sábado, 29 de novembro de 2008


Que linda mensagem enviada pela professora Jubiléia, é incrível quando temos consciência de que as nossas vidas são permeadas de textos, e que os ensinamentos de Bahkthin não estão tão distantes como alguns imaginam. Quando li o texto enviado pela professora, de imediato lembrei-me de uma fala de Rubem Alves. Compartilho ambos com vocês, obrigada pelo carinho.


“As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos”. Rubem Alves


"Toda coisa que vemos, devemos vê-la sempre pela primeira vez,
porque realmente é primeira vez que a vemos. E então cada flor amarela
é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama a mesma de ontem.
A gente não é já o mesmo nem flor a mesma.
O próprio amarelo não pode ser já o mesmo.
É pena a gente não ter exatamente olhos para saber isso,
porque, então éramos todos felizes".

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Reflexões...1ª parte

De mãos dadas por uma pedagogia culturalmente sensível (Ana Dilma).



Estamos concluindo as nossas atividades do curso "Alfabetização & Linguagem", desacelerando...primeiro na EAPE, agora na UnB e nas próximas semana com os nossos cursistas. Portanto, com a intenção de contemplar todas as instâncias, faremos reflexões em três partes começando pela formação na UnB, já que na última sexta-feira fizemos um apanhado geral do nosso percurso.
Considero que o curso de formação de tutores foi bem interessante, aprendemos, compartilhamos saberes e fizemos boas amizades.
Desde o início fomos desafiados a sempre buscar e ampliar os nossos conhecimentos, o blog foi um grande desafio para mim, pensei que não poderia fazê-lo, que não conseguiria postar nada etc. Superadas as dificuldades, hoje, acredito que o blog ( a internet) é um excelente instrumento pedagógico, pois amplia a nossa voz e nos aproxima dos nossos alunos, é um desafio, sem dúvida, mas é bastante gratificante, sobretudo, quando recebemos o carinho dos nossos colegas ( é muito bom saber que somos visitados). Descobri que a internet é uma maneira de ampliar e estreitar os laços não só afetivos, como os pedagógicos. Sexta-feira ( 21/11) ouvimos relatos fantáticos de experiências com os blogs, foi muito bacana perceber o progresso de todos rumo ao efetivo letramento digital, é óbvio que muitos dominam essas ferramentas da Web com maestria e têm trabalhos excelentes, mas, nós, que tinhamos tanta dificuldade, agora, temos muito mais motivos para comemorar.
Não há limites para as possibilidades de crescimento em uma formação continuada, quando se pensa que não há nada para se aprender (muito difícil) eis que somos surpreendidos com tecnologias e metodologias diferenciadas para estimular o ensino/aprendizado.
Registro que este ano está sendo maravilhoso para mim, principalmente, pelas pessoas que conheci, é um privilégio ser tutora do módulo II.
É fato que tive muito medo no início, não é fácil falar para os nossos pares, mas, felizmente, tive o privilégio de estar entre pessoas compreensivas e amigas. Espero não tê-las decepcionado, pois, fiz o possível para auxília-las da melhor maneira, nesse sentido, quem saiu em vantagem fui eu, visto que aprendi mais nos últimos meses que em muitos anos de estudo formal.
Participar da formação continuada é um privilégio tanto pela atualização quanto pelas amizades que fazemos. Obrigada aos formadores da UnB: prof. Dioney, profa. Patrícia Vieira, profa Carol e a nossa coordenadora Ana Dilma, vocês contribuiram sobremaneira para a nossa formação pedagógica e humana.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Mais da metade dos alunos presenciam discriminação nas escolas públicas




Erika Klingl - Correio Braziliense e Diego Amorim - Correio Braziliense

Publicação: 27/10/2008 07:56 Atualização: 27/10/2008 08:17

Aluno da 7ª série do ensino fundamental, Rafael* é negro. “Só que um dia o professor chamou ele de preto de sangue ruim. Daí, ele nunca voltou para a escola”, conta o colega de turma do adolescente. “É comum eu ouvir: ‘Olha, ela veio com a mesma roupa de novo.’ E eu finjo que ignoro”, desabafa uma menina do 1º ano do ensino médio. “Aqui, se a pessoa tiver um jeito estranho já é gay e acaba sendo zoada”, afirma Carolina*, da 8ª série. Em comum, essas histórias têm o cenário — salas de aula da rede pública de ensino — e o preconceito.“A escola é um ambiente cheio de conflitos, o que não é ruim. Mas quando eles não são mediados de forma adequada acaba resultando em violência, mesmo que simbólica”, explica a socióloga Miriam Abramovay, responsável por uma pesquisa que, pela primeira vez, diagnosticou a violência da rede pública de ensino no DF. O levantamento, feito com mais de 11 mil pessoas, entre alunos e professores, abordou o problema nas escolas de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e no ensino médio. A análise reflete um universo de mais de 186 mil estudantes e outros 20 mil docentes. Os dados relacionados ao preconceito são assustadores.Nada menos que 55% dos estudantes já viram discriminação nas escolas por causa da cor e quase 13% contam que sofreram. Em números absolutos, isso representaria 24 mil adolescentes. Mas o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a discriminação por causa da pobreza, sentida por 6,1% dos estudantes e vista de perto por 42%. “A gente não imagina que os números sejam tão altos”, observa Miriam. Nas entrevistas, ela ouviu expressões que a chocaram. “Assentamento Haiti é nome de rua de Santa Maria. Churrasquinho é apelido de negros.” Para a educadora Beatriz Castro, o fato preocupa. “Fica a dúvida se a escola cumpre o papel de formar cidadãos”.DesmaioQuando o assunto é preconceito por ser ou parecer homossexual, os casos são ainda mais freqüentes: 63% dos alunos dizem que já viram discriminação. Dos estudantes do ensino médio, 4,3% já sentiram na pele a discriminação. Maurício* foi um deles. Tanto ouviu que um dia não agüentou tanta zombaria. Durante a apresentação de dança na feira cultural do Centro de Ensino Médio 3 de Ceilândia, duas semanas atrás, até tentou abstrair os xingamentos que ouvia, os gritos de veado e baitola. Mas, quando acabou a música, desmaiou. “Ele já estava nervoso. Com o povo zoando, ficou mais ainda. Aí desceu do palco, foi andando até o fim do auditório e caiu”, descreve um aluno da 7ª série. O episódio ainda é comentado entre os estudantes. Maurício, segundo a turma, é homossexual assumido.Os que gostam de ser os “malandrões” do colégio são os que mais zoam os colegas. Para sustentarem o status, costumam atingir os mais fracos, os negros, os gordos, os mais pobres, os baixinhos. Agridem com palavras, comentários, risadas. “O pessoal fica mangando de mim direto, me chamando de ‘limpador de aquário’, essas coisas. Mas deixo quieto. Um dia ou outro eles vão cair na real”, diz um garoto de 14 anos, 1,51m de altura, aluno da 8ª série do Centro de Ensino Fundamental 4 de Ceilândia. Na cidade em que mora e estuda, os xingamentos já foram ouvidos por 42% dos estudantes. Isso porque Ceilândia está longe de estar entre as piores. De acordo com a pesquisa, em Brazlândia e Santa Maria, metade dos estudantes costumam sofrer violência desse tipo.Auto-estima e 14º salárioPara melhorar as relações entre professores e alunos das escolas, o governo aposta em duas estratégias. A primeira é o investimento na auto-estima dos docentes e na satisfação pessoal. Para isso, implementa, desde o início do ano, o plano de cargos e salários da categoria — que privilegia tempo de serviço, títulos e merecimento. Além disso, o governador José Roberto Arruda criou o 14º salário, que será pago a partir de 2009, para os professores e servidores que trabalham nas escolas que cumprirem metas de qualidade de ensino e gestão.No combate à discriminação nas salas de aula, a estratégia é incluir os temas relacionados às minorias nas matérias ensinadas nas escolas. “A história da África, por exemplo, pode fazer parte do conteúdo de português, geografia, história, sociologia”, explica a secretária-adjunta de Educação, Eunice Oliveira. Os conceitos são passados, de acordo com ela, de forma transversal, ou seja, permeando a teoria. “O mesmo pode ser feito com outras temáticas ligadas aos direitos humanos.” (EK e DA)Prejuízo claro ao aprendizadoA insegurança no ambiente escolar reflete no bem-estar de todos os personagens do sistema de ensino. Os números são alarmantes. Por parte dos professores, 43% afirmam que não se sentem respeitados, ao passo que 38,7% dizem ter espaço para dizer o que pensam. E o pior: 79% declaram que não se sentem realizados profissionalmente. É só acompanhar a história de um professor de Brazlândia que pediu para não ter o nome divulgado para entender o que significam os indicadores. O quadro de saúde dele se agravou depois de ser alvo de agressões de alunos. Ele sofre de pressão alta, toma remédio controlado e, por isso, anda meio sonolento.Em um dia de prova, depois de distribuir as questões, o professor não suportou o cansaço e dormiu na carteira. Alguns alunos não perdoaram: o xingaram de gordo, lerdo, careca. O professor chorou, passou mal e saiu da sala. “Fazem isso para chamar atenção da turma. Para o pessoal comentar: ‘Olha, ele enfrenta até o professor’”, comenta uma aluna de 16 anos, do 1º ano.No ano passado, outro professor, dessa vez do Centro de Ensino Médio 417, de Santa Maria, encontrou motivos para se sentir insatisfeito no ambiente de trabalho. Uma aluna não gostou de ter sido repreendida por ele e apelou. Pegou a mesa e, descontrolada, jogou-a em direção ao docente. Ela foi expulsa, mas, segundo estudantes do colégio, já voltou à sala de aula. Na mesma escola, ainda no ano passado, outro professor levou um tapa em sala. O agressor também reagiu a uma repressão. “A gente já se acostumou com esse ambiente. Tem que acostumar”, comenta uma estudante de 14 anos, do 1º ano. “Mas para quem está de fora, ouvir esse tipo de coisa deve ser estranho mesmo”, completa a colega de turma dela, de 16 anos.Ambiente pesadoAs ofensas e agressões, que muitas vezes são físicas, pesam no aprendizado. A percepção é de professores e alunos: 42% dos estudantes reconhecem que o clima de violência reduz a qualidade da aula e quase 40% admitem dificuldade em se concentrar. Fora os 39,8% que não sentem vontade de ir à escola. Entre os professores, os índices de resposta a essas perguntas foram maiores: 71% acreditam que, com a violência, o ambiente da escola fica pesado; 67,6% afirmam que a qualidade das aulas diminui; 64,8% acreditam que os alunos não se concentram nos estudos e 55,1% dos professores afirmam que os alunos não sentem vontade de ir à escola devido à violência. (EK e DA)
*Nomes trocados para proteger os alunos

::. Escrito por Stella Bortoni às 08:21:17
Fonte: www.stellabortoni.com.br

Feira literária da DRE/NB

Ontem teve início a feira literária da DRE/NB com uma homenagem ao genialíssimo Machado de Assis. Fiquei encantada com a qualidade dos trabalhos expostos e com as apresentações. A maioria das escolas desenvolveu trabalhos pensando na diversidade cultural brasileira, sobretudo, privilegiando a cultura negra e o resultado não poderia ser outro senão a beleza.
Acho muito interessante esses eventos organizados pelas DREs porque é um momento de integração entre todos os mecanismos que compõem a escola (da direção regional ao aluno). No entanto, há que se registrar que nem sempre eles chegam às escolas da maneira prazerosa como deveria,e, que apesar dos pesares, os resultados são sempre muito positivos, pois os alunos gostam de se ver como os artistas e vibram com a apresentação das suas produções.
As feiras são a culminância de uma sequência de atividades, portanto, não deveriam ser tão stressantes para os envolvidos, pois, teoricamente, esses trabalhos foram desenvolvidos ao longo dos semestres, infelizmente, para a maioria das escolas não se trata apenas de uma seleção dos melhores materiais e sim de uma produção massificada e sem planejamento visando a exposição. Assim, perdemos todos, principalmente, os alunos que não estabelecem sentidos entre essas produções e o aprendizado. A feira literária, sem dúvida, é um espaço privilegiado para troca de saberes e, por sê-lo, deve ser planejada e orientada para objetivos pedagógicos claros, não devendo ser pensadas para atender aos anseios de A,B ou C.
O prazer de ler passa, essencialmente, por momentos lúdicos, o desafio é aliar o lúdico ao aprendizado sistematizado.
Parabéns a todos que participaram do evento, vocês fazem a diferença, àqueles que não participaram da feira, peço que reflitam um pouco, esqueçam os pormenores e perguntem a si se a sua ausência está contribuindo para o desenvolvimento social e cultural do seu aluno.
Pensem nisso! Espero que possamos nos ver na feira literária do próximo ano.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Formação do GESTAR II/DF

Semana passada (03 a 07/11) ocorreu a formação inicial dos professores formadores do programa federal GESTAR II, na EAPE. Na ocasião, contamos com a presença das professoras (Formadoras)da UNB, Patrícia Vieira e Cátia Martins, foi uma semana ótima, muito aprendizado, novas perpectivas de trabalho, tudo muito interessante, parabéns às formadoras.
Participei do curso por indicação da DRE/NB, adorei a oportunidade, entretanto, não acompanharei o andamento do programa, pois minha diretora disse ter outros planos para mim no próximo ano.
Estou segura que o curso será excelente, pois atuarão nele execelentes profissionais da educação que, além de conhecimentos múltiplos, são dedicadas, companheiras e comprometidas com a educação, portanto, não poderiam ter escolhido melhor. Susley, Eliana, Lúcia foram (são) muito importantes na nossa formação ( tutores), com elas temos aprendido muito e, seguramente, organizarão o GESTAR II da melhor maneira possível.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

As últimas semanas( 20/10 a 03/11)



As duas últimas semanas foram repletas de livros e estudos, não me veio outra imagem, senão esta do Arcimboldo. Entreguei a minha monografia e recebi um "ótimo "da minha orientadora, ufa! Alívio total. Estou às voltas com a apresentação, agora, bem mais tranqüila, eu espero que dê tudo certo.
Estamos na reta final do curso Alfa - módulo II,todos muito cansados (eu e os cursistas), ao longo desses meses discutimos muito e ampliamos os nossos horizontes, tem sido uma experiência ímpar, ao término ficará, seguramente, muito carinho, respeito e amizade. Por meio da tutoria tive o privilégio de conhecer pessoas incríveis( cursistas e formadores) e aprender muito com elas, aliás, estou (estamos) em constante aprendizado.
O conteúdo dos fascículos está praticamente terminado, vamos aprofundar um pouco mais nos fatores de textualidade e prepararemos alguns materiais para trabalharmos com os alunos. Já desenvolvemos seqüências didáticas com o filme " Os narradores de Javé" e agora desenvolveremos algumas estratégias para se trabalhar com o texto, sobretudo, coesão e coerência, me empolguei com a realização dessa oficina, vai ser bem interessante, tenho certeza.
Quarta-feira passada (29/10) aconteceu o I Seminário de Políticas de incentivo à leitura, na Câmara do Deputados, foi um dia inteiro de conhecimentos sobre leitura, desde a formação leitora brasileira até a proposta de criação do fundo para o fomento da leitura no Brasil.
Eu acredito, e foi confirmado por meio de pesquisas do jornalista Laurentino Gomes, que a nossa formação leitora tem tudo a ver com as nossas raízes, tão bem retradas por Sergio Buarque de Hollanda e pelo próprio Laurentino Gomes. A educação no Brasil nunca foi prioridade e todos esses anos de abandono e descaso são refletidos nos índices da nossa educação.
Sabemos que o brasileiro lê pouco, e muito são os fatores que corroboram para este triste fato, talvez o mais latente seja o dificil ao acesso ao livro. Assim, instâncias que discutam e viabilizem mudanças desse triste paradigma serão muito bem vindas, e, nada mais oportuno e apropriado que um evento idealizado por uma Casa legislativa.
As políticas de fomento à leitura passarão, necessariamente, por uma maior acessibilidade ao livro. Não se pode pensar em leitura desconsiderando a dificuldade de acesso a esses materiais.
O livro ainda é um item de prestígio, é muito caro, praticamente inacessível a um grande número de brasileiros. Igualmente caros são os: jornais, revistas e internet, nem sempre acessados pelos professores. Facilitar o acesso de formadores de leitores e dos leitores em potencial aos bens culturais, incluindo aí o livro, não é impossível, principalmente, quando se sabe que o governo brasileiro é o maior comprador de livros do mundo;portanto, basta a vontade política.
Para concluir, estabeleço um diálogo com Monteiro Lobato que, numa certa ocasião, disse: "um país é feito de homens e de livros", faço minha as palavras do senador Cristovam Buarque, subvertendo a idéia de Lobato, um país é feito por manias sendo imperioso criarmos uma "mania de leitura".
Essa mania vai "pegar" entre nós e entre os nossos alunos, estejam certos disso!!! É o meu desejo. É isso, nos vemos depois, boa semana a todos.