudo, suas mutações/variações, eis a poesia musicada...Salve, salve o grande Chico Buarque.
Uma palavra
(C.B.H)

Palavra prima

Uma palavra só, a crua palavra

Que quer dizer

Tudo

Anterior ao entendimento, palavra

Palavra viva

Palavra com temperatura, palavra

Que se produz

Muda

Feita de luz mais que de vento, palavra

Palavra dócil

Palavra d'agua pra qualquer moldura

Que se acomoda em balde, em verso, em mágoa

Qualquer feição de se manter palavra

Palavra minha

Matéria, minha criatura, palavra

Que me conduz

Mudo

E que me escreve desatento, palavra

Talvez à noite

Quase-palavra que um de nós murmura

Que ela mistura as letras que eu invento

Outras pronúncias do prazer, palavra

Palavra boa

Não de fazer literatura, palavra

Mas de habitar

Fundo

O coração do pensamento, palavra.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Língua & cultura



Renata da Silva de Barcellos (CETOP, UNIGRANRIO e UFF)Fernanda da Silva de Barcellos (PCRJ)
A comunicação tem por objetivo propor uma reflexão acerca da relevância do aspecto cultural no processo de ensino-aprendizagem de línguas, a fim de mostrar como o não conhecimento da cultura pode comprometer a face dos interagentes. Para isso, serão utilizados conceitos como interação e negociação (KERBRAT-ORECCHIONI, 2005) e preservação de face (GOFFMAN, 1980).
Linguagem & língua
Para se comunicarem, os personagens da tirinha jornalística abaixo utilizaram a mesma língua, no caso a Língua Portuguesa (daqui por diante LP).
Vejamos:
A partir da leitura da linguagem verbal e da não-verbal, constatamos que para falarmos e sermos compreendidos, ou seja, para interagirmos com outras pessoas por meio de palavras, precisamos ter domínio de uma língua. A língua é assim um veículo de ação social. E como tal, devemos levar em consideração que falar uma língua não se restringe ao vocabulário, é preciso ter domínio também da estrutura da língua e de sua cultura para não só construir adequadamente um enunciado, como também saber se comportar e depreender o sentido dos diversos atos de linguagem de uma determinada língua.
Enfim, a linguagem é o centro dos homens – meio de comunicação e modo de estar no mundo. É na e através dela que há o entendimento ou não entre os homens. A fala é, portanto, uma atividade social (GOFFMAN: 1980) porque é sempre endereçada ao outro com uma determinada intencionalidade, num momento e num espaço.
Variedades lingüísticas
A partir do momento em que o homem coloca a linguagem em uso, ocorre a interação verbal, que por sua vez é: “o lugar de uma atividade coletiva de produção de sentido, atividade que implica o emprego de negociações explicitas ou implícitas que podem ter êxito ou fracassar” (KERBRAT-ORECCHIONI, 1990: 28). Por isso, ao interagir, emissor e destinatário compartilham códigos e negociam sentidos e posições. Assumindo assim a linguagem o seu estatuto de ação (BRONCKART: 1999) no outro e sobre o outro. Isso significa que toda atividade humana é regulada pela linguagem, mediada pelo agir comunicativo.
Outra questão a ser ressaltada é de que ao aprender a língua materna (daqui por diante LM), o homem assimilará as características pertinentes àquela região. A esses fatores próprios de cada região, tempo e grupo social, chamamos de variedades lingüísticas. Ou seja, a língua possui diferenças internas classificadas em: diatópicas (espaço geográfico), diastrática (camadas socioculturais) e diafásica (aspecto expressivo). Por exemplo, a palavra sinistro, que outrora tinha valor negativo, atualmente, os jovens a utiliza com valor positivo (significa algo bom). O homem pode também criar outras para designar novas realidades, por exemplo, na área da informática foi criado o verbo deletar (inglês delete) para nomear a ação de apagar e para nomear homem vaidoso foi criada a palavra metrosexual (prefixo metro + radical sexual). Verifica-se assim que a linguagem é um fenômeno social, o homem se constitui enquanto sujeito ouvindo e assimilando as palavras e os discursos do outro.
Enfim, é imprescindível que o professor mostre ao aluno que as línguas (Portuguesa e estrangeiras) não são homogêneas. Ou seja, é preciso que o professor desenvolva um trabalho enfatizando essas diversidades existentes nas línguas. E ressalte que não há nenhuma variedade melhor ou mais correta do que outras.
Preservação da face
Quando uma pessoa endereça a fala ou a escrita a alguém, leva-se em consideração não só o contexto a fim de adequar o registro da língua, o tipo de postura, de vestimenta etc; como também as características do interlocutor para preservar a face de ambos implicados numa dada interação. O princípio da preservação de faces é fundamental numa interação, pois cada povo com sua língua materna (daqui por diante LM) possui regras culturais que estabelecem como cada indivíduo deve conduzir no convívio social.
Por isso, quando alguém no decorrer do seu discurso apresenta algo inesperado, às vezes, até mesmo infringindo as regras de boa conduta estabelecidas, ocorre o desvio na linguagem, que pode ser classificado como mal-entendido ou gafe (dentre outros). Tanto um quanto o outro deixa a face de um dos interlocutores ou de ambos ameaçada. Portanto, no discurso, o homem recorre a diferentes recursos/estratégias a fim de não comprometer a si mesmo e/ou aquele a quem se dirige, como no seguinte exemplo: <>. O enunciado que consiste num ato de linguagem indireto tem o valor ilocutório de pedido pelo fato do enunciador possivelmente estar achando a comida sem sal. Caso o convidado se dirigisse para o anfitrião dizendo: <<>>, certamente, o efeito deste enunciado, infrator das regras culturais, sobre o destinatário seria de ofensa e, portanto, a face do locutor estaria completamente exposta a receber qualquer tipo de resposta. É importante ressaltar também que há sociedades em que a face dos interagentes fica mais ameaçada do que em outras devido às regras de convívio social, o que pode ser observado no seguinte exemplo:
Num estágio de verão de professores de francês, um professor marroquino, ao dirigir-se a uma professora brasileira, lhe diz:
n Você vale muitos camelos.
n Mal-educado, retruca a gaúcha.
Por não conhecer a cultura marroquina, a brasileira não foi capaz de captar a intenção do professor (que, ao realizar tal ato, almejava elogiá-la). Como não reconheceu a força ilocutório do ato, o efeito produzido foi o de insulto, de uma ofensa de tal forma que suscitou a réplica (mal-educado), por parte dela. Deixando assim não só a sua face ameaçada (por não perceber a força ilocutória do ato realizado pelo marroquino) como a do marroquino (através da sua resposta <>).
Cultura
Segundo Paraquett, cultura é “o conjunto de tradições, de estilo de vida, de formas de pensar, sentir e atuar de um povo” (2000: 118). A partir dessa definição, o professor de línguas deve ter consciência de que, na sala de aula, ele é um representante da cultura de um povo. Pois, o professor de línguas é um difusor de uma dada cultura, visto que a língua é um dos aspectos culturais da sociedade. Portanto, a língua não está dissociada da cultura, ou seja, uma não existe sem a outra, não é mais importante, apenas se complementam.
Dessa forma, ao ministrar aulas de LM ou LE, o professor deve destacar os aspectos semelhantes e distintos entre as línguas, sempre ratificando que cada grupo social tem seus hábitos e costumes e assim cada qual vê o mundo de uma forma. Não podemos exigir que o outro, no caso o estrangeiro, perceba o mundo da mesma forma que a nossa e vice-versa.
A partir dessas considerações, podemos dizer que a diferença existente entre LM e LE é o fato de a LM ser a que o falante desde a infância se sente mais à vontade para se expressar de modo mais natural e espontâneo. Simbolicamente, pode ser representada pelo colo da mãe (CHIANCA, 2001), já que se sente acolhido como o bebê que é protegido pelo seio materno.Quando o falante entra em contato com outra língua, sua LM se torna a língua espelho (DABÈNE, 1990: 16), pois a aprendizagem de uma outra língua proporciona ao aprendiz um olhar exterior à sua LM como se fosse um falante de outra língua. Falar outra língua é assim “navegar à procura de si mesmo” (REVUZ Apud SIGNOZINI, 1998: 7).
Cabe ressaltar que ao longo das décadas, a metodologia ignorou ou utilizou muito pouco o aspecto cultural no processo de ensino-aprendizagem de uma LE. Pois, a ênfase continua sendo o aspecto lingüístico (exercícios estruturais, regras de uso, etc.). Assim, ao longo das aulas de acordo com os conteúdos trabalhados, o professor deve se referir ao aspecto cultural. Por exemplo, ao trabalhar o conteúdo alimentação, o professor pode explanar acerca dos hábitos alimentares daquele povo, os pratos típicos, as receitas e a etiqueta de como se comportar a mesa. Concomitantemente, deve verificar as semelhanças e diferenças entre as culturas. A partir desse tipo de trabalho, o professor deve sempre ressaltar que não há cultura melhor do que a outra, pois como cada um de nós temos características próprias, os habitantes de uma região constroem em conjunto seus hábitos, suas regras, suas religiões, sua língua, suas tradições, etc. E, a partir da nossa realidade, o professor pode mostrar ao aluno que apesar de haver essas semelhanças, cada um tem a sua individualidade.
É inadmissível pensar o ensino de uma LE sem que o professor se refira à cultura do povo da língua-alvo. Imagine você em Paris tocando as pessoas ao se dirigir a elas. Essa ação é considerada invasão do território de cada uma pessoa. E o resultado desse ato pode ser extremamente constrangedor. Assim como é também a questão de se dirigir ao outro para comprar um produto em que há toda uma mise-em-scène. Caso você não o faça, você estará infringindo as regras sociais impostas por aquela cultura. Quando o professor for se referir a algum aspecto cultural da língua-alvo, pode pedir para que os alunos representem como fazem na sua cultura para destacar semelhanças e diferenças. Outra forma de abordar o aspecto cultural, é o professor utilizar textos literários, pois representam a cultura de um povo. Assim, ao propor atividades com texto literário, o professor deve discorrer sobre a sociedade e o autor na época em que o texto foi escrito.
O espaço da Literatura na aula de Língua Portuguesa
Como bem disse Bechara, o professor de línguas é professor de linguagens. E como tal, deve trabalhar, concomitantemente, textos literários ao longo das aulas. Pois, a Literatura é a forma de expressão das pessoas de uma sociedade num determinado tempo e espaço. Portanto, como pode um profissional da área de Letras não abordar os diversos estilos, características, etc.? Será, então, que não trabalha também produção textual? Afinal, o texto literário é um tipo de texto. E, por isso, o professor deve trabalhá-lo, até mesmo por causa da questão da intertextualidade que está cada vez mais presente nos enunciados da mídia. A partir da exploração desse tipo de texto e de seus gêneros (poesia, romance, etc.) funcionarem com uma estratégia para se verificar se os alunos assimilaram as características, os autores e as obras de um determinado estilo literário; o professor deve mostrar que se trata de um recurso para enriquecer o texto.
Cabe ressaltar que, ao trabalhar os diversos conteúdos gramaticais, o professor pode e deve fazê-lo também a partir do texto literário. Por exemplo, o tema da colocação pronominal, o professor pode selecionar o poema de Oswald de Andrade. Só não devemos fazer como outrora, em que o material didático só explorava o texto literário. Hoje, se não tomarmos cuidado incorreremos no mesmo erro. Sendo que agora é de utilizarmos apenas texto midiático. Por isso, o professor deve ter cuidado de não utilizar um em detrimento do outro ao longo da sua prática. A Literatura é o modo de expressão de um povo num determinado contexto sócio-político-econômico-cultura. Ao utilizá-lo em sala de aula, estaremos contribuindo para a preservação da memorial social da nossa pátria. Ou seja, para que os alunos valorizem a produção cultural do nosso país.
Quanto à questão do espaço que a Literatura está ganhando na mídia, hoje, encontramos referências aos autores em diversas partes do jornal. Um exemplo disso é a da tirinha acima em que faz alusão ao célebre verso de Fernando Pessoa: <<>>.
Uma sugestão é do professor desenvolver um trabalho comparativo entre o texto jornalístico e o texto literário. Nesse trabalho o objetivo é de levar o aluno a perceber que embora o tema seja comum, as características são distintas. Mas, atualmente, percebemos que o texto jornalístico está cada vez mais preocupado com a estética. Característica essa própria da Literatura. Assim, por exemplo, podemos selecionar um texto jornalístico sobre as pessoas que se alimentam de detritos e o poema Os bichos de Manuel Bandeira.
Quanto à questão dos estilos literários, cabe dizer que há profissionais que são da opinião que não se deve ensinar seguindo a ordem cronológica, ou seja, abordar os estilos em ordem como são apresentados no MD. Contudo, somos da opinião de que o professor deve seguir a ordem cronológica dos estilos de época. Mas isso não significa dizer que o professor não deva mencionar outros que ainda não tenha trabalhado. O professor precisa se referir sempre que houver oportunidade e necessidade.
Enfim, a Literatura tem e deve ter o seu espaço na escola e na mídia. No caso, da aula de LP, o professor realizando esse tipo de abordagem, aos poucos vai levando os alunos a perceber a praticidade dessa disciplina (a sua importância) e, por conseqüência, motivando os alunos para a leitura de poemas, romances, etc.
O ensino de Língua Portuguesa e os PCNs
Primeiramente, cabe tecer algumas considerações acerca da origem dos PCN’s. As propostas apresentadas por esse documento compõem a reunião dos resultados e pressupostos teóricos de pesquisas desenvolvidas no Brasil desde a década de 1970, cujas bases teóricas (dentre elas, a teoria da enunciação e do discurso e a lingüística textual) vão da Sociolingüística à Analise do discurso.
Quanto ao ensino de Língua Portuguesa, cabe ressaltar que essa disciplina está sedimentada em três questões: leitura/escuta, produção textual e analise lingüística. Faz-se necessário dizer que embora os autores dos materiais didáticos digam que os elaborados, atualmente, estejam dentro dessas propostas, o que observamos ao analisá-los é o seguinte: há muitas questões a serem aprimoradas em relação a essas três questões. Ainda há muitos exercícios estruturais e enunciados de compreensão/interpretação de texto que não levam o aluno a uma leitura profunda do texto para de fato atender às propostas atuais. Uma delas é com relação à análise lingüística. Segundo Geraldi (1997), quanto à análise lingüística, o professor deve propor atividades em que seja construído o sentido com o uso de um ou outro elemento gramatical. O professor deve ensinar a gramática com base no funcionamento da língua. A partir disso, explorar a teoria. E assim sempre desenvolver atividades de cunho reflexivo. Vejamos, então, uma sugestão de como abordar essas três partes com base na tirinha jornalística acima:
Interpretação
a- A que texto faz referencia?
b- Quem é esse autor?
c- A linguagem verbal ilustra ou complementa a linguagem icônica?
d- Por que a palavra arma aparece com letra maiúscula e sublinhada?
Análise lingüística
a- Qual o valor semântico da palavra como no fragmento: “um durango como eu”?
b- O que significa durango?
c- Substitua a palavra durango por outra equivalente?
Produção textual
a- Redija um texto narrativo sobre esse tema.
Considerações finais
Com base no exposto acima, pretendemos refletir acerca da língua e da cultura pelo fato de serem não só objeto de estudo do professor de LP, como também o veículo de ação social dos professores de outras disciplinas e dos alunos.
O professor de LM deve trabalhar a partir das diferenças, pois a sua sala de aula é repleta de diversidades (os alunos que a compõem são responsáveis por esse cenário). Não havendo como ignorar tal fato, cabe ao professor arregaçar as mangas e trabalhar com e na variedade para formar cidadãos críticos, sujeitos. A não alusão às diferenças e o respeito a elas causam o silenciamento, a submissão e, principalmente, a ilusão nos alunos de que há língua, cultura, raça, credo, etc; melhor do que o de cada um deles que se sente excluído pelo sistema escolar. Apesar de estarem inscritos numa série, numa escola. Então, a partir dessa terrível realidade, o professor precisa rever sua prática pedagógica urgentemente. Antes que aconteça aqui o que está ocorrendo em Paris. Professor, desenvolva um trabalho condizente com as necessidades dos alunos e com as propostas dos PCN’ s, a fim de que possamos ter uma sociedade melhor. Afinal, não compete ao professor levar o aluno a ser sujeito da sua história e não mero espectador?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Fernando Afonso de. “Desvios e efeitos na produção de enunciados” In: Boletim da ABRALIN. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2001.
AMOSY, R. Imagens de soi dans le discours. Lausanne: Delachaux, 1999.
BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1986.
BENVENISTE, E. Problemas de lingüística geral. São Paulo: National Edusp, 1976.
BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos. São Paulo: EDUC, 1999.
CHIANCA, Rosalina Maria Sales. L’ Enseignement pluriel du francais. In: ELOS. N 2, 1996.
DABÈNE, Louise. Variations et rituels en classe de langue. Paris: Hatier, 1990.
GOFFMAN, E. “A elaboração da face” In: FIGUEIRA, S. A. (org.). Psicanálise e Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980.
KERBRAT-ORECCHIONI, Catherine. Les interactions verbales. Paris: A.Colin, 1990.
––––––. Les actes de langage dans le discours. Paris: Nathan, 2001.
KOCH, I. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997.
PARAQUETT, Márcia. Da abordagem estruturalista à comunicativa. In: TROUCHE e REIS (org.). Hispanismo. Brasília: Ministério da Educação, Cultura e Deporto, 2000, vol. 1.
REVUZ, Christiane. “ A LE entre o desejo de um outro lugar e o risco do exílio”. In: SIGNOZINI, Inês (org.). Linguagem e identidade. Campinas: Mercado de Letras, 1998.

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Copyright © Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O SILEL - XII Simpósio Nacional de Letras e Lingüística - II Simpósio Internacional de Letras e Lingüística- Uberlândia 17,18 e 19 de novembro.

O SILEL - XII Simpósio Nacional de Letras e Lingüística - II Simpósio Internacional de Letras e Lingüística do Instituto de Letras e Lingüística da Universidade Federal de Uberlândia é um evento acadêmico-científico para discussão e divulgação de produção científica, acadêmica, técnica e cultural nas áreas de Lingüística e Literatura, abrangendo profissionais das respectivas áreas atuantes no Brasil e no exterior.
Link: http://www.ileel.ufu.br/silel2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Espaço Cassiano Nunes

A Diretora da Biblioteca Central -UnB, Dra. Sely Maria de Souza Costa e a Curadora do "Espaço Cassiano Nunes", Dra. Maria de Jesus Evangelista, têm a honra de convidar Autoridades e Amigos do Professor e Escritor Cassiano Nunes para as comemorações in Memoriam pelo 88° aniversário de seu nascimento (27.04.1921) com a Programação:
  • Lançamento do Ex-Libris do Poeta.
  • Lançamento do LIVRO NA RUA/ Cassiano Nunes/ Poesias inéditas (Thesaurus Editora).
  • Lançamento do Prêmio Cassiano Nunes.Local: Auditório Dr. Cassiano Nunes, BCE/UnB "Multimeios" - Subsolo
  • Data: 27 de abril de 2009 às 11h.

terça-feira, 21 de abril de 2009

BRASÍLIA 49 ANOS


Um glossário para entender Brasília
Tesourinha, eixão e dezenas de siglas ganham explicações inéditas em material desenvolvido por pesquisadora da UnBFabiana Vasconcelos - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Brasília é uma cidade singular. Quem vem à capital pela primeira vez logo estranha a divisão de setores para morar, trabalhar e se divertir, além de nomes e endereços que só existem no Distrito Federal. Ao se mudar para Brasília 15 anos atrás, a carioca Flávia Pires ficou impressionada com o linguajar único da cidade. Agora, ela concluiu uma pesquisa na Universidade de Brasília cujo resultado é um glossário inédito com 216 termos próprios da capital. São nomes como Eixão e tesourinha, além das siglas, a exemplo de SQS, SEPN, SQN.
“Quem vive em Brasília já se acostumou, mas para quem vem pela primeira vez, SQN (Superquadra Norte) não diz muita coisa”, diz. No glossário, cada palavra é acompanhada de informações como as de um dicionário, ou seja, se é substantivo, adjetivo, qual é o gênero - feminino ou masculino –, o significado, além de uma frase exemplificando como o termo é usado.
Flávia registrou apenas palavras relacionadas ao Plano Piloto – região central de Brasília, com população aproximada de 350 mil habitantes. Foram 132 termos expandidos, entre eles Setor de Habitações Coletivas e Geminadas Norte, 69 siglas, como SHCGN, e 15 termos de uma palavra só, a exemplo de eixinho, que não são encontradas nos dicionários convencionais.
Para levantar os 216 termos, a estudiosa buscou os documentos em que primeiro apareceram esses nomes. Serviram como fonte o relatório feito por Lúcio Costa em 1957, documentos do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Cultural (Iphan) e um caderno especial feito por um jornal de grande circulação.
HISTÓRIA – A pesquisa, uma dissertação de mestrado defendida em abril de 2009 no Departamento de Linguística, mostra que os nomes da capital guardam uma relação direta com o fato de Brasília ter nascido nas pranchetas dos arquitetos, ao contrário dos mais de 5 mil municípios brasileiros, quase todos formados espontaneamente a partir da expansão de comunidades.
Os endereços e siglas seguem, assim, a objetividade de uma cidade planejada. “Lúcio Costa se inspirou em Le Corbusier, que dizia que a cidade moderna deveria ser funcional, ou seja, feita em cima de quatro elementos – locais específicos para a população trabalhar, circular, morar e se divertir.” O arquiteto franco-suíço lançou as bases do movimento moderno.
Para uma um lugar dividido por atividade e com locais próprios para oficinas, hotéis e prédios públicos, nada mais natural que os nomes de novos setores digam o que existe lá. Por exemplo, Setor Hoteleiro Sul. O auxiliar de manutenção Adamilson Costa, 27 anos, que nasceu em São Luís, no Maranhão, e vive há oito anos na cidade, considera o sistema prático. “No começo achei estranho, mas agora estou me habituando. Demorei a saber que SCS era a mesma coisa que Setor Comercial e que tinha setor para oficina”, conta.
O estudante de Agronomia Hélio Alonso Martins, 21 anos, que veio há três anos de Paracatu, Minas Gerais, diz que o sistema poderia ser adotado em outras cidades. “Nas primeiras semanas achei meio difícil, mas depois que você vê que W é de oeste e L de leste, entende a lógica e fica muito mais prático. Seria interessante usar o mesmo sistema em outros locais”, afirma.
A autora da pesquisa espera publicar as informações e já tem até um nome para o pequeno livro: Glossário de Termos da Organização Urbana de Brasília. Flávia não encontrou nenhum material semelhante quando iniciou o estudo e quer ajudar visitantes e moradores que se confundem com o vocabulário brasiliense. Os dicionários mais vendidos no Brasil trazem, no máximo, a palavra superquadra. O glossário será um presente para a cidade que, em 2010, completa 50 anos.
PERFIL
Flávia de Oliveira Maia Pires é mestre em Linguística, com graduação em Letras – Português do Brasil como Segunda Língua, ambos pela Universidade de Brasília.
Fonte: www.unb.br

domingo, 19 de abril de 2009

Feliz aniversário Brasília!



Brasília é tudo de bom!!!!!!



Brasília vista por Neruda

Ao ar, ao amplíssimo celeste
das alturas a cidade branca,
a cidade vênus: Brasília


O deputado me abre todas as portas.
Mas Brasília não tem portas : é espaço claro, extensão mental,claridade construída.


Os setores comuns pululam de crianças, seus palácios dão dignidade inédita às instituições.


O arquiteto nos assinala o novo Itamaraty, o Congresso, a Catedral, rosa férrea que abre na altura grandes pétalas para o infinito.
Brasília, isolada em seu milagre humano, em meio de espaço brasileiro,
é como uma imposição da suprema vontade criadora do homem.
Daqui nos sentiremos dignos de voar aos planetas.


Niemeyer é o ponto final de uma parábola que começa em Leonardo: a utilidade do pensamento construtivo: a criação como dever social: a satisfação espacial da inteligência.
Pablo Neruda,
quando esteve por aqui com Vinícius de Moraes, nos anos 60.
texto de sua obra de memórias - Para nascer nasci.




A ESTILÍSTICA E O ENSINO DE PORTUGUÊS

Navegando.... encontrei um interessante trabalho sobre estilística, compartilho.

Castelar de Carvalho (UFRJ, ABF)
A Estilística
Definida como a disciplina lingüística que estuda os recursos afetivo-expressivos da língua (ou sistema, no sentido estruturalista de Ferdinand de Saussure), a estilística é uma ciência recente (fundada no início do século XX pelo suíço Charles Bally e o alemão Karl Vossler), mas um saber muito antigo, que remonta à tradicional retórica dos gregos. Tendo em comum o estudo da expressividade, distinguem-se, contudo, por seus objetivos: a retórica era uma doutrina com finalidade pragmático-prescritiva, enquanto a estilística, como ciência, apresenta um caráter mais descritivo-interpretativo, sem considerações de natureza normativa. Essa preocupação fica reservada à gramática, sistematização dos fatos contemporâneos da língua, com vistas a uma aplicação pedagógico-escolar.
Há quem veja os estudos estilísticos antes como um procedimento metodológico do que propriamente uma ciência. De acordo com essa visão, a estilística seria considerada um subdomínio das ciências da linguagem, fundamentando-se em teorias lingüísticas e literárias de diversas tendências, como o idealismo, o estruturalismo, o gerativismo, a semiótica, etc.
Dividida por Pierre Guiraud (1970: 62) em estilística da língua ou da expressão (linha estruturalista de Bally: ênfase à expressividade latente no sistema) e estilística genética ou do autor (corrente idealista de Vossler e Leo Spitzer: ênfase à criação expressiva individual), trabalha com algumas categorias básicas, como funções da linguagem, estilo, desvio e escolha.
Categorias estilísticas
Estilo é o uso individual dos recursos expressivos da língua ou, como ensina Sílvio Elia (1978: 76), é “o máximo de efeito expressivo que se consegue obter dentro das possibilidades da língua”. Trata-se de um conceito intimamente relacionado com as noções de desvio e escolha, pois, como lembra o saudoso mestre na pág. 77 de suas Orientações: “A tensão entre o espírito criador e as normas gramaticais é que explica o fenômeno do estilo, na sua gênese mais profunda”.
O efeito estilístico resulta não raro da singularidade, do desvio em relação ao padrão normativo e da escolha diante das virtualidades oferecidas pelo sistema. Por exemplo, Machado de Assis optou pelo desvio gramatical, para poder reproduzir com fidelidade a fala do escravo Prudêncio em Memórias póstumas de Brás Cubas (LXVIII): “É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele (e não deixei-o) na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na (e não à) cidade”. Outro exemplo pode ser apreciado neste passo de Vieira, em que o autor, com o intuito de valorizar cada núcleo do sujeito composto, preferiu deixar o verbo no singular: “Mas nem a lisonja, nem a razão, nem o exemplo, nem a esperança bastava (e não bastavam) a lhe moderar as ânsias”.
O poeta Carlos Drummond de Andrade, para enfatizar a importância do deus Kom Unik Assão, não hesitou em transgredir a norma gramatical a respeito da formação do plural: “Eis-me prostrado a vossos peses / Que sendo tantos todo plural é pouco”. Lembremos, contudo, que só é estilístico o desvio que tem finalidade expressiva. E quanto à escolha, Gladstone Chaves de Melo (1976: 23)) ensina que ela é “a alma do estilo”.
A respeito das três funções primordiais da linguagem, foram elas depreendidas pelo alemão Karl Bühler: representação, expressão e apelo, que correspondem, respectivamente, às faculdades de inteligência, sensibilidade e desejo ou vontade.
A representação é a linguagem referencial e denotativa, operando linearmente no eixo sintagmático. A expressão é a exteriorização psíquica de nossos anseios e sentimentos, e o apelo é o meio pelo qual exercemos influência sobre nossos interlocutores ou leitores, no caso da língua literária. Essas duas funções podem ter caráter conotativo e operar simbolicamente no eixo paradigmático. Por exemplo, uma definição do tempo de natureza puramente representativa diria: “O tempo é a sucessão das horas e dos dias e pode ser aproveitado de muitas maneiras”. Já um exemplo em que sobressaem a expressão e o apelo pode ser encontrado na elaborada e genial definição de Machado de Assis (Esaú e Jacó, XXII): “O tempo é um tecido invisível em que se pode bordar tudo”. A função de apelo adquire relevância no discurso publicitário, em frases como esta, divulgando uma tradicional instituição de ensino: “Inglês é cultura. Cultura Inglesa”. Ou esta outra, exaltando a solidez de uma seguradora: “Sul América: o nosso negócio é seguro”. As funções expressiva e apelativa geralmente caminham pari passu.
Cumpre ressaltar que, enquanto a representação, por sua natureza intelectiva, diz respeito à lingüística, as outras duas funções - expressão e apelo - interessam à estilística, devido à impregnação afetiva de que se revestem. Na prática, essas três funções se integram, tanto no texto informativo quanto no literário, podendo ocorrer o predomínio de uma ou de outra, dependendo do tipo de discurso.
Quanto às relações entre a estilística e a gramática, cabe salientar que essas duas disciplinas não são excludentes, ao contrário, são complementares, como adverte o professor Evanildo Bechara (1999: 615): “Ambas se completam no estudo dos processos do material de que o gênero humano se utiliza na exteriorização das idéias e sentimentos ou do conteúdo do pensamento designativo”. Cumpre lembrar que muitas das aparentes irregularidades registradas pela gramática têm sua origem em motivações de natureza estilística, sobretudo no campo da sintaxe. O método de análise estilística segue inclusive as divisões clássicas da gramática, daí a tripartição em estilística fônica, léxica e sintática.
Estilística fônica
Estuda os recursos expressivos presentes no nível fônico da língua. Na prosódia, por exemplo, os acentos de altura e intensidade podem apresentar valor afetivo, como se percebe na valorização prosódica do vocábulo só no célebre soneto Sete anos de pastor, de Luís de Camões:
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só / por prêmio pretendia.
Lido com a pausa prosódico-semântica acima sugerida, o referido vocábulo enfatiza que somente ela, Raquel, a insubstituível, era o prêmio pretendido por Jacó, e não Lia, sua irmã, que Labão, “usando de cautela”, tentara impingir ao apaixonado pastor.
A evocação sonora sugerida pelos fonemas também pode ser explorada estilisticamente nas aulas de português. Veja-se, por exemplo, o poema Os sinos, de Manuel Bandeira:
Sino de Belém, pelos que inda vêm!
Sino de Belém bate bem-bem-bem.
Sino da paixão, pelos que lá vão!
Sino da paixão bate bão-bão-bão.
A aliteração do /b/ e a reiteração de vocábulos labiais evocam fonicamente o tanger dos sinos. A onomatopéia bem-bem-bem sugere o som metálico e alegre “pelos que inda vêm” (os batizados); bão-bão-bão, o dobre de finados “pelos que lá vão” (os mortos).
Através do estudo da estilística fônica pode o professor despertar em seus alunos o gosto pelo bom uso dos recursos sonoros da língua, evitando as silabadas e cacofonias nas redações escolares. Pode também chamar a atenção do estudante para o emprego expressivo das onomatopéias, homoteleutos, aliterações, coliterações e assonâncias.
Estilística léxica
Nesta parte poderá o professor ensinar a diferença entre denotação (linguagem própria, referencial) e conotação (linguagem simbólica, figurada). Cabe aqui o estudo das metáforas literárias nos bons autores da nossa literatura. Sirva de exemplo esta primorosa metáfora machadiana no apólogo da agulha e da linha: “Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária”, ou seja, “tenho aberto caminho a quem não merece”.
O valor expressivo dos sufixos pode ser estudado neste capítulo. Repare-se nestes versos de Manuel Bandeira, em que o poeta joga estilisticamente com a ausência/presença do sufixo aumentativo -ão, para enfatizar o caráter íntegro do intelectual português Jaime Cortesão, assim como denunciar a perseguição de que ele fora vítima, num poema que tem por título o nome do homenageado:
Honra ao que, bom português,
Baniram do seu torrão;
Ninguém mais que ele cortês,
Ninguém menos cortesão.
No campo da estilística léxica também podem ser estudados os casos de quebra do paralelismo semântico, como vemos no seguinte passo de Machado de Assis: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis” (Brás Cubas, XVII). O efeito estilístico é extraído do inusitado contraponto entre categorias semânticas desiguais: quinze meses = tempo; onze contos de réis = interesse. Numa outra passagem, Machado de Assis consegue a quebra simultânea do paralelismo semântico e sintático: “Viegas tossia com tal força que me fazia arder o peito” (Brás Cubas, LXXXIX). Empregando o pronome oblíquo na 1ª pessoa (me) e não na 3ª (lhe), o bruxo do Cosme Velho subverte a sintaxe e a semântica da frase, quebra a expectativa e surpreende o leitor. Cabe ao professor, nesses casos, ressaltar que o humor machadiano, fino e irônico, marca inconfundível do seu estilo, resulta muitas vezes do imprevisto, do desvio do padrão.
O estudo da estilística léxica também permite ensinar o valor afetivo-expressivo das diversas classes de palavras. Sirvam de exemplos: a passagem de substantivos abstratos a concretos através da personificação (“Uma aflição mordeu-o no íntimo”, Otto Lara Resende) e da pluralização (“Tive uns amores, perdi-os”, Manuel Bandeira); a conversão dos substantivos concretos em abstratos por meio da metaforização (“Não quero a rosa que me dás, quero a rosa que tu és.”); a substantivação de adjetivos (“A curiosidade agitada dos alunos” = alunos curiosos e agitados).
O valor expressivo dos pronomes possessivos (“O nosso Machado de Assis.”) e demonstrativos (“Esse teu filho não vale nada.”), assim como a caracterização adjetiva por meio de sufixos (“Que filmezinho horroroso!”) e da intensificação (“Ronaldinho fez um gol e tanto.”) podem igualmente ser explorados.
O estudo estilístico do artigo constitui outro recurso motivador nas aulas de português, como no seguinte exemplo, em que se contrapõem os valores indefinido e definido dessa classe de palavra: “Pedro não é um professor; ele é o professor”. Em Cunha & Cintra (1997: 228), lê-se: “Foi acusado do crime [acusação precisa]; Foi acusado de um crime [acusação vaga]; Foi acusado de crime [acusação mais vaga ainda]”.
Essas são algumas sugestões de estudo que podem ser levadas para a sala de aula, com o intuito de incutir no aluno o gosto pela estilística léxica.
Estilística sintática
A sintaxe, por atuar no nível da frase e por sua versatilidade, oferece variada gama de recursos expressivos, por isso é o campo de estudo estilístico mais fértil de nossa língua. O emprego das diversas classes de palavras aí deve ser incluído, com proveito para o professor e o aluno. Quanto às partes tradicionais em que se divide o plano sintático, vejamos a seguir algumas sugestões de estudo.
Na sintaxe de colocação, cabe ressaltar a posição do adjetivo como marcador semântico-estilístico (pobre homem = homem infeliz; homem pobre = carente de recursos), a permutabilidade substantivo/adjetivo (autor defunto/defunto autor), os casos de hipálage (adjetivação inusitada: “As criadas remendavam meias sonolentas.” por “As criadas sonolentas remendavam meias.”), o deslocamento e a elipse de termos, o anacoluto (desconexão sintática), a colocação pronominal, todos constituem recursos expressivos, quando produzidos com motivação estilística. A gradação sintático-semântica também pode ser estudada, como neste exemplo de Vieira: “Tão dura, tão áspera, tão injuriosa palavra é um não”.
Na sintaxe de regência, podem ser objeto de estudo não só os exemplos literários, mas também os do discurso publicitário, como neste caso em que a regência estilística está a serviço da função “apelo” da linguagem: “O Rio de Janeiro assiste (vê) à Record porque a Record assiste (ajuda) o Rio de Janeiro”. Os casos de objeto direto interno (“Morrerás morte vil”, Gonçalves Dias), preposicionado (“Amemos a Deus sobre todas as coisas.”) e pleonástico (“O dinheiro, ele o trazia escondido no bolso.”) oferecem ao professor interessante material para o estudo da regência afetiva.
O campo da concordância é rico em recursos expressivos. Aprecie-se este passo de Vieira: “Muito trabalhou o diabo e seus ministros para que eu não viesse a Portugal”. Deixando no singular o verbo anteposto ao sujeito composto, o grande orador teve a intenção de carregar sobre o diabo, pondo-o em primeiro plano e relegando a condição secundária os ajudantes do coisa ruim. Mesmo com o verbo posposto, em sua posição usual, é possível deixá-lo invariável quando a intenção estilística é valorizar cada núcleo do sujeito composto: “Mas nem a lisonja, nem a razão, nem o exemplo, nem a esperança bastava a lhe moderar as ânsias” (Vieira).
Os casos de aparente ausência de concordância do adjetivo predicativo junto ao plural de modéstia, por seu caráter inusitado, devem ser levados ao conhecimento dos estudantes: “Mas ficaríamos satisfeito [e não satisfeitos] se pudéssemos com ele prestar algum serviço aos alunos de nossas Faculdades de Letras” (Celso Cunha (1976: 9). O plural de interesse (“Como vamos de saúde, meu caro?”) e o de convite (“Venha, filhinha, vamos tomar o nosso leitinho antes de dormir.”) também merecem relevância no estudo da concordância estilística ou afetiva.
Por fim, cabe destacar os três casos de silepse ou concordância pelo significado (idéia) e não pelo significante (forma). De gênero: “É uma criança rebelde; os pais não podem com ele [é um menino]”; de número: “Coisa curiosa é gente velha. Como comem [os velhos].” (Aníbal Machado); de pessoa: “Dizem que os cariocas somos [o autor era carioca] pouco dados aos jardins públicos” (Machado de Assis). Exemplo curioso e inusitado de superposição das silepses de gênero e número encontra-se no capítulo II de O Ateneu, de Raul Pompéia: “O resto, uma cambadinha indistinta, adormentados [e não adormentada] nos bancos, confundidos [e não confundida] na sombra preguiçosa do fundo da sala”. Ressalte-se, a propósito, a hipálage “sombra preguiçosa” (preguiçosos eram os alunos e não a sombra).
Conclusão
Do que foi dito neste breve estudo, concluímos que a presença da Estilística nas aulas de português é da maior relevância. Desperta a sensibilidade lingüística e o gosto literário do aluno, além de motivar e tornar menos árido o estudo da matéria gramatical. Vale lembrar que muitas das aparentes irregularidades da língua têm sua origem em motivações de natureza estilística. Por fim, cabe enfatizar que o estudo da Estilística e o da Gramática são perfeitamente compatíveis, por se tratar de disciplinas complementares e afins, e tanto o professor quanto o aluno sairão ganhando com essa dobradinha, sobretudo como subsídio para a pratica da redação e da compreensão de textos.
Bibliografia
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 1999.
CAMARA JR., J. Mattoso. Contribuição à estilística portuguesa. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978.
CUNHA, Celso. Gramática do português contemporâneo. 6ª ed. Belo Horizonte: Bernardo Álvares, 1976.
CUNHA, Celso & CINTRA Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
ELIA, Sílvio. Orientações da lingüística moderna. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978.
GUIRAUD, Pierre. A estilística. Trad. de Miguel Maillet. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
MELO, Gladstone Chaves de. Ensaios de estilística da língua portuguesa. Rio de janeiro: Padrão, 1976.
Fonte: http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno12-02.html

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

SOBRE AS OFICINAS

Estou muito relapsa com o blog, sem tempo, um tanto sem inspiração...mas felizmente tenho colegas bem mais inspirados, melhor dizendo, inspiradores. A Tamar é assim, produziu um excelente texto sobre as oficinas que vai, sem sombra de dúvida, contribuir muito para o nosso trabalho. Compartilho o texto com vocês, até mais.
Caro Formador,
Fique atento para as orientações das oficinas, elas são a única forma de mapear o resultado final do projeto. É preciso saber se está sendo satisfatório lá na sala de aula do seu cursista, portanto não esqueça nenhum dos passos: Passo:O cursista deverá dedicar 5h para o estudo de cada Unidade. Esse estudo pode ser individual ou em grupos de estudo e pode ser coordenado e organizado por você. Antes que cada oficina ocorra, ele deverá estudar duas unidades, logo, 10h de estudo antes dos encontros com você. PassoDepois de estudar as duas unidades da TP que estiver em foco naquele momento, incluindo o Ampliando nossas referências, o cursista escolherá um AVANÇANDO NA PRÁTICA para aplicar em sua sala de aula e recolher todas as tarefas produzidas pelos alunos dele.Passo:Após a aplicação da atividade, o cursista executará a LIÇÃO DE CASA , que é o registro reflexivo sobre a aplicação prática em sala de aula. Você, formador, poderá criar um roteiro com perguntas que deverão ser contempladas no relatório, além das que aparecem no passo a passo das oficinas. Esse relato não deverá vir respondido em forma de questionário e sim em formato de um texto de relatório reflexivo, no qual, além das descrições das ações, deverá vir reflexões do cursista. Passo :Depois de estudar e responder todas as Atividades propostas nas unidades da TP em análise; aplicado o Avançando na Prática na sala de aula e cumprida a Lição de Casa, o cursista se encaminhará para a OFICINA COM VOCÊ, não esquecendo de levar os materiais dos alunos.NA OFICINA: Este momento é essencial para o bom andamento do programa, por isso faça sempre uma avaliação se o professor está cumprindo com as atividades propostas, mesmo que faça uma adequação de tempo e de temas para atender melhor os seus cursistas.MOMENTO: Debate sobre o estudo que foi realizado pelos cursistas, nesse momento você formador deverá ser sensível para perceber onde os cursistas estão fortes e onde ainda não foi bem sedimentada a teoria, para então desenvolver maiores debates e apresentar alguma teoria adicional, indicar algum livro para estudo, ou marcar um plantão pedagógico com aqueles que você perceber que necessitam de um acompanhamento mais próximo. Crie situações para todos participarem, a fim de que não fique todo o tempo um debate com um pequeno grupo, isso acabará dando segurança aos que não falam.
MOMENTO: Apresentação dos trabalhos dos alunos e socialização dos relatórios reflexivos. Crie um ambiente para a exposição dos trabalhos dos alunos, e critérios para que todos participem, mas cuidado com a formatação da escala, pois poderá cair numa cilada de cada professor aplicar apenas o avançando na prática que foi determinada a apresentação dos seus alunos, portanto organize as coisas de forma que haja uma participação bem abrangente. O crescimento do professor ocorrerá nessa hora, pois é lá que vai trocar com os pares as experiências frustradas e as bem sucedidas, deixe o professor falar e o estimule, mesmo que não tenha sido boa sua experiência, pois nesse momento várias idéias surgirão e serão essenciais para o amadurecimento profissional do grupo.
MOMENTO: Você, formador, deverá conduzir uma das atividades propostas na seção OFICINAS do TP em estudo. Essa atividade deverá corresponder à unidade analisada e será escolhida pelo professor cursista. Você prepara as duas atividades sugeridas e os cursistas escolhem a querem, daí você encaminha tudo.
MOMENTOFaça uma avaliação do encontro. MOMENTO: Abra uma breve discussão sobre a temática das próximas unidades. Há na programação 4 OFICINAS que não estão planejadas, você deverá planejá-las de acordo com a necessidade do grupo, se houver algum tema que seja necessário debater, se houver alguma dúvida quanto à execução das atividades, se houver uma palestra interessante, por aí vai. Nao se esqueça de fazer toda essa explicação numa das oficinas introdutórias. Eu sugiro que as duas oficinas introdutórias sejam feitas da seguinte forma:1ª Oficina - 4h Abertura oficial do programa, apresentação dos professores, momento motivacional, entrega do Material, análise do Material( com o cursista). 2ª Oficina - 4h Explicação da metodologia do curso, da proposta pedagógica, das adequações curriculares feitas pelos professores, de que isso é um material a mais e não substitui outros que já forem adotados na escola. Explicar a dinâmica das oficinas; o trabalho que cada um deverá executar;explicar o projeto de 40h que será apresentado nas oficinas de avaliação. Bom trabalho!
Fonte: http://www.discursosquesecruzam.blogspot.com

sábado, 3 de janeiro de 2009

Revolta das Palavras Com a Nova Reforma Ortográfica

Chegou a reforma da ortografia ...
Para facilitar a Gramática ...
Tirando toda a agonia ...
De uma forma lunática !

Mas esta reforma sem volta ...
Gerou confusão e revolta ...
No mundo das letras encantadas ...
Que ficaram muito assustadas !

Para resolverem um problema ...
Mataram o inofensivo trema !
Só porque ele virava um bicho chocante ...
Para muitos preguiçosos estudantes !

Assim com a força de um poema ...
Surgiu o movimento dos sem trema :
Lingüiça , cinqüenta , freqüência ,
Argüição , pingüim e eloqüência !

Nos ônibus dos ditongos ,
Que não são nada mongos ,
Tiraram todos os assentos ...
Sem penas e sem sentimentos !

Hífens foram retirados de palavras puras ...
Com brigas cruéis e muito duras !

Os hiatos “oo” e “ee “ perderam os chapéus ,
Que foram para o Reino do Beleléu !
Para serem vendidos em algum brechó ...
Toda esta situação é de dar dó !

Hífens foram retirados de palavras puras ...
Com discussões cruéis e muito duras !

Chegou a reforma da ortografia ...
Para facilitar a Gramática ...
Tirando toda a agonia ...
De uma forma lunática .

Autora: Luciana do Rocio Mallon

Já entrou em vigor a nova reforma ortográfica da Língua Portuguesa


Desde o primeiro dia deste mês de janeiro está em vigor a nova reforma ortográfica da Língua Portuguesa, sendo válida para os oito países que falam o idioma português no mundo: Portugal, Brasil, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, São Tome e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste. O objetivo principal da alteração ortográfica é unificar as diferentes grafias, porém permanece a pronúncia própria de cada país.Aqui no Brasil as principais mudanças serão a eliminação de alguns acentos, do trema (aqueles “pinguinhos” na letra u), e a adoção de novas regras para o hífen. Até o mês de dezembro de 2012 será permitido o uso tanto da antiga ortografia quanto a que entrou em vigor.Confira abaixo as principais mudanças ortográficas em detalhes:AS LETRAS K, W, YA incorporação das letras k, w e y: serão utilizadas para escrever símbolos de unidades de medida – como km (quilômetro), kg (quilograma), w (watt) – e em palavras e nomes estrangeiros e seus derivados como weberiano, darwinismo, playboy, kung fu, orkut, Kafka e William.ACENTUAÇÃO:O acento circunflexo usado nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos crer, dar, ler, ver e derivados: não será mais utilizado. Ex.: crêem (creem), dêem (deem), lêem (leem). Palavras terminadas em hiato oo também perdem acento: enjôo, vôo e magôo para enjoo, voo e magoo. No entanto, permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter, vir e derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir, etc). Ex.: ele tem quatro carros/eles têm quatro carros; ele vem de Cuiabá/eles vêm de Cuiabá.O acento agudo nos ditongos abertos: não será mais utilizado. Ex.: ei e oi de paroxítonas – que tem acento tônico na penúltima sílaba –, palavras como assembléia, geléia e jibóia perdem o acento agudo. As oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis continuam a ser acentuadas: papéis, herói(s), troféu(s) e chapéu(s).Formas verbais que têm o acento tônico na raiz, com u tônico precedido de g ou q e seguido de e ou i: perdem o acento agudo. Verbos como averigúe (averigue), apazigúe (apazigue) e argúem (arguem).O uso do trema: a partir de agora deixa de ser utilizado, a não ser em nomes derivados e próprios. As palavras deixam de ter trema, mas a pronúncia continua como antes. Ex.: de lingüiça para linguiça. Em palavras estrangeiras, o acento continua a ser usado. Ex.: Müller.Palavras paroxítonas com i e u tônicos: perdem o acento quando vierem depois de ditongo. Ex.: feiúra, baiúca, bocaiúva. No entanto, o acento permanece se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem no final, seguidos ou não de s. Exemplos são Piauí, tuiuiú, tuiuiús.Os acentos agudo e circunflexo: não serão mais usados para diferenciar as seguintes palavras: pára (flexão do verbo parar) de para (preposição); péla (flexão do verbo pelar) de pela (combinação da preposição com o artigo); pólo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de 'por' e 'lo'); pélo (flexão do verbo pelar), pêlo (substantivo) e pelo (combinação da preposição com o artigo; pêra (substantivo - fruta), péra (substantivo arcaico - pedra) e pera (preposição arcaica).O acento circunflexo permanece para diferenciar: pôde (passado do verbo poder) de pode (presente do verbo poder); pôr (verbo) de por (preposição). Já o uso do circunflexo para diferenciar as palavras forma (formato) e fôrma (de fazer bolo) é facultativo.Há variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Ex.: verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem. No verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas, delínquam.Se os verbos forem pronunciados com u tônico: essas formas deixam de ser acentuadas. Ex.: verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam, enxague, enxagues, enxaguem. Verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem, delinqua, delinquas, delinquam. Obs: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, com a e i tônicos.USO DO HÍFEN:Depois de prefixo: quando a segunda palavra começar com s ou r, as consoantes devem ser duplicadas. Ex.: antirreligioso, antissemita, contrarregra. No entanto, o hífen será mantido quando os prefixos terminarem com r, como hiper-, inter- e super-. Ex.: hiper-requintado, inter-resistente, super-revistaNão usa-se o hífen: quando o prefixo terminar em vogal e a segunda palavra começar com uma vogal diferente. Exemplos: extraescolar, aeroespacial, autoestrada.Sempre usa-se o hífen diante de h. Ex.: anti-higiênico, super-homem.Prefixo terminado em vogal: não usa-se hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo; sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo; não usa-se também diante de r e s, e dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom; usa-se hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.Prefixo terminado em consoante: usa-se o hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário; não usa-se hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico; não usa-se também diante de vogal: interestadual, superinteressante.Com o prefixo sub: usa-se o hífen diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. O prefixo co une-se em geral com a segunda palavra, mesmo quando esta se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar.Com o prefixo vice: usa-se sempre o hífen: vice-presidente, vice-rei, vice-almirante. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Ex: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró: sempre usa-se o hífen. Ex.: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.

Publicado por: GuiaSJP.com - Jornalista Antonio Bobrowec 02/01/2009