sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Um brinde!!!
Enfim, chegamos ao fim!!
Estou com uma sensação estranha ao término do trabalho na tutoria. Dever cumprido? Será? Ou apenas o primeiro degrau dessa longa escada rumo ao conhecimento??? Dúvidas? Parece que sim, os questionamentos são pertinentes, pois como bem disse a profa. Hilda Lontra ao final de um trabalho sempre pensamos que poderíamos tê-lo feito melhor.
O Alfa chegou ao fim, foram muitos encontros gratificantes e envolventes, muitos desafios... Chorei como uma tonta, emocionadíssima ao me despedir dos meus novos amigos, que maravilhosos foram os momentos que passamos juntos, tão gratificante e enriquecedor, não sei adjetivos suficientemente capazes de qualificar os momentos de convivência. Fica a amizade, muiiiiiita saudade e um desejo enorme de quero mais.
Para 2009, desejos de muita paz, saúde e solidariedade. Tenho certeza que os melhores dias ainda estão por vir, espero que estejamos com o coração aberto para recebê-los.
Adeus ano velho...Feliz 2009 a todos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
sábado, 6 de dezembro de 2008
É a escola que tem de ser reprovada
A repetência nas primeiras séries brasileiras é uma das mais altas do mundo. Até quando as crianças vão ser punidas pelo descaso com a educação? Ana Aranha/Época
SÓ METADE PASSOU Sala de aula em Maiquinique, interior da Bahia. Apenas 56% dos alunos foram aprovados ao fim da 1ª série em 2007
Os alunos brasileiros estão entre os mais reprovados de ano no mundo. Só perdem para as turmas de Suriname, Nepal e um grupo de 12 países da África. Os dados são do Relatório Global de Monitoramento da Educação Para Todos, lançado na semana passada pela Unesco. O mais abrangente balanço anual sobre o acesso e a qualidade do ensino faz um alerta: os governos precisam se responsabilizar mais pela gestão da escola pública. É um recado que parece feito sob medida para o Brasil. No país que reprova uma a cada quatro crianças da 1a série, podem-se culpar as crianças – ou o problema é de uma escola mal preparada para recebê-las? A enxurrada de notas vermelhas que o relatório crava no boletim da educação nacional não deixa dúvida. Governantes, secretários, diretores e professores é que deveriam levar bomba. A avaliação da Unesco se concentra no ensino da 1ª à 4ª série. O índice de repetência total dessa fase no Brasil é de 19%. Esse é só o começo do problema. A humilhação de sentar entre colegas bem mais jovens faz muitos alunos abandonar a escola. Por isso, o Brasil também foi mal no índice de “sobrevivência” na educação primária. Apenas 80% das crianças que entraram na 1a série chegaram ao fim da 4a. Pior que a sobrevivência na Bolívia, no Paraguai e no Quênia. “A repetência leva ao abandono, e esses índices são um problema sério para o Brasil”, diz a analista de políticas Nicole Bella, uma das autoras do relatório. A falta de competência para reter os alunos na escola resultou na queda do Brasil no ranking geral do relatório. Ele é ordenado pelo desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação, que combina dados de acesso e qualidade. De 129 países, o Brasil caiu da 76ª para 80ª posição. Para fechar o boletim, o Brasil é o único representante da América Latina na lista de países com mais de 500 mil crianças fora da escola. Ao lado do Senegal e Iraque. Os dados do Brasil citados no relatório são de 2003 – mas houve pouca melhora na maioria dos índices até hoje. “Este é o resultado do descaso. Há anos os governantes no Brasil só falam sobre a importância da educação, mas não aumentam o investimento”, afirma Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. O Brasil investe hoje 5% do PIB na área. A Unesco recomenda 6% na América Latina. Para Célio da Cunha, professor da Universidade de Brasília e consultor da Unesco no Brasil, o país só vai começar a melhorar quando cumprir essa meta: “Infelizmente, parece mais fácil jogar a culpa nos alunos”. A reprovação seguida de abandono é sintoma de uma perigosa cultura enraizada na escola pública: o responsável pelo fracasso é sempre o aluno, que não prestou atenção na aula. Ou sua família, que não valoriza a educação. “As escolas são responsáveis pelo aprendizado. Todos têm condição de aprender, nós é que não estamos em condições de ensinar”, afirma Cunha.
As marcas da cultura do fracasso não ficam só nas crianças que saem da escola. Nas regiões mais pobres, onde o ensino é pior, faz parte da formação de todas as turmas. “Onde as salas são lotadas e os professores mal preparados, o aprendizado é muito prejudicado. E as crianças que não conseguem acompanhar o conteúdo crescem achando que são burras, incapazes”, diz a socióloga Irene Rizzini, pesquisadora da PUC-Rio e presidente do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância. Nos primeiros anos de escola, o processo é ainda mais cruel, já que as crianças ainda não conseguem perceber as deficiências do sistema a seu redor. “Elas absorvem tudo no nível pessoal, desenvolvendo um sentimento de impotência e incompetência. É desumano.”
Para resolver o problema, alguns Estados e municípios brasileiros adotaram a Progressão Continuada. É um sistema que abole a reprovação para algumas séries, dando aos alunos e à escola mais tempo para fazê-los acompanhar o ritmo dos demais. Mas foi criticado por permitir a aprovação de alunos mesmo sem saber o conteúdo. Isso gerou distorções como adolescentes ainda semi-analfabetos cursando a 6ª série. Em vez de Progressão Continuada, começou a ser chamado de “Aprovação Automática”. E caiu no descrédito dos pais e professores. Para Sônia, porém, o sistema é bom. Só tem de ser bem aplicado. “É necessário ter turmas menores, atendimento individual, aulas de reforço. As dificuldades devem ser trabalhadas quando aparecem, não podem ser jogadas para outra série.” Para Cunha, não há como reduzir a reprovação sem melhorar a qualidade do ensino de 1ª à 4ª, com qualificação dos professores e reforma das escolas. “O nó é a qualidade nos primeiros anos. Desatado, tudo ficaria mais fácil. Mas, para isso, precisa haver mais investimento.”
Enquanto a mudança não vem, a escola pública segue distante de sua função. Em pesquisa com 5 mil famílias, Irene, da PUC, perguntou aos pais com que pessoas e instituições podiam contar para a educação de seus filhos. A primeira figura a aparecer foram os avós, que sustentam os netos com a aposentadoria. Em segundo lugar, vieram as respostas “conto com Deus” e “não conto com ninguém”. A escola nem entrou na lista, tão pequena a parcela de pais que se lembrou de citá-la.
Pior que a África O porcentual de alunos brasileiros que repetiram o ano entre a 1ª e a 4ª série é maior que a média de repetentes da África Subsaariana, América Latina e Leste Asiático
SÓ METADE PASSOU Sala de aula em Maiquinique, interior da Bahia. Apenas 56% dos alunos foram aprovados ao fim da 1ª série em 2007
Os alunos brasileiros estão entre os mais reprovados de ano no mundo. Só perdem para as turmas de Suriname, Nepal e um grupo de 12 países da África. Os dados são do Relatório Global de Monitoramento da Educação Para Todos, lançado na semana passada pela Unesco. O mais abrangente balanço anual sobre o acesso e a qualidade do ensino faz um alerta: os governos precisam se responsabilizar mais pela gestão da escola pública. É um recado que parece feito sob medida para o Brasil. No país que reprova uma a cada quatro crianças da 1a série, podem-se culpar as crianças – ou o problema é de uma escola mal preparada para recebê-las? A enxurrada de notas vermelhas que o relatório crava no boletim da educação nacional não deixa dúvida. Governantes, secretários, diretores e professores é que deveriam levar bomba. A avaliação da Unesco se concentra no ensino da 1ª à 4ª série. O índice de repetência total dessa fase no Brasil é de 19%. Esse é só o começo do problema. A humilhação de sentar entre colegas bem mais jovens faz muitos alunos abandonar a escola. Por isso, o Brasil também foi mal no índice de “sobrevivência” na educação primária. Apenas 80% das crianças que entraram na 1a série chegaram ao fim da 4a. Pior que a sobrevivência na Bolívia, no Paraguai e no Quênia. “A repetência leva ao abandono, e esses índices são um problema sério para o Brasil”, diz a analista de políticas Nicole Bella, uma das autoras do relatório. A falta de competência para reter os alunos na escola resultou na queda do Brasil no ranking geral do relatório. Ele é ordenado pelo desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação, que combina dados de acesso e qualidade. De 129 países, o Brasil caiu da 76ª para 80ª posição. Para fechar o boletim, o Brasil é o único representante da América Latina na lista de países com mais de 500 mil crianças fora da escola. Ao lado do Senegal e Iraque. Os dados do Brasil citados no relatório são de 2003 – mas houve pouca melhora na maioria dos índices até hoje. “Este é o resultado do descaso. Há anos os governantes no Brasil só falam sobre a importância da educação, mas não aumentam o investimento”, afirma Sonia Penin, diretora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. O Brasil investe hoje 5% do PIB na área. A Unesco recomenda 6% na América Latina. Para Célio da Cunha, professor da Universidade de Brasília e consultor da Unesco no Brasil, o país só vai começar a melhorar quando cumprir essa meta: “Infelizmente, parece mais fácil jogar a culpa nos alunos”. A reprovação seguida de abandono é sintoma de uma perigosa cultura enraizada na escola pública: o responsável pelo fracasso é sempre o aluno, que não prestou atenção na aula. Ou sua família, que não valoriza a educação. “As escolas são responsáveis pelo aprendizado. Todos têm condição de aprender, nós é que não estamos em condições de ensinar”, afirma Cunha.
As marcas da cultura do fracasso não ficam só nas crianças que saem da escola. Nas regiões mais pobres, onde o ensino é pior, faz parte da formação de todas as turmas. “Onde as salas são lotadas e os professores mal preparados, o aprendizado é muito prejudicado. E as crianças que não conseguem acompanhar o conteúdo crescem achando que são burras, incapazes”, diz a socióloga Irene Rizzini, pesquisadora da PUC-Rio e presidente do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância. Nos primeiros anos de escola, o processo é ainda mais cruel, já que as crianças ainda não conseguem perceber as deficiências do sistema a seu redor. “Elas absorvem tudo no nível pessoal, desenvolvendo um sentimento de impotência e incompetência. É desumano.”
Para resolver o problema, alguns Estados e municípios brasileiros adotaram a Progressão Continuada. É um sistema que abole a reprovação para algumas séries, dando aos alunos e à escola mais tempo para fazê-los acompanhar o ritmo dos demais. Mas foi criticado por permitir a aprovação de alunos mesmo sem saber o conteúdo. Isso gerou distorções como adolescentes ainda semi-analfabetos cursando a 6ª série. Em vez de Progressão Continuada, começou a ser chamado de “Aprovação Automática”. E caiu no descrédito dos pais e professores. Para Sônia, porém, o sistema é bom. Só tem de ser bem aplicado. “É necessário ter turmas menores, atendimento individual, aulas de reforço. As dificuldades devem ser trabalhadas quando aparecem, não podem ser jogadas para outra série.” Para Cunha, não há como reduzir a reprovação sem melhorar a qualidade do ensino de 1ª à 4ª, com qualificação dos professores e reforma das escolas. “O nó é a qualidade nos primeiros anos. Desatado, tudo ficaria mais fácil. Mas, para isso, precisa haver mais investimento.”
Enquanto a mudança não vem, a escola pública segue distante de sua função. Em pesquisa com 5 mil famílias, Irene, da PUC, perguntou aos pais com que pessoas e instituições podiam contar para a educação de seus filhos. A primeira figura a aparecer foram os avós, que sustentam os netos com a aposentadoria. Em segundo lugar, vieram as respostas “conto com Deus” e “não conto com ninguém”. A escola nem entrou na lista, tão pequena a parcela de pais que se lembrou de citá-la.
Pior que a África O porcentual de alunos brasileiros que repetiram o ano entre a 1ª e a 4ª série é maior que a média de repetentes da África Subsaariana, América Latina e Leste Asiático
sábado, 29 de novembro de 2008
Que linda mensagem enviada pela professora Jubiléia, é incrível quando temos consciência de que as nossas vidas são permeadas de textos, e que os ensinamentos de Bahkthin não estão tão distantes como alguns imaginam. Quando li o texto enviado pela professora, de imediato lembrei-me de uma fala de Rubem Alves. Compartilho ambos com vocês, obrigada pelo carinho.
“As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos”. Rubem Alves
"Toda coisa que vemos, devemos vê-la sempre pela primeira vez,
porque realmente é primeira vez que a vemos. E então cada flor amarela
é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama a mesma de ontem.
A gente não é já o mesmo nem flor a mesma.
O próprio amarelo não pode ser já o mesmo.
É pena a gente não ter exatamente olhos para saber isso,
porque, então éramos todos felizes".
(Fernando Pessoa)
porque realmente é primeira vez que a vemos. E então cada flor amarela
é uma nova flor amarela, ainda que seja o que se chama a mesma de ontem.
A gente não é já o mesmo nem flor a mesma.
O próprio amarelo não pode ser já o mesmo.
É pena a gente não ter exatamente olhos para saber isso,
porque, então éramos todos felizes".
(Fernando Pessoa)
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Reflexões...1ª parte
De mãos dadas por uma pedagogia culturalmente sensível (Ana Dilma).
Estamos concluindo as nossas atividades do curso "Alfabetização & Linguagem", desacelerando...primeiro na EAPE, agora na UnB e nas próximas semana com os nossos cursistas. Portanto, com a intenção de contemplar todas as instâncias, faremos reflexões em três partes começando pela formação na UnB, já que na última sexta-feira fizemos um apanhado geral do nosso percurso.
Considero que o curso de formação de tutores foi bem interessante, aprendemos, compartilhamos saberes e fizemos boas amizades.
Desde o início fomos desafiados a sempre buscar e ampliar os nossos conhecimentos, o blog foi um grande desafio para mim, pensei que não poderia fazê-lo, que não conseguiria postar nada etc. Superadas as dificuldades, hoje, acredito que o blog ( a internet) é um excelente instrumento pedagógico, pois amplia a nossa voz e nos aproxima dos nossos alunos, é um desafio, sem dúvida, mas é bastante gratificante, sobretudo, quando recebemos o carinho dos nossos colegas ( é muito bom saber que somos visitados). Descobri que a internet é uma maneira de ampliar e estreitar os laços não só afetivos, como os pedagógicos. Sexta-feira ( 21/11) ouvimos relatos fantáticos de experiências com os blogs, foi muito bacana perceber o progresso de todos rumo ao efetivo letramento digital, é óbvio que muitos dominam essas ferramentas da Web com maestria e têm trabalhos excelentes, mas, nós, que tinhamos tanta dificuldade, agora, temos muito mais motivos para comemorar.
Não há limites para as possibilidades de crescimento em uma formação continuada, quando se pensa que não há nada para se aprender (muito difícil) eis que somos surpreendidos com tecnologias e metodologias diferenciadas para estimular o ensino/aprendizado.
Registro que este ano está sendo maravilhoso para mim, principalmente, pelas pessoas que conheci, é um privilégio ser tutora do módulo II.
É fato que tive muito medo no início, não é fácil falar para os nossos pares, mas, felizmente, tive o privilégio de estar entre pessoas compreensivas e amigas. Espero não tê-las decepcionado, pois, fiz o possível para auxília-las da melhor maneira, nesse sentido, quem saiu em vantagem fui eu, visto que aprendi mais nos últimos meses que em muitos anos de estudo formal.
Participar da formação continuada é um privilégio tanto pela atualização quanto pelas amizades que fazemos. Obrigada aos formadores da UnB: prof. Dioney, profa. Patrícia Vieira, profa Carol e a nossa coordenadora Ana Dilma, vocês contribuiram sobremaneira para a nossa formação pedagógica e humana.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
Mais da metade dos alunos presenciam discriminação nas escolas públicas
Erika Klingl - Correio Braziliense e Diego Amorim - Correio Braziliense
Publicação: 27/10/2008 07:56 Atualização: 27/10/2008 08:17
Aluno da 7ª série do ensino fundamental, Rafael* é negro. “Só que um dia o professor chamou ele de preto de sangue ruim. Daí, ele nunca voltou para a escola”, conta o colega de turma do adolescente. “É comum eu ouvir: ‘Olha, ela veio com a mesma roupa de novo.’ E eu finjo que ignoro”, desabafa uma menina do 1º ano do ensino médio. “Aqui, se a pessoa tiver um jeito estranho já é gay e acaba sendo zoada”, afirma Carolina*, da 8ª série. Em comum, essas histórias têm o cenário — salas de aula da rede pública de ensino — e o preconceito.“A escola é um ambiente cheio de conflitos, o que não é ruim. Mas quando eles não são mediados de forma adequada acaba resultando em violência, mesmo que simbólica”, explica a socióloga Miriam Abramovay, responsável por uma pesquisa que, pela primeira vez, diagnosticou a violência da rede pública de ensino no DF. O levantamento, feito com mais de 11 mil pessoas, entre alunos e professores, abordou o problema nas escolas de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e no ensino médio. A análise reflete um universo de mais de 186 mil estudantes e outros 20 mil docentes. Os dados relacionados ao preconceito são assustadores.Nada menos que 55% dos estudantes já viram discriminação nas escolas por causa da cor e quase 13% contam que sofreram. Em números absolutos, isso representaria 24 mil adolescentes. Mas o que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a discriminação por causa da pobreza, sentida por 6,1% dos estudantes e vista de perto por 42%. “A gente não imagina que os números sejam tão altos”, observa Miriam. Nas entrevistas, ela ouviu expressões que a chocaram. “Assentamento Haiti é nome de rua de Santa Maria. Churrasquinho é apelido de negros.” Para a educadora Beatriz Castro, o fato preocupa. “Fica a dúvida se a escola cumpre o papel de formar cidadãos”.DesmaioQuando o assunto é preconceito por ser ou parecer homossexual, os casos são ainda mais freqüentes: 63% dos alunos dizem que já viram discriminação. Dos estudantes do ensino médio, 4,3% já sentiram na pele a discriminação. Maurício* foi um deles. Tanto ouviu que um dia não agüentou tanta zombaria. Durante a apresentação de dança na feira cultural do Centro de Ensino Médio 3 de Ceilândia, duas semanas atrás, até tentou abstrair os xingamentos que ouvia, os gritos de veado e baitola. Mas, quando acabou a música, desmaiou. “Ele já estava nervoso. Com o povo zoando, ficou mais ainda. Aí desceu do palco, foi andando até o fim do auditório e caiu”, descreve um aluno da 7ª série. O episódio ainda é comentado entre os estudantes. Maurício, segundo a turma, é homossexual assumido.Os que gostam de ser os “malandrões” do colégio são os que mais zoam os colegas. Para sustentarem o status, costumam atingir os mais fracos, os negros, os gordos, os mais pobres, os baixinhos. Agridem com palavras, comentários, risadas. “O pessoal fica mangando de mim direto, me chamando de ‘limpador de aquário’, essas coisas. Mas deixo quieto. Um dia ou outro eles vão cair na real”, diz um garoto de 14 anos, 1,51m de altura, aluno da 8ª série do Centro de Ensino Fundamental 4 de Ceilândia. Na cidade em que mora e estuda, os xingamentos já foram ouvidos por 42% dos estudantes. Isso porque Ceilândia está longe de estar entre as piores. De acordo com a pesquisa, em Brazlândia e Santa Maria, metade dos estudantes costumam sofrer violência desse tipo.Auto-estima e 14º salárioPara melhorar as relações entre professores e alunos das escolas, o governo aposta em duas estratégias. A primeira é o investimento na auto-estima dos docentes e na satisfação pessoal. Para isso, implementa, desde o início do ano, o plano de cargos e salários da categoria — que privilegia tempo de serviço, títulos e merecimento. Além disso, o governador José Roberto Arruda criou o 14º salário, que será pago a partir de 2009, para os professores e servidores que trabalham nas escolas que cumprirem metas de qualidade de ensino e gestão.No combate à discriminação nas salas de aula, a estratégia é incluir os temas relacionados às minorias nas matérias ensinadas nas escolas. “A história da África, por exemplo, pode fazer parte do conteúdo de português, geografia, história, sociologia”, explica a secretária-adjunta de Educação, Eunice Oliveira. Os conceitos são passados, de acordo com ela, de forma transversal, ou seja, permeando a teoria. “O mesmo pode ser feito com outras temáticas ligadas aos direitos humanos.” (EK e DA)Prejuízo claro ao aprendizadoA insegurança no ambiente escolar reflete no bem-estar de todos os personagens do sistema de ensino. Os números são alarmantes. Por parte dos professores, 43% afirmam que não se sentem respeitados, ao passo que 38,7% dizem ter espaço para dizer o que pensam. E o pior: 79% declaram que não se sentem realizados profissionalmente. É só acompanhar a história de um professor de Brazlândia que pediu para não ter o nome divulgado para entender o que significam os indicadores. O quadro de saúde dele se agravou depois de ser alvo de agressões de alunos. Ele sofre de pressão alta, toma remédio controlado e, por isso, anda meio sonolento.Em um dia de prova, depois de distribuir as questões, o professor não suportou o cansaço e dormiu na carteira. Alguns alunos não perdoaram: o xingaram de gordo, lerdo, careca. O professor chorou, passou mal e saiu da sala. “Fazem isso para chamar atenção da turma. Para o pessoal comentar: ‘Olha, ele enfrenta até o professor’”, comenta uma aluna de 16 anos, do 1º ano.No ano passado, outro professor, dessa vez do Centro de Ensino Médio 417, de Santa Maria, encontrou motivos para se sentir insatisfeito no ambiente de trabalho. Uma aluna não gostou de ter sido repreendida por ele e apelou. Pegou a mesa e, descontrolada, jogou-a em direção ao docente. Ela foi expulsa, mas, segundo estudantes do colégio, já voltou à sala de aula. Na mesma escola, ainda no ano passado, outro professor levou um tapa em sala. O agressor também reagiu a uma repressão. “A gente já se acostumou com esse ambiente. Tem que acostumar”, comenta uma estudante de 14 anos, do 1º ano. “Mas para quem está de fora, ouvir esse tipo de coisa deve ser estranho mesmo”, completa a colega de turma dela, de 16 anos.Ambiente pesadoAs ofensas e agressões, que muitas vezes são físicas, pesam no aprendizado. A percepção é de professores e alunos: 42% dos estudantes reconhecem que o clima de violência reduz a qualidade da aula e quase 40% admitem dificuldade em se concentrar. Fora os 39,8% que não sentem vontade de ir à escola. Entre os professores, os índices de resposta a essas perguntas foram maiores: 71% acreditam que, com a violência, o ambiente da escola fica pesado; 67,6% afirmam que a qualidade das aulas diminui; 64,8% acreditam que os alunos não se concentram nos estudos e 55,1% dos professores afirmam que os alunos não sentem vontade de ir à escola devido à violência. (EK e DA)
::. Escrito por Stella Bortoni às 08:21:17
Fonte: www.stellabortoni.com.br
Feira literária da DRE/NB
Ontem teve início a feira literária da DRE/NB com uma homenagem ao genialíssimo Machado de Assis. Fiquei encantada com a qualidade dos trabalhos expostos e com as apresentações. A maioria das escolas desenvolveu trabalhos pensando na diversidade cultural brasileira, sobretudo, privilegiando a cultura negra e o resultado não poderia ser outro senão a beleza.
Acho muito interessante esses eventos organizados pelas DREs porque é um momento de integração entre todos os mecanismos que compõem a escola (da direção regional ao aluno). No entanto, há que se registrar que nem sempre eles chegam às escolas da maneira prazerosa como deveria,e, que apesar dos pesares, os resultados são sempre muito positivos, pois os alunos gostam de se ver como os artistas e vibram com a apresentação das suas produções.
As feiras são a culminância de uma sequência de atividades, portanto, não deveriam ser tão stressantes para os envolvidos, pois, teoricamente, esses trabalhos foram desenvolvidos ao longo dos semestres, infelizmente, para a maioria das escolas não se trata apenas de uma seleção dos melhores materiais e sim de uma produção massificada e sem planejamento visando a exposição. Assim, perdemos todos, principalmente, os alunos que não estabelecem sentidos entre essas produções e o aprendizado. A feira literária, sem dúvida, é um espaço privilegiado para troca de saberes e, por sê-lo, deve ser planejada e orientada para objetivos pedagógicos claros, não devendo ser pensadas para atender aos anseios de A,B ou C.
O prazer de ler passa, essencialmente, por momentos lúdicos, o desafio é aliar o lúdico ao aprendizado sistematizado.
Parabéns a todos que participaram do evento, vocês fazem a diferença, àqueles que não participaram da feira, peço que reflitam um pouco, esqueçam os pormenores e perguntem a si se a sua ausência está contribuindo para o desenvolvimento social e cultural do seu aluno.
Pensem nisso! Espero que possamos nos ver na feira literária do próximo ano.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Formação do GESTAR II/DF
Semana passada (03 a 07/11) ocorreu a formação inicial dos professores formadores do programa federal GESTAR II, na EAPE. Na ocasião, contamos com a presença das professoras (Formadoras)da UNB, Patrícia Vieira e Cátia Martins, foi uma semana ótima, muito aprendizado, novas perpectivas de trabalho, tudo muito interessante, parabéns às formadoras.
Participei do curso por indicação da DRE/NB, adorei a oportunidade, entretanto, não acompanharei o andamento do programa, pois minha diretora disse ter outros planos para mim no próximo ano.
Estou segura que o curso será excelente, pois atuarão nele execelentes profissionais da educação que, além de conhecimentos múltiplos, são dedicadas, companheiras e comprometidas com a educação, portanto, não poderiam ter escolhido melhor. Susley, Eliana, Lúcia foram (são) muito importantes na nossa formação ( tutores), com elas temos aprendido muito e, seguramente, organizarão o GESTAR II da melhor maneira possível.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
As últimas semanas( 20/10 a 03/11)
As duas últimas semanas foram repletas de livros e estudos, não me veio outra imagem, senão esta do Arcimboldo. Entreguei a minha monografia e recebi um "ótimo "da minha orientadora, ufa! Alívio total. Estou às voltas com a apresentação, agora, bem mais tranqüila, eu espero que dê tudo certo.
Estamos na reta final do curso Alfa - módulo II,todos muito cansados (eu e os cursistas), ao longo desses meses discutimos muito e ampliamos os nossos horizontes, tem sido uma experiência ímpar, ao término ficará, seguramente, muito carinho, respeito e amizade. Por meio da tutoria tive o privilégio de conhecer pessoas incríveis( cursistas e formadores) e aprender muito com elas, aliás, estou (estamos) em constante aprendizado.
O conteúdo dos fascículos está praticamente terminado, vamos aprofundar um pouco mais nos fatores de textualidade e prepararemos alguns materiais para trabalharmos com os alunos. Já desenvolvemos seqüências didáticas com o filme " Os narradores de Javé" e agora desenvolveremos algumas estratégias para se trabalhar com o texto, sobretudo, coesão e coerência, me empolguei com a realização dessa oficina, vai ser bem interessante, tenho certeza.
Quarta-feira passada (29/10) aconteceu o I Seminário de Políticas de incentivo à leitura, na Câmara do Deputados, foi um dia inteiro de conhecimentos sobre leitura, desde a formação leitora brasileira até a proposta de criação do fundo para o fomento da leitura no Brasil.
Eu acredito, e foi confirmado por meio de pesquisas do jornalista Laurentino Gomes, que a nossa formação leitora tem tudo a ver com as nossas raízes, tão bem retradas por Sergio Buarque de Hollanda e pelo próprio Laurentino Gomes. A educação no Brasil nunca foi prioridade e todos esses anos de abandono e descaso são refletidos nos índices da nossa educação.
Sabemos que o brasileiro lê pouco, e muito são os fatores que corroboram para este triste fato, talvez o mais latente seja o dificil ao acesso ao livro. Assim, instâncias que discutam e viabilizem mudanças desse triste paradigma serão muito bem vindas, e, nada mais oportuno e apropriado que um evento idealizado por uma Casa legislativa.
As políticas de fomento à leitura passarão, necessariamente, por uma maior acessibilidade ao livro. Não se pode pensar em leitura desconsiderando a dificuldade de acesso a esses materiais.
O livro ainda é um item de prestígio, é muito caro, praticamente inacessível a um grande número de brasileiros. Igualmente caros são os: jornais, revistas e internet, nem sempre acessados pelos professores. Facilitar o acesso de formadores de leitores e dos leitores em potencial aos bens culturais, incluindo aí o livro, não é impossível, principalmente, quando se sabe que o governo brasileiro é o maior comprador de livros do mundo;portanto, basta a vontade política.
Para concluir, estabeleço um diálogo com Monteiro Lobato que, numa certa ocasião, disse: "um país é feito de homens e de livros", faço minha as palavras do senador Cristovam Buarque, subvertendo a idéia de Lobato, um país é feito por manias sendo imperioso criarmos uma "mania de leitura".
Essa mania vai "pegar" entre nós e entre os nossos alunos, estejam certos disso!!! É o meu desejo. É isso, nos vemos depois, boa semana a todos.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Traduzir-se( Ferreira Gullart)
Puro deleite!
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
I Seminário de Políticas de incentivo à leitura no Brasil
Frente parlamentar promove seminário para discutir incentivo à leituraAgência Câmara 24.10.2008 10h53
A Frente Parlamentar Mista da Leitura vai promover um seminário para discutir a criação do Fundo Pró-Leitura, considerada a principal meta do grupo pelo seu presidente, deputado Marcelo Almeida (PMDB-PR). O I Seminário de Políticas de Incentivo à Leitura no Brasil, marcado para o dia 29 de outubro, na Câmara, pretende reunir parlamentares e intelectuais para debaterem a formatação desse novo incentivo à leitura no País. A estimativa do deputado é que o fundo - a ser formado por 1% do faturamento anual do setor editorial brasileiro - gere cerca de R$ 46 milhões por ano para financiar as ações previstas no Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL). O Fundo Pró-Leitura é a contrapartida do setor livreiro à desoneração de PIS/Cofins sobre o livro, assinada em dezembro de 2004, mas que até agora não foi estruturado. Sua implementação, explicou o deputado, depende de uma mensagem do Executivo para a Câmara e o Senado aprovarem e, em seguida, ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Regionalização Além do fundo, o deputado Marcelo Almeida cita a proposta de regionalizar o Plano Nacional do Livro e Leitura entre as metas da frente parlamentar. O objetivo é que todos os estados tenham seus próprios projetos, programas, atividades e eventos na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas. "A idéia é que cada região possa analisar seus costumes em planos específicos", disse Almeida. A frente também vai pressionar pela recriação da Secretaria Nacional do Livro, que foi extinta em 2003, deixando o mercado editorial brasileiro sem um órgão específico no poder público para endereçar suas demandas. "O Brasil precisa democratizar o acesso ao livro, pois o nível de leitura aqui é muito baixo. As pesquisas demonstram que uma pessoa lê 4,3 livros por ano, mas se forem excluídos os livros didáticos, esse índice cai para 1,7", disse Almeida. Na Colômbia, as pessoas lêem em média 2,4 livros por ano, enquanto nos Estados Unidos e na França, essa quantidade sobre para cinco e sete respectivamente. Segundo o deputado, a Frente Parlamentar Mista da Leitura também vai trabalhar para que deputados e senadores apresentem emendas ao Orçamento da União de 2009 destinando recursos para projetos de estímulo à leitura em todo o País. Confira a programação do I Seminário de Políticas de Incentivo à Leitura no Brasil.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Orientação Sexual: um desafio da Escola
Reportagem on-line
Data: 14 de Outubro de 2008
Maria Helena Vilela*
http://revistaescola.abril.com.br/online/reportagem/orientacao-sexual-desafio-escola-391163.shtml
Se as paredes da sala dos professores tivessem ouvidos, escutariam conversas sobre o cotidiano das salas de aula, divagações e confissões importantes que vem do íntimo e da história de cada um. É neste espaço que os professores se reúnem e, que entre um cafezinho ou um ajuste no conteúdo da próxima aula compartilham assuntos de dentro e de fora da escola. Quantas vezes um professor já não participou de conversas sobre crianças que baixaram a calcinha/cueca ou sobre aquele aluno difícil que fica o tempo todo com a mão nos genitais durante a aula? E aqueles casos de namoro? Do aluno homossexual? E da conversa das meninas que querem ficar?Isto tudo sem contar os casos mais graves como o da gravidez, daquela excelente aluna, ou da transa sem camisinha, pior, sem o medo de pegar uma DST ou até mesmo Aids. Casos comuns na grande maioria das escolas e nem tão novos, mas as dúvidas sobre no que acreditar e como agir para ajudar os alunos, ainda continua sem respostas para a maioria dos professores. O nó que as escolas precisam desatarSexualidade se trata de um tema permeado por tabus e preconceitos, regido por valores culturais e de ordem pessoal, sobre o qual poucos professores adquiriram o hábito e a naturalidade para conversar a respeito. E isto é natural. Conversar sobre sexualidade é um fato recente, e a nossa cultura, até pouco tempo cultivava uma postura de negação da sexualidade, com uma educação que induzia a vergonha, a culpa e a ignorância.Muitos de nós passamos por experiências que quando não éramos punidos, ou no mínimo ficávamos sem resposta. Ouvi mulheres que ao menstruar, não sabiam o que estava acontecendo com seu corpo; professores que sofreram com os tabus da masturbação, sem contar a solidão e a culpa das descobertas sexuais. Sexo era uma conversa proibida! E por isso, mesmo entendendo a importância de se falar sobre sexo com seus alunos, muitos professores ainda encontram dificuldades.
Debata este texto com a autoraVeja como anda a discussãoLeia os artigos anteriores
Mas, o desafio da escola não termina ai. A Orientação Sexual se caracteriza por uma intervenção na educação sexual das pessoas para gerar novas respostas. Não basta o professor falar sobre sexualidade. É necessário alterar a sua cultura sexual e prepará-lo para, identificar as necessidades dos alunos, fazer o diagnóstico da situação, definir os objetivos, identificar os resultados esperados e traçar uma estratégia de intervenção. Para isso, é necessário desenvolver no professor o papel de orientador sexual, mas, não apenas daqueles interessados, e sim de todos os professores indiscriminadamente. Como tema transversal, a orientação sexual exige uma política de integração entre as áreas e a participação de toda comunidade escolar no processo de aprendizagem dos alunos. A Orientação Sexual na escola A Orientação Sexual vem sendo desenvolvida em vários lugares, mas é a Escola um dos locais mais apropriados para se realizar este tipo de trabalho, por ter uma estrutura adequada para proporcionar o aprendizado formal e por ser o lugar freqüentado por um grande número de crianças e jovens, continuamente, durante várias horas do seu dia e por um longo período de sua vida. A escola é a principal fonte de aprendizado de convivência em sociedade, e tem toda condição para transmitir e confirmar valores e condutas que podem contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos alunos.A orientação sexual é uma intervenção no processo educacional de caráter preventivo, intencional e, em geral, sistemático. Ela é uma ação que para poder ser exercida é necessário que os professores saibam o que estão fazendo e, principalmente para quê. Se a resposta promover o desenvolvimento de comportamentos compatíveis com as capacidades que se espera do aluno, vá em frente!A orientação sexual deve promover ao aluno, uma outra forma de se lidar com um mesmo fato, preenchendo lacunas nas informações que as crianças e os adolescentes têm para encontrar respostas para suas curiosidades e dúvidas; e para fazer escolhas assertivas para sua vida. Para tanto, a orientação sexual na escola é proposta em três modalidades: Orientação Sexual como tema transversal programado, extra-programação e como um tema específico/disciplina. A Orientação Sexual como tema transversal programado: a concepção, objetivos e conteúdos encontram-se inseridos e contemplados pelas diversas áreas do conhecimento. Cada área trata a temática da sexualidade por meio da sua proposta de trabalho. Com por exemplo, o objetivo é a prevenção de gravidez e DST/Aids - se relaciona os temas pertinentes e articula, por séries e disciplinas, os conteúdos que cada uma pode contribuir. Orientação Sexual não programada: o professor se depara com questões e/ou situações ligadas a sexualidade que estão presentes no dia a dia do colégio. Um exemplo característico - uma criança que toca seus genitais, de forma persistente, em plena sala de aula. O professor precisa ter flexibilidade e conhecimento para trabalhar esta situação no momento em que acontece e aproveitar para fazer a adequação social do comportamento sexual, ensinando as crianças o conceito de público e privado com as partes do corpo. Orientação Sexual como tema específico ou uma disciplina é aquela que ocorre de forma sistematizada, com uma programação própria, metodologia participativa e um espaço específico dentro ou fora da grade curricular, de acordo com as condições de cada escola. Esta modalidade é sugerida pelos PCN para ser utilizada com os jovens a partir da 5a série. Nesta faixa etária, os alunos têm um interesse e uma maturidade cognitiva capaz de lidar e conversar sobre dúvidas e questões em sexualidade durante um momento específico com um determinado professor, para este fim.Assim, ao escolher qualquer uma das formas de orientação sexual, a escola, a está inserindo no na visão e projeto educativo. Isso implica uma definição clara dos princípios que deverão nortear o trabalho de orientação sexual e sua explicitação para toda comunidade escolar. Os princípios determinarão desde a postura que o professor deve ter em relação as questões e manifestações da sexualidade na escola, até a escolha de conteúdos a serem trabalhados com os alunos. Experimente! Você pode ter uma agradável surpresa!
* obstreta diretora do Instituto Kaplan, organização não-governamental especializada em formação de professores na área de Orientação Sexual
Data: 14 de Outubro de 2008
Maria Helena Vilela*
http://revistaescola.abril.com.br/online/reportagem/orientacao-sexual-desafio-escola-391163.shtml
Se as paredes da sala dos professores tivessem ouvidos, escutariam conversas sobre o cotidiano das salas de aula, divagações e confissões importantes que vem do íntimo e da história de cada um. É neste espaço que os professores se reúnem e, que entre um cafezinho ou um ajuste no conteúdo da próxima aula compartilham assuntos de dentro e de fora da escola. Quantas vezes um professor já não participou de conversas sobre crianças que baixaram a calcinha/cueca ou sobre aquele aluno difícil que fica o tempo todo com a mão nos genitais durante a aula? E aqueles casos de namoro? Do aluno homossexual? E da conversa das meninas que querem ficar?Isto tudo sem contar os casos mais graves como o da gravidez, daquela excelente aluna, ou da transa sem camisinha, pior, sem o medo de pegar uma DST ou até mesmo Aids. Casos comuns na grande maioria das escolas e nem tão novos, mas as dúvidas sobre no que acreditar e como agir para ajudar os alunos, ainda continua sem respostas para a maioria dos professores. O nó que as escolas precisam desatarSexualidade se trata de um tema permeado por tabus e preconceitos, regido por valores culturais e de ordem pessoal, sobre o qual poucos professores adquiriram o hábito e a naturalidade para conversar a respeito. E isto é natural. Conversar sobre sexualidade é um fato recente, e a nossa cultura, até pouco tempo cultivava uma postura de negação da sexualidade, com uma educação que induzia a vergonha, a culpa e a ignorância.Muitos de nós passamos por experiências que quando não éramos punidos, ou no mínimo ficávamos sem resposta. Ouvi mulheres que ao menstruar, não sabiam o que estava acontecendo com seu corpo; professores que sofreram com os tabus da masturbação, sem contar a solidão e a culpa das descobertas sexuais. Sexo era uma conversa proibida! E por isso, mesmo entendendo a importância de se falar sobre sexo com seus alunos, muitos professores ainda encontram dificuldades.
Debata este texto com a autoraVeja como anda a discussãoLeia os artigos anteriores
Mas, o desafio da escola não termina ai. A Orientação Sexual se caracteriza por uma intervenção na educação sexual das pessoas para gerar novas respostas. Não basta o professor falar sobre sexualidade. É necessário alterar a sua cultura sexual e prepará-lo para, identificar as necessidades dos alunos, fazer o diagnóstico da situação, definir os objetivos, identificar os resultados esperados e traçar uma estratégia de intervenção. Para isso, é necessário desenvolver no professor o papel de orientador sexual, mas, não apenas daqueles interessados, e sim de todos os professores indiscriminadamente. Como tema transversal, a orientação sexual exige uma política de integração entre as áreas e a participação de toda comunidade escolar no processo de aprendizagem dos alunos. A Orientação Sexual na escola A Orientação Sexual vem sendo desenvolvida em vários lugares, mas é a Escola um dos locais mais apropriados para se realizar este tipo de trabalho, por ter uma estrutura adequada para proporcionar o aprendizado formal e por ser o lugar freqüentado por um grande número de crianças e jovens, continuamente, durante várias horas do seu dia e por um longo período de sua vida. A escola é a principal fonte de aprendizado de convivência em sociedade, e tem toda condição para transmitir e confirmar valores e condutas que podem contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos alunos.A orientação sexual é uma intervenção no processo educacional de caráter preventivo, intencional e, em geral, sistemático. Ela é uma ação que para poder ser exercida é necessário que os professores saibam o que estão fazendo e, principalmente para quê. Se a resposta promover o desenvolvimento de comportamentos compatíveis com as capacidades que se espera do aluno, vá em frente!A orientação sexual deve promover ao aluno, uma outra forma de se lidar com um mesmo fato, preenchendo lacunas nas informações que as crianças e os adolescentes têm para encontrar respostas para suas curiosidades e dúvidas; e para fazer escolhas assertivas para sua vida. Para tanto, a orientação sexual na escola é proposta em três modalidades: Orientação Sexual como tema transversal programado, extra-programação e como um tema específico/disciplina. A Orientação Sexual como tema transversal programado: a concepção, objetivos e conteúdos encontram-se inseridos e contemplados pelas diversas áreas do conhecimento. Cada área trata a temática da sexualidade por meio da sua proposta de trabalho. Com por exemplo, o objetivo é a prevenção de gravidez e DST/Aids - se relaciona os temas pertinentes e articula, por séries e disciplinas, os conteúdos que cada uma pode contribuir. Orientação Sexual não programada: o professor se depara com questões e/ou situações ligadas a sexualidade que estão presentes no dia a dia do colégio. Um exemplo característico - uma criança que toca seus genitais, de forma persistente, em plena sala de aula. O professor precisa ter flexibilidade e conhecimento para trabalhar esta situação no momento em que acontece e aproveitar para fazer a adequação social do comportamento sexual, ensinando as crianças o conceito de público e privado com as partes do corpo. Orientação Sexual como tema específico ou uma disciplina é aquela que ocorre de forma sistematizada, com uma programação própria, metodologia participativa e um espaço específico dentro ou fora da grade curricular, de acordo com as condições de cada escola. Esta modalidade é sugerida pelos PCN para ser utilizada com os jovens a partir da 5a série. Nesta faixa etária, os alunos têm um interesse e uma maturidade cognitiva capaz de lidar e conversar sobre dúvidas e questões em sexualidade durante um momento específico com um determinado professor, para este fim.Assim, ao escolher qualquer uma das formas de orientação sexual, a escola, a está inserindo no na visão e projeto educativo. Isso implica uma definição clara dos princípios que deverão nortear o trabalho de orientação sexual e sua explicitação para toda comunidade escolar. Os princípios determinarão desde a postura que o professor deve ter em relação as questões e manifestações da sexualidade na escola, até a escolha de conteúdos a serem trabalhados com os alunos. Experimente! Você pode ter uma agradável surpresa!
* obstreta diretora do Instituto Kaplan, organização não-governamental especializada em formação de professores na área de Orientação Sexual
A importância dos pais na formação de leitores
Fonte site: http://www.stellabortoni.com/ em 20/10/2008
Neste post é enfatizada a importância da participação dos pais na formação dos hábitos de leitura de seus filhos. Um ponto relevante é o exemplo que os pais dão , bem como a disponibilidade de material para leitura em casa. Estamos de pleno acordo com essas recomendações, mas é importante não perdermos de vista o fato de que a maioria das famílias brasileiras não tem condições de ajudar os filhos a se tornarem leitores, considerando que quase 2/3 dos adultos no Brasil são analfabetos funcionais - http://www.ipm.org.br/). Diante disso, aumenta muito a responsabilidade da escola nesse processo.
Educação / Correio Braziliense (6/10/2008)Hábito que se inicia em casa
Especialistas ressaltam a importância dos pais na formação do gosto pela leitura.
Contato com os livros pode começar antes da alfabetização
Mirella Marques Do Diario de Pernambuco
-->
Breno Fortes/CB/D.A Press
Incentivada pelos pais, Juliana já é, aos 4 anos, uma freqüentadora assídua dos sebos e livrarias: adoração pela história de A Bela adormecida-->
Juliana Manuella Sampaio adora livrarias e sebos. Acompanhada dos pais, Rodrigo e Heidi, a pequena de 4 anos reconhece nas prateleiras os títulos preferidos. “A bela adormecida é o que eu mais gosto”, aponta. Embora não saiba ler ainda, Juliana já consegue reconhecer algumas letras e formar palavras, como o próprio nome. Leitores freqüentes, os pais da menina incentivam a leitura. “Já estamos numa fase em que nem é preciso estimular, pois ela gosta muito de ouvir histórias. Pede sempre para a gente ler. Quando estamos cansados, é ela que pega o livro e começa a contar a história para a gente, até porque já decorou todas”, diz Rodrigo. O fato de o casal ter o hábito da leitura, na avaliação dele, ajuda a filha a gostar de ler. Prova disso é a alegria da garota dentro de um sebo na Asa Norte. “Quero este”, avisa ao pai, apontando para mais uma versão de A bela adormecida. Rodrigo e Heidi são um exemplo a ser seguido, segundo os especialistas. Educadores estão convencidos de que os pequenos leitores são apenas um reflexo de pais que costumam ler em casa. E, mesmo fazendo parte da geração internet, essas crianças conseguem cultivar o gosto pelo bom e velho livro. Hábito dos mais importantes. Quem lê com freqüência amplia o vocabulário, escreve e fala bem. E desenvolve uma boa capacidade de interpretação, que vai influenciar de forma positiva em todas as atividades escolares e, futuramente, profissionais. No país, existem apenas 26 milhões de leitores ativos, de acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL). Essa turma lê pelo menos quatro livros por ano. E é minoria. Representa, de forma precisa, 16% da população, que detém 73% dos livros do país. Só um terço dos adultos brasileiros aprecia a leitura. E grande parte dos livros comprados são didáticos. Ou seja, obrigatórios. Da população adulta alfabetizada do país, 61% têm muito pouco ou nenhum contato com livros e 47% possuem, no máximo, 10 livros em casa. “Precisamos reverter esses números. Isso só será possível se soubermos criar o hábito da leitura entre as crianças. Ela deve ser informativa, através de jornais e revistas, ou por pura diversão, com a promoção de rodas de poesias ou contação de histórias”, diz a pedagoga Giselle Silva, especialista em educação infantil e ensino fundamental. Internet A internet revolucionou a forma de obtenção do conhecimento. Para grande parte da garotada, no entanto, ela pode se resumir aos populares sites de relacionamento. E daí, no mundo infinito e prático da grande rede, muitos jovens acabam abandonando o hábito de ler por prazer. “O desenvolvimento da leitura ainda é missão dos livros. Na internet, com os textos curtos, a expansão de vocabulário é pequena”, acredita o escritor pernambucano Raimundo Carrero, que costuma percorrer o estado realizando oficinas literárias para estimular o hábito da leitura em crianças e adolescentes. Tarefa difícil, mas não impossível. Basta incentivo de pais e educadores. “Quem nasceu em uma família de leitores, independentemente do poder aquisitivo dessa família, tem muita chance de se tornar um grande apreciador dos livros”, diz William Nacked, conselheiro do Instituto Brasil Leitor. De acordo com uma pesquisa realizada pela instituição, a mãe é indicada por 41% dos leitores como uma das duas pessoas que mais influenciaram no gosto pelos livros. Os professores foram citados por 36% dos entrevistados, seguidos do pai, citado por 24% dos participantes do estudo. É o caso da estudante Ana Cecília Carvalho, 13 anos. Desde pequena, ela convive com revistas, jornais e livros em casa. O pai, advogado, é o seu maior incentivador. “Ele lê muito. E isso acabou me influenciando a gostar de ler também”, conta. Desde os 6 anos, idade em que foi alfabetizada, Cecília já leu cerca de 100 livros. O preferido é Capitães de areia, de Jorge Amado. Assim como outros adolescentes, ela também gosta e usa a internet, mas a maior parte do tempo livre é destinado aos livros. COMO AGIR
Mantenha sempre livros, revistas ou jornais em casa. De preferência, sempre ao alcance dos pequenos leitores
Dê o exemplo. Os adultos que lêem incentivam as crianças e adolescentes a fazerem o mesmo
Ao ler o livro, demonstre as emoções que sente. Ria, faça comentários baixinho como se estivesse falando sozinho. Isso aguçará a curiosidade dos futuros leitores
Já pensou em implantar uma biblioteca familiar? Família que lê unida permanece unida
Em casa ou na escola, promova ou sugira rodas de contos literários
Quem disse que a leitura só começa após a alfabetização? Fazendo dramatizações e contando histórias, é possível atrair as crianças desde cedo para os livros
Que tal trocar a boneca ou o jogo eletrônico por um livro? O presente ganha importância ainda maior quando dado em datas especiais, como Natal e aniversário
Para furar o cerco à internet, incentive a relação afetiva da criança com o livro. Deixe-a manuseá-lo, levá-lo para o quarto, para a sala. A relação com a leitura precisa ser tátil, afetiva e espiritual
Incentive a leitura no dia-a-dia dos menores. Das placas na rua ao livro obrigatório da escola
Converse sobre os gostos literários dos seus filhos. Falar sobre o assunto pode torná-lo ainda mais estimulante Fonte: Instituto Brasil Leitor
Neste post é enfatizada a importância da participação dos pais na formação dos hábitos de leitura de seus filhos. Um ponto relevante é o exemplo que os pais dão , bem como a disponibilidade de material para leitura em casa. Estamos de pleno acordo com essas recomendações, mas é importante não perdermos de vista o fato de que a maioria das famílias brasileiras não tem condições de ajudar os filhos a se tornarem leitores, considerando que quase 2/3 dos adultos no Brasil são analfabetos funcionais - http://www.ipm.org.br/). Diante disso, aumenta muito a responsabilidade da escola nesse processo.
Educação / Correio Braziliense (6/10/2008)Hábito que se inicia em casa
Especialistas ressaltam a importância dos pais na formação do gosto pela leitura.
Contato com os livros pode começar antes da alfabetização
Mirella Marques Do Diario de Pernambuco
-->
Breno Fortes/CB/D.A Press
Incentivada pelos pais, Juliana já é, aos 4 anos, uma freqüentadora assídua dos sebos e livrarias: adoração pela história de A Bela adormecida-->
Juliana Manuella Sampaio adora livrarias e sebos. Acompanhada dos pais, Rodrigo e Heidi, a pequena de 4 anos reconhece nas prateleiras os títulos preferidos. “A bela adormecida é o que eu mais gosto”, aponta. Embora não saiba ler ainda, Juliana já consegue reconhecer algumas letras e formar palavras, como o próprio nome. Leitores freqüentes, os pais da menina incentivam a leitura. “Já estamos numa fase em que nem é preciso estimular, pois ela gosta muito de ouvir histórias. Pede sempre para a gente ler. Quando estamos cansados, é ela que pega o livro e começa a contar a história para a gente, até porque já decorou todas”, diz Rodrigo. O fato de o casal ter o hábito da leitura, na avaliação dele, ajuda a filha a gostar de ler. Prova disso é a alegria da garota dentro de um sebo na Asa Norte. “Quero este”, avisa ao pai, apontando para mais uma versão de A bela adormecida. Rodrigo e Heidi são um exemplo a ser seguido, segundo os especialistas. Educadores estão convencidos de que os pequenos leitores são apenas um reflexo de pais que costumam ler em casa. E, mesmo fazendo parte da geração internet, essas crianças conseguem cultivar o gosto pelo bom e velho livro. Hábito dos mais importantes. Quem lê com freqüência amplia o vocabulário, escreve e fala bem. E desenvolve uma boa capacidade de interpretação, que vai influenciar de forma positiva em todas as atividades escolares e, futuramente, profissionais. No país, existem apenas 26 milhões de leitores ativos, de acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL). Essa turma lê pelo menos quatro livros por ano. E é minoria. Representa, de forma precisa, 16% da população, que detém 73% dos livros do país. Só um terço dos adultos brasileiros aprecia a leitura. E grande parte dos livros comprados são didáticos. Ou seja, obrigatórios. Da população adulta alfabetizada do país, 61% têm muito pouco ou nenhum contato com livros e 47% possuem, no máximo, 10 livros em casa. “Precisamos reverter esses números. Isso só será possível se soubermos criar o hábito da leitura entre as crianças. Ela deve ser informativa, através de jornais e revistas, ou por pura diversão, com a promoção de rodas de poesias ou contação de histórias”, diz a pedagoga Giselle Silva, especialista em educação infantil e ensino fundamental. Internet A internet revolucionou a forma de obtenção do conhecimento. Para grande parte da garotada, no entanto, ela pode se resumir aos populares sites de relacionamento. E daí, no mundo infinito e prático da grande rede, muitos jovens acabam abandonando o hábito de ler por prazer. “O desenvolvimento da leitura ainda é missão dos livros. Na internet, com os textos curtos, a expansão de vocabulário é pequena”, acredita o escritor pernambucano Raimundo Carrero, que costuma percorrer o estado realizando oficinas literárias para estimular o hábito da leitura em crianças e adolescentes. Tarefa difícil, mas não impossível. Basta incentivo de pais e educadores. “Quem nasceu em uma família de leitores, independentemente do poder aquisitivo dessa família, tem muita chance de se tornar um grande apreciador dos livros”, diz William Nacked, conselheiro do Instituto Brasil Leitor. De acordo com uma pesquisa realizada pela instituição, a mãe é indicada por 41% dos leitores como uma das duas pessoas que mais influenciaram no gosto pelos livros. Os professores foram citados por 36% dos entrevistados, seguidos do pai, citado por 24% dos participantes do estudo. É o caso da estudante Ana Cecília Carvalho, 13 anos. Desde pequena, ela convive com revistas, jornais e livros em casa. O pai, advogado, é o seu maior incentivador. “Ele lê muito. E isso acabou me influenciando a gostar de ler também”, conta. Desde os 6 anos, idade em que foi alfabetizada, Cecília já leu cerca de 100 livros. O preferido é Capitães de areia, de Jorge Amado. Assim como outros adolescentes, ela também gosta e usa a internet, mas a maior parte do tempo livre é destinado aos livros. COMO AGIR
Mantenha sempre livros, revistas ou jornais em casa. De preferência, sempre ao alcance dos pequenos leitores
Dê o exemplo. Os adultos que lêem incentivam as crianças e adolescentes a fazerem o mesmo
Ao ler o livro, demonstre as emoções que sente. Ria, faça comentários baixinho como se estivesse falando sozinho. Isso aguçará a curiosidade dos futuros leitores
Já pensou em implantar uma biblioteca familiar? Família que lê unida permanece unida
Em casa ou na escola, promova ou sugira rodas de contos literários
Quem disse que a leitura só começa após a alfabetização? Fazendo dramatizações e contando histórias, é possível atrair as crianças desde cedo para os livros
Que tal trocar a boneca ou o jogo eletrônico por um livro? O presente ganha importância ainda maior quando dado em datas especiais, como Natal e aniversário
Para furar o cerco à internet, incentive a relação afetiva da criança com o livro. Deixe-a manuseá-lo, levá-lo para o quarto, para a sala. A relação com a leitura precisa ser tátil, afetiva e espiritual
Incentive a leitura no dia-a-dia dos menores. Das placas na rua ao livro obrigatório da escola
Converse sobre os gostos literários dos seus filhos. Falar sobre o assunto pode torná-lo ainda mais estimulante Fonte: Instituto Brasil Leitor
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Encontro do dia 14/10
O nosso encontro girou em torno do filme "Narradores de Javé", dando continuidade ao planejamento, socializamos os diversos olhares sobre o filme em relação à leitura, escrita e o letramento. Após o debate chegamos a conclusão que o filme seria muito bem recebido nas séries finais do ensino fundamental;elencamos algumas questões que poderiam ser trabalhadas em sala de aula. As contribuições foram as mais variadas possíveis então, o grupo arregaçou as mangas e começaram a trabalhar, infelizmente não foi possível a socialização dos planejamentos que ficaram para a primeira parte do encontro de quinta-feira.
Abaixo relaciono algumas questões que foram aparecendo ao longo do debate.
- O grupo percebeu que, embora fosse visível a miséria a que o povo daquele lugar estava submetido, essa miséria era parte do cenário é não foi explorada de maneira pejorativa como é comum nos filmes nacionais.
- O grupo listou alguns gêneros típicos da oralidade que estão presentes no filme.
- Discussão acerca do letramento (conceito) e o nível de letramento de Antônio Biá.
- A relação de alteridade existente( a escrita é o outro daquel comunidade).
- A escrita/livro como instrumento de poder, meio pelo qual Biá barganhava vantagens pessoais.
- Em certo momento houve duas leituras do personagem Biá: a primeira foi de que ele não era suficientemente letrado para cumprir com o solicitado. Não soube fazer uso social da sua escrita. 2º Biá ,por possuir um certo grau de letramento, não sucumbiu aos delírios do povo, pois sabia que tal registro era insuficiente e inconsistente para o fim destinado.
- Questionou-se o fato daquele povo ser alegre ou acomodado.
- O grupo identificou no filme um fenômeno muito comum: a forte presença da religiosidade em comunidades menos letradas ( reunião na igreja, procissão e recuperação do sino).
- Um nível de leitura muito superficial- Zaqueu ilustra bem essa questão quanto convence o povo a ajudar a produzir o livro da salvação.
- A relação de Biá com a escrita.
- A resistência do povo ao diferente.
- Inversão de papéis- letrado estigmatizad0.
- O registro oral da propriedade da terra ( muito comum no início da nossa formação).
- A escrita é influenciada pelo olhar de quem dita e quem escreve.
- Questões para nortear a produção:
- De que trata o filme?
- Há alguma relação entre a cena inicial, leitura feita por uma senhora..., e a cena em que Biá decide escrever a história de Javé?
- Quais questões subjazem à escrita do livro da salvação?
- Para o Planejamento
- Possibilidades de trabalho com :
- Gêneros textuais ( oral/ escrito)
- Intertextualidade
- Léxico
- Figuras de linguagem
- Debate - trabalhando a questão da transposição do rio São Francisco/ importância e história da escrita/ Mobilização social e cidadania, entre outros.
- Reflexão gramatical( escrita e poder)
Tópicos a serem contemplados no planejamento:
- Tema da aula
- Objetivo
- Série
- Carga horária
- Metodologia
- Recursos
- Fechamento - produção textual
domingo, 12 de outubro de 2008
sábado, 11 de outubro de 2008
Analfabetismo funcional é o maior obstáculo da educação
Superar o analfabetismo funcional é o grande desafio da educação no Brasil – um problema que tem solução simples, como mostra a reportagem da série "Era uma Vez".Era uma vez um menino que queria muito aprender a ler. Ele mesmo se apresenta: "Meu nome é Ewerton, tenho 10 anos. Eu gosto de estudar, mas estou aprendendo a ler devagarzinho".
Ainda vai levar alguns meses e muitas aulas de reforço para Ewerton conseguir ler direito. Ele está na quarta série do Ensino Fundamental, mas ainda não consegue identificar todas as letras. "Eu fico lá e tento ler, mas não consigo. Ainda não conheço as letras todinhas", explica o garoto.
Ewerton não é exceção. O maior desafio da educação hoje não é manter a criança na sala de aula, e sim combater o que os estudiosos chamam de analfabetismo funcional – quando alguém tem limitações de leitura e escrita, mesmo dentro da escola. No Brasil, dos 27 milhões de jovens que, como Ewerton, estão no Ensino Fundamental, 60% chegam ao fim da oitava série sem saber interpretar um texto ou efetuar operações matemáticas simples.
O dado preocupa ainda mais quando se considera as crianças que estão na escola, mas simplesmente não sabem ler e escrever. Elas são cerca de 1,1 milhão no nosso país.
O nosso país hoje se orgulha de ter 97% dos jovens de 6 a 14 anos na escola. A taxa de analfabetismo caiu para 3% na faixa dos 10 a 14 anos. Mas, no Ensino Fundamental, 25,7% dos alunos estão atrasados, fora da série correspondente à sua idade.
Essa situação preocupa os educadores. "Uma criança que chega à terceira ou quarta série sem saber ler e escrever é uma criança que vai desistir da escola. Se ele sente que está numa condição inferior à dos colegas, que conseguiram ele sai", afirma a pedagoga Perina de Fátima Costa. "Para superar isso, a família é fundamental.
A mãe de Ewerotn, por exemplo, está pensando em aulas de reforço exclusivamente para a leitura. Afinal, o menino está determinado: "Quero passar e quero me formar", conta. "Estou me esforçando para ler, eu acho que vou ficar feliz quando conseguir".
Sabrina, de 12 anos, já sabe como é essa felicidade. "Agora eu sei ler. Quando aprendi, a professora disse que eu estava de parabéns", lembra. Ela passou pelas mesmas dificuldades de Ewerton: com aprovação automática e sem a orientação do professor, carregou de série para série a culpa por não conseguir ler: "Eu até comecei a chorar porque todo mundo sabia ler lá na sala, e só eu que não".
O fim da tristeza de Sabrina e de milhares de meninos e meninas chegou com as aulas de reforço. "Aprendi a ler no reforço. A professora mandou eu soletrar as palavras, e aí eu aprendi rapidinho", conta.
Hoje existem milhares de classes de complementação escolar no nosso país, geralmente oferecidas por instituições beneficentes ou organizações não-governamentais – lugares que são a prova de que, muitas vezes. o que falta é uma chance.
Aline encontrou uma chance e, aos 9 anos, já é poeta. Ela mesma recita os versos que fez:
Ainda vai levar alguns meses e muitas aulas de reforço para Ewerton conseguir ler direito. Ele está na quarta série do Ensino Fundamental, mas ainda não consegue identificar todas as letras. "Eu fico lá e tento ler, mas não consigo. Ainda não conheço as letras todinhas", explica o garoto.
Ewerton não é exceção. O maior desafio da educação hoje não é manter a criança na sala de aula, e sim combater o que os estudiosos chamam de analfabetismo funcional – quando alguém tem limitações de leitura e escrita, mesmo dentro da escola. No Brasil, dos 27 milhões de jovens que, como Ewerton, estão no Ensino Fundamental, 60% chegam ao fim da oitava série sem saber interpretar um texto ou efetuar operações matemáticas simples.
O dado preocupa ainda mais quando se considera as crianças que estão na escola, mas simplesmente não sabem ler e escrever. Elas são cerca de 1,1 milhão no nosso país.
O nosso país hoje se orgulha de ter 97% dos jovens de 6 a 14 anos na escola. A taxa de analfabetismo caiu para 3% na faixa dos 10 a 14 anos. Mas, no Ensino Fundamental, 25,7% dos alunos estão atrasados, fora da série correspondente à sua idade.
Essa situação preocupa os educadores. "Uma criança que chega à terceira ou quarta série sem saber ler e escrever é uma criança que vai desistir da escola. Se ele sente que está numa condição inferior à dos colegas, que conseguiram ele sai", afirma a pedagoga Perina de Fátima Costa. "Para superar isso, a família é fundamental.
A mãe de Ewerotn, por exemplo, está pensando em aulas de reforço exclusivamente para a leitura. Afinal, o menino está determinado: "Quero passar e quero me formar", conta. "Estou me esforçando para ler, eu acho que vou ficar feliz quando conseguir".
Sabrina, de 12 anos, já sabe como é essa felicidade. "Agora eu sei ler. Quando aprendi, a professora disse que eu estava de parabéns", lembra. Ela passou pelas mesmas dificuldades de Ewerton: com aprovação automática e sem a orientação do professor, carregou de série para série a culpa por não conseguir ler: "Eu até comecei a chorar porque todo mundo sabia ler lá na sala, e só eu que não".
O fim da tristeza de Sabrina e de milhares de meninos e meninas chegou com as aulas de reforço. "Aprendi a ler no reforço. A professora mandou eu soletrar as palavras, e aí eu aprendi rapidinho", conta.
Hoje existem milhares de classes de complementação escolar no nosso país, geralmente oferecidas por instituições beneficentes ou organizações não-governamentais – lugares que são a prova de que, muitas vezes. o que falta é uma chance.
Aline encontrou uma chance e, aos 9 anos, já é poeta. Ela mesma recita os versos que fez:
Tá na hora de parar, ter consciência com tudo.
Deixar que o verde da vida faça parte desse mundo.
Disponível em: http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL792354-16022,00-ANALFABETISMO+FUNCIONAL+E+O+MAIOR+OBSTACULO+DA+EDUCACAO.html
Excelente contribuição da professora Ana Dilma, e como ela mesmo disse, é necessário refletir e agir!
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Encontro do dia 09/10
Reflexões sobre o Acordo Ortográfico
PERFIL
Stella Maris Bortoni-Ricardo é Ph.D. em Lingüística pela Universidade de Lancaster (Inglaterra) e professora titular da Universidade de Brasília, onde ingressou em 1975. É sociolingüista e etnógrafa.
O Acordo Ortográfico, promulgado no Brasil em 29 de setembro de 2008, entrará em vigor em janeiro de 2009. Trata-se de iniciativa de política lingüística, aprovada em Lisboa, em dezembro de 1990, pela Academia de Ciências de Lisboa, pela Academia Brasileira de Letras e por delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, a que o Timor aderiu posteriormente. Seu objetivo é a unificação das duas ortografias oficiais da língua portuguesa - a lusitana, adotada oficialmente em 1945, e a brasileira, datada de 1943, com alterações posteriormente aprovadas em ambas.
A ortografia lusitana foi alterada por reforma ortográfica realizada em Portugal em 1911, que não foi extensiva ao Brasil. Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promulgadas leis que reduziram substancialmente as divergências entre as duas normas ortográficas, persistindo, porém, algumas divergências. Ao longo do século XX, houve muitos esforços para unificar as duas normas, mas só se obteve êxito com a assinatura do presente Acordo, em 1990.
A grafia é um sistema de comunicação humana por meio de marcas visíveis, mais propriamente da escrita. Os primeiros sistemas de escrita eram pictográficos; coexistem hoje sistemas logográficos e fonológicos, distinguindo-se nesses últimos os silábicos e os alfabéticos, como o do português.
Depois da invenção da imprensa e com a progressiva generalização da escrita impressa, tiveram início as políticas públicas dos Estados nacionais voltadas para a gestão e padronização de suas línguas, com ênfase na definição de normas corretas de grafia. Ao longo da história moderna das nações contemporâneas, algumas têm realizado reformas ortográficas com o objetivo de tornar o sistema de escrita mais funcional, aproximando-o da pronúncia vigente da língua. Outras são avessas a reformas dessa natureza, considerando principalmente o custo de seu acervo de publicações.
O português é a sexta língua mais falada no mundo, utilizada por cerca de 240 milhões de pessoas, e os oito países que a têm como língua oficial constituíram, em 1996, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se tem encarregado da promoção e difusão do idioma.
À vista do grande número de falantes da língua portuguesa - como língua materna ou como língua segunda ou estrangeira - nos países-membros da CPLP e em outras partes do mundo, o volume de publicações em português ainda é pequeno, se comparado ao de algumas outras línguas que também têm fronteiras supranacionais. É obrigação de todos os países-membros da CPLP - obrigação que o Brasil deve estabelecer como um ponto essencial de sua política lingüística - ampliar as dimensões de sua cultura de letramento, seja fazendo crescer o número de leitores, seja favorecendo a produção e a circulação de livros e outros suportes do texto impresso.
Contrariamente ao entendimento de alguns, a adoção de uma ortografia unificada do português não vai de encontro às especificidades e variação que marcam a nossa língua nas muitas comunidades em que é falada. Essa diversidade, que se corporifica na pronúncia, nos léxicos e mesmo em construções morfossintáticas, é ao mesmo tempo um índice identitário de seus usuários e um patrimônio incomensurável da própria língua. É na diversidade que a unidade da língua portuguesa se constitui. A unificação ortográfica não atenta contra a variedade da língua oral nem contra a riqueza das manifestações culturais que a língua veicula.
Concluindo, podemos dizer que a principal vantagem que o Acordo Ortográfico trará aos países-membros da CPLP é a circulação mais ágil e o intercâmbio de obras impressas. Merecem especial relevo os livros didáticos, que poderão ser usados em vários países; as traduções de textos técnicos e científicos; o material em língua portuguesa na internet e o desenvolvimento dos produtos da revolução tecnológica da digitalização lingüística, tais como: os tradutores e corretores automáticos, a criação de normas técnicas e terminológicas e outros produtos da chamada lingüística de corpus.
O Ministério da Educação começará, em 2010, a adquirir e distribuir às escolas públicas livros didáticos impressos de acordo com a revisão ortográfica que o Acordo consigna, à qual os demais livros publicados no país terão de ajustar-se, a partir de 2013. Foi previsto também um prazo até 2012 para que em todos os exames escolares e concursos públicos sejam aceitas a forma antiga e a modificada das palavras que foram afetadas pela reforma, e que representam 0,5% do vocabulário da língua no Brasil.
A ortografia lusitana foi alterada por reforma ortográfica realizada em Portugal em 1911, que não foi extensiva ao Brasil. Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promulgadas leis que reduziram substancialmente as divergências entre as duas normas ortográficas, persistindo, porém, algumas divergências. Ao longo do século XX, houve muitos esforços para unificar as duas normas, mas só se obteve êxito com a assinatura do presente Acordo, em 1990.
A grafia é um sistema de comunicação humana por meio de marcas visíveis, mais propriamente da escrita. Os primeiros sistemas de escrita eram pictográficos; coexistem hoje sistemas logográficos e fonológicos, distinguindo-se nesses últimos os silábicos e os alfabéticos, como o do português.
Depois da invenção da imprensa e com a progressiva generalização da escrita impressa, tiveram início as políticas públicas dos Estados nacionais voltadas para a gestão e padronização de suas línguas, com ênfase na definição de normas corretas de grafia. Ao longo da história moderna das nações contemporâneas, algumas têm realizado reformas ortográficas com o objetivo de tornar o sistema de escrita mais funcional, aproximando-o da pronúncia vigente da língua. Outras são avessas a reformas dessa natureza, considerando principalmente o custo de seu acervo de publicações.
O português é a sexta língua mais falada no mundo, utilizada por cerca de 240 milhões de pessoas, e os oito países que a têm como língua oficial constituíram, em 1996, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que se tem encarregado da promoção e difusão do idioma.
À vista do grande número de falantes da língua portuguesa - como língua materna ou como língua segunda ou estrangeira - nos países-membros da CPLP e em outras partes do mundo, o volume de publicações em português ainda é pequeno, se comparado ao de algumas outras línguas que também têm fronteiras supranacionais. É obrigação de todos os países-membros da CPLP - obrigação que o Brasil deve estabelecer como um ponto essencial de sua política lingüística - ampliar as dimensões de sua cultura de letramento, seja fazendo crescer o número de leitores, seja favorecendo a produção e a circulação de livros e outros suportes do texto impresso.
Contrariamente ao entendimento de alguns, a adoção de uma ortografia unificada do português não vai de encontro às especificidades e variação que marcam a nossa língua nas muitas comunidades em que é falada. Essa diversidade, que se corporifica na pronúncia, nos léxicos e mesmo em construções morfossintáticas, é ao mesmo tempo um índice identitário de seus usuários e um patrimônio incomensurável da própria língua. É na diversidade que a unidade da língua portuguesa se constitui. A unificação ortográfica não atenta contra a variedade da língua oral nem contra a riqueza das manifestações culturais que a língua veicula.
Concluindo, podemos dizer que a principal vantagem que o Acordo Ortográfico trará aos países-membros da CPLP é a circulação mais ágil e o intercâmbio de obras impressas. Merecem especial relevo os livros didáticos, que poderão ser usados em vários países; as traduções de textos técnicos e científicos; o material em língua portuguesa na internet e o desenvolvimento dos produtos da revolução tecnológica da digitalização lingüística, tais como: os tradutores e corretores automáticos, a criação de normas técnicas e terminológicas e outros produtos da chamada lingüística de corpus.
O Ministério da Educação começará, em 2010, a adquirir e distribuir às escolas públicas livros didáticos impressos de acordo com a revisão ortográfica que o Acordo consigna, à qual os demais livros publicados no país terão de ajustar-se, a partir de 2013. Foi previsto também um prazo até 2012 para que em todos os exames escolares e concursos públicos sejam aceitas a forma antiga e a modificada das palavras que foram afetadas pela reforma, e que representam 0,5% do vocabulário da língua no Brasil.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Oficina Chapeuzinho Vermelho - CFORM
Olha que linda a contribuição da professora Celestina, DRE/PP-C, nossa escritora.
Com a palavra a nossa escritora.
O encontro foi riquíssimo. Proporcionou-nos um leque de atividades a partir do conto de fadas. Percebo que apesar de todas as dificuldades, vale à pena procurar se qualificar e manter interações atualizadas mais e mais, somente assim, a sala de aula não vai cair num marasmo, numa monotonia; dentro do grupo, com a orientação da tutora, temos trocado experiências riquíssimas, que nos auxiliam no dia-a-dia.
Eu, Chapeuzinho Vermelho
Com a palavra a nossa escritora.
O encontro foi riquíssimo. Proporcionou-nos um leque de atividades a partir do conto de fadas. Percebo que apesar de todas as dificuldades, vale à pena procurar se qualificar e manter interações atualizadas mais e mais, somente assim, a sala de aula não vai cair num marasmo, numa monotonia; dentro do grupo, com a orientação da tutora, temos trocado experiências riquíssimas, que nos auxiliam no dia-a-dia.
Eu, Chapeuzinho Vermelho
Quero ser a Chapeuzinho,
que vai buscar novos conhecimentos.
Posso encontrar o Lobo Mau
trazendo dentro do bolso
mil problemas para me desviar do caminho,
do meu objetivo central.
Quero chegar ao coração do meu aluno.
Sou Chapeuzinho, sim
e na minha história tem Lobo Mau também,
mas eu sei o final do conto
eu não vou deixar ele levar a melhor.
Sai pra lá preguiça, cansaço, desânimo
Que eu quero ser feliz, fazendo o que sempre quis.
Sou valorizada? Não sei...
O importante é ter a consciência tranqüila
de que todo o caminho seguido,
é de dedicação e carinho.
Ser Chapeuzinho é guardar dentro do capuz
uma varinha de condão
E quando precisar fazer mágica, tirar de dentro dele,
coelhos, flores, lenços coloridos.
Encontrar no olhar da platéia, alegria, sorrisos e rostos atentos.
Afinal, ser professor é ser mágico
e poder transformar-se no que quiser
Mulher Aranha , Batman ou Chapeuzinho Vermelho.
Celestina Vianna
domingo, 5 de outubro de 2008
Rodas de LER: Mãos dadas
Rodas de LER/Chapeuzinho Vermelho
Esta semana vivi uma experiência ímpar participando do "Rodas de LER", organizadado pela professora Hilda Lontra. Eu e a Anne ministramos três rodas: Leitura como intrumento de cidadania e Chapeuzinho Vermelho: Múltiplos gêneros e uma mesma história.
É uma pena que tivemos alguns problemas administrativos, mas de um modo geral os participantes gostaram. Eu gostei muito da experiência, é fato que a semana de extensão veio em um momento muito turbulento, pois estou realizando várias coisas e estou cheia de atividades. A primeira roda foi com a leitura da música dos Titãs - Miséria, leitura inferencial e crítica, fizemos dinâmica para apresentação dos participantes, leitura de imagens, é imperioso dizer que entre uma discussão e outra falamos dos conceitos de letramento, cidadania, leitura, tudo corroborando para o fortalecimento de que a leitura é um instrumento primordial para a cidadania. Foram muitas as leituras, as inferências, aprendi muito, a leitura compartilhada amplia de maneira muito significativa os nossos horizontes, afinal são olhares diferenciados em torno de um mesmo objeto. Com a roda de Chapeuzinho Vermelho não foi diferente, trabalhamos o conto sob o enfoque feminista, apresentamos vários textos e discutimos a (Re) evolução da mulher ao longo dos séculos, esse trabalho foi bastante prejudicado por conta dos recursos audiovisuais não funcionarem, por ser um trabalho grande tivemos que correr muito com a apresentação.
É uma pena que tivemos alguns problemas administrativos, mas de um modo geral os participantes gostaram. Eu gostei muito da experiência, é fato que a semana de extensão veio em um momento muito turbulento, pois estou realizando várias coisas e estou cheia de atividades. A primeira roda foi com a leitura da música dos Titãs - Miséria, leitura inferencial e crítica, fizemos dinâmica para apresentação dos participantes, leitura de imagens, é imperioso dizer que entre uma discussão e outra falamos dos conceitos de letramento, cidadania, leitura, tudo corroborando para o fortalecimento de que a leitura é um instrumento primordial para a cidadania. Foram muitas as leituras, as inferências, aprendi muito, a leitura compartilhada amplia de maneira muito significativa os nossos horizontes, afinal são olhares diferenciados em torno de um mesmo objeto. Com a roda de Chapeuzinho Vermelho não foi diferente, trabalhamos o conto sob o enfoque feminista, apresentamos vários textos e discutimos a (Re) evolução da mulher ao longo dos séculos, esse trabalho foi bastante prejudicado por conta dos recursos audiovisuais não funcionarem, por ser um trabalho grande tivemos que correr muito com a apresentação.
Apesar dos contratempos o saldo foi positivo, as avaliações confirmam as nossas impressões. Espero encontra-los novamente no Colóquio de Letras nos dias 06, 07 e 08 de novembro, obrigada a todos que participaram das Rodas de LER, foi um enorme prazer compartilhar leituras com vocês. Até breve!
sábado, 4 de outubro de 2008
Encontro do dia 02/10
Ler é um verbo que não admite imperativo. Daniel Pennac
Subversão total ao planejamento, exageros a parte, introduzimos o conteúdo do fascículo 4, por meio de dinâmica, foi interessante, infelizmente o tempo foi curto para tudo que fora planejado, pois discutimos muito acerca da leitura em sala de aula, talvez motivados pelo encontro com as escritoras no dia 25/09. Foram excelentes e motivadoras as contribuições dos cursistas, fiquei extremamente emocionada com o trabalho de leitura realizado pelas professoras Carmenci e Lúcia, do CEF 04 do Guará. A professora Carmenci compartilhou conosco o fato de alguns de seus alunos lerem até 15 livros por bimestre, ficamos muito orgulhosos, sem dúvida, sob quaisquer circunstâncias, é bastante significativo o número de livros lidos, sobretudo o fato de que ela acompanha essa leitura. O professor Manoel, DRE/PP-C, também compartilhou conosco a sua experiência com a leitura e disse-nos estar alcançando bons resultados, pois dedica uma aula para a leitura e instiga os alunos por meio de desafios, foi bem interessante o seu relato sobre a conquista de um leitor para "A terceira Magem do Rio".
Passamos quase todo o encontro discutindo leitura, foi bom porque coincidiu com a leitura compartilhada dos capítulos 22 e 23 do livro "Como um Romance, Daniel Pennac", o que proporcionou um amplo debate favorecendo inclusive a proposta de oralidade e reflexão gramatical do fascíulo 4. Em seguida a professora Carmenci, DRE- Guará, apresentou-nos a atividade que ela e a professora Lúcia realizarão com os seus alunos (5ª,6ª e 7ª séries) sobre o preconceito lingüístico. A professora nos disse que a comunidade escolar é constituída tanto de alunos do Guará quanto da Estrutural, disse que ambos não se esforçam para diminuir as diferenças entre eles, muito pelo contrário essas diferença são firmadas e reafirmadas por ambos. A atividade é bem interessante, há uma estimulação inicial em que se previlegia a oralidade, são feitas uma série de perguntas para fomentar o debate, bem como, um diagnóstico acerca dos conhecimentos do aluno em relação ao preconceito( várias nuances e ênfase no preconceito lingüístico), após o aquecimento será feito um trabalho com a música "Rapaz caipira"- Renato Teixeira e como fechamento os alunos trarão outras músicas para serem apresentadas e discutidas com o grupo.
Foi bastante interessante a proposta das professoras, melhor foi saber que a formação continuada tem feito a diferença na ponta, ou seja, com os alunos. Formação continuada é isso mesmo, não oferece quase nada que já não tenhamos ouvido falar, o diferencial é a socialização de experiências e angústias, o que nos faz redimensionar nossas práticas cotidianas e oferecer um ensino mais comprometido e com maior qualidade aos nossos alunos. Tenho ouvido e acompanhado nos portfólios a realização de várias atividades motivadas pelos conteúdos apresentados e discutidos durante o curso, isso me faz muito bem e certamente fará bem aos meus formadores da UnB, mas, seguramente, nenhum de nós ficará mais feliz que os alunos, que sentirão no dia-a-dia os reflexos desse novo modelo de ensino/aprendizagem.
Parabéns Carmenci e Lúcia e a todos os cursistas do módulo II, vocês fazem a diferença na educação.
Uma boa semana a todos e até mais!
sábado, 27 de setembro de 2008
O manejo da palavra
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Semana de 22 a 26
Lutar com palavras é a luta mais vã.Entanto lutamos mal rompe a manhã.São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida(C.D).
Assim estou!!
Passei a semana lutando com as palavras, nesse instante estou em combate, devo registrar que estou em desvantagem. É tão interessante os acontecimentos ao nosso redor, especialmente esta semana, estive às voltas com a escrita...difícil manejo da palavra. Já na segunda-feira tentei atualizar o diário do CFORM, como faltava algumas informações, deixei-o de lado(temporariamente) e dei vazão a minha( suposta) criatividade em algumas páginas da minha monografia. Escrevi, escrevi...ao ler o que tinha escrito( empolgadíssima) tive a nítida sensação de que o texto estava muito repetitivo, sem atrativo, trocando em miúdos, um horror. Inspiração é algo muito interessante! Dia desses estava inspirada e rapidamente escrevi quatro páginas, pensei: Agora vai. Não foi. Olhei o relógio e precisava buscar minha filha no colégio, desde então não voltei ao capítulo que( teoricamente) fluía tão bem. Estou sem paciência para escrever, essa é a verdade, entretanto não posso deixar de fazê-lo, então, escrevo neste momento. Esta pequena introdução acerca da minha paralisia escritora é só para ilustrar o fato de que esta semana foi recheada de informações sobre o processo da escrita, sobretudo, os deveres relativos à escrita. Foram várias as mensagens, por vezes explícitas, em nosso encontro semanal na EAPE planejamos o evento para os cursistas e o debate, falamos muito sobre a resenha( todos muito preocupados), na quinta-feira (25) tivemos um delicioso encontro com as escritoras Lucília Garcez e Margarida Patriota, com destaque para o mediador João Bosco( escritor da Casa de autores) e encontro na UnB, paralelo a isso eu e minha colega Anne tivemos que planejar uma atividade para a Semana de Extensão da UnB, participaremos da "Rodas de LER", da profa Hilda Lontra, terça, quarta e quinta-feira, de 18h às 20h. Terça-feira acertamos os detalhes do evento " O manejo da palavra" e em seguida nos reunimos para planejar o trabalho solicitado pelo prof. Dioney, felizmente não foi díficil chegarmos a um denominador comum em relação ao tema, nota 10 para o feeling dos tutores Maurício e Lenita na organização das idéias, nota 10 para as excelentes contribuições da Lúcia. O encontro com as escritoras foi muito bom, a experiência de ambas com a leitura, o relato da formação leitora, as questões levantadas pelos cursistas, tudo muito pertinente e, certamente, muito enriquecedor para todos que lá estiveram. Hoje na UnB a palavra do dia foi alívio! Socializamos as nossas experiências de trabalho com o filme Desmundo. Os relatos foram supreendentes, foi muito interessante perceber os diversos direcionamentos dados no planejamento com o filme, todos os tutores desde o início planejaram as suas atividades com muita empolgação, ao passo que eu relatei o caminho inverso ocorrido comigo, pois a partir do olhar dos meus cursistas eu puder enxergar o filme e hoje, seguramente, teria outras maneiras de encaminhar um trabalho de leitura. Mas não foi a socialização que nos trouxe alívio, mas o fato de o prof. Dioney ter nos dado mais tempo para prduzir a resenha do livro Raízes do Brasil. Eu sou do grupo dos retardatários e dos sem inspiração, terminei de ler o livro hoje e estou encantada. Registro que às vezes é importante a imposição da leitura, pois dificilmente eu me daria esse presente, principalmente na situação de risco em que me encontro. O livro é um presente, não o recebi assim, mas o transformei à medida que ia lendo. Um registro muito esclarecedor, o apanhado histórico e social, bem como as comparações utilizadas pelo autor serve de estratégia de envolvimento do leitor, mesmo porque com o avançar da leitura passamos a identificar inúmeros fenômenos e estruturas que ainda hoje perduram em nossa sociedade. Gostei muito do livro, do Abaporu na capa e comecei a pensar sobre a intencionalidade daquela imagem, do título, o entrecruzar de imagem e palavra, do que a terra e as raízes representam para nós brasileiros.... conhecimento gera conhecimento é um continuo, vou tentar expor as minhas impressões na resenha. A semana foi muito corrida, faltou-me tempo para muchas cosas, amanhã(sábado) ainda tenho atividades da pós-graduação, resta-me ou melhor dizendo, reservo o domingo para dedicar-me aos meus dois amores que estão reclamando a minha ausência. Boa semana e até mais!!!
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Encontro com escritoras
Cada um de nós é um texto no corpo que ocupa.
Eliana Sarreta
O manejo da palavra
na leitura e na escrita
com
Lucília Garcez
&
Margarida Patriota
Escola Parque 308 Sul
25 de setembro de 2008
8h30 e 14h
Eliana Sarreta
O manejo da palavra
na leitura e na escrita
com
Lucília Garcez
&
Margarida Patriota
Escola Parque 308 Sul
25 de setembro de 2008
8h30 e 14h
José Saramago/Conversa informal sobre o trabalho do escritor
Publicado na Folha de São Paulo, São Paulo, sábado, 6 de maio de 1989.
Da Redação
O escritor português José Saramago esteve na Folha dia 27 de abril para uma conversa informal sobre o trabalho do escritor. Como um escritor escreve? Por que escreve? Há vocação, não há vocação, há livros mais ou menos fortes, os autores projetam seus livros? Saramago, um homem afável e elegante de 65 anos respondeu a todas as perguntas, "sem fintas". Estavam presentes também a escritora Lygia Fagundes Telles, o poeta e tradutor Horácio Costa, o escritor José Silvério Trevisan e as professoras Maria Aparecida Santilli e Wilma Arêas. Falou-se de livros, máquinas de escrever, transverberação e enfartes, da crítica e da relação entre os comunistas e os escritores. A reunião durou duas horas. "Letras" publica uma parte dessa conversa.Folha — Como o sr. escreve? Começa o livro escrevendo à caneta e passa à máquina de escrever, usa o computador direto, dita em um gravador?
José Saramago — Eu escrevia numa máquina de escrever. Depois de ter começado numa caneta, há muitos e muitos anos, quando não havia sequer esferográficas - nunca usei esferográfica, porque é um tipo de escrita que nunca me agradou, uma escrita sempre igual - passei a escrever diretamente à máquina, a partir de uma experiência jornalística que tive em 72/73. Por circunstâncias alheias à minha vontade eu estava a trabalhar numa editora e tive de ir trabalhar para um jornal. Evidentemente eu nunca tive uma formação jornalística, nem uma vocação jornalística, digamos; foi alguma coisa que tive de fazer contra vontade. E aí a regra mandava que se tinha de escrever à máquina. Devo algumas coisas ao jornalismo. Com certeza, do ponto de vista tecnológico devo isso. Como estava obrigado a escrever à máquina, habituei-me de tal forma a isso que depois e até hoje, seria completamente incapaz de escrever, enfim, com a velha caneta a tinta permanente, e tampouco com a esferográfica, porque me dá a idéia de que tudo escreve mais depressa - ou que tudo escreve mais devagar do que aquilo que eu necessito. A minha máquina era uma máquina velhíssima, que tinha pelo menos 30 anos, uma Hermes Média, toda ela metálica, que já não se fabrica mais, evidentemente. Chegou a um tal estado de depauperamento físico, que quando se avariava, o mecânico, por duas ou três vezes, teve de fabricar peças para que ela pudesse continuar a funcionar. Essa máquina de escrever deu o último suspiro com o final da história do cerco de Lisboa.
Folha — E agora?
José Saramago — Neste momento tenho um processador de texto, atualizei-me tecnologicamente e estou diante duma inquietante dúvida: do que serei capaz de escrever com essa figura nova, que já não tem aquele ar familiar da minha máquina de escrever e é uma coisa que tem umas luzes que acendem e apagam e tudo o mais? Enfim, eu já me habituei e penso que vou continuar com ele. Eu sempre tive a preocupação de folha limpa, sem correções. Agora com as novas tecnologias isto já não é assim, porque o texto está sempre limpo. Eu levava tão longe esta preocupação, que se me enganava, por exemplo com um erro de digitação - em vez de pôr um "m" metia o "o", por exemplo, na primeira, segunda ou terceira linhas -, minha dificuldade em aguentar o texto sujo ia ao ponto de arrancar a folha e tirá-la fora. A partir da décima linha ou coisa que o valha, já admitia que me pudesse enganar, mas normalmente, e isso verificou-se muito neste último livro. Se ao fim de um dia de trabalho escrevia três ou quatro páginas, por exemplo, vinha um segundo tempo, digamos, desse mesmo trabalho: corrigir essas três ou quatro páginas e limpá-las de forma que quando fossem juntar-se às outras já estivessem limpas. Isto significa que quando eu cheguei ao fim do livro tinha praticamente o livro escrito e revisto, apenas com algumas emendas que eram necessárias. Tanto assim que nem foi preciso passar outra vez a limpo para o entregar ao editor. Tenho, de fato, a mania da página higiênica, embora ache perfeitamente fascinante olhar para uma prova vista pelo Eça de Queiroz, por exemplo, ou por Balzac, que são coisas perfeitamente alucinantes. Há provas do Eça de Queiroz, e são já as provas tipográficas, em que aquilo que ficou de 20 linhas, por exemplo, é uma linha e meia, porque o resto foi todo destruído, modificado. Eram tempos em que a mão-de-obra era barata e o compositor tipográfico podia fazer e desfazer e tornar a fazer, que o livro nunca saía caro.
Folha — Você precisa ter uma situação psicologicamente muito definida ou já chegou num ponto em que é só fazer um "clic" e a musa pinta de lá de dentro?
José Saramago — Eu penso que sofro apenas de um tipo de condicionamento: sou incapaz de escrever fora de casa. Escrever num hotel ou coisa assim. Há, realmente, colegas meus que vão acabar um livro em um hotel. Sou um homem que tem uma rotina, sou muito rotineiro a trabalhar. Não atuo por impulso, tenho consciência de que a primeira coisa necessária para escrever é sentar-se uma pessoa na cadeira e esperar. Eu não vou sentar porque tenho o impulso de escrever, eu sento-me para que esse impulso venha. É como quem tem que se pôr a jeito para que as coisas sucedam. Provavelmente isto desilude, vai decepcionar aquelas pessoas que têm do ofício do escritor uma visão romântica, arrebatada, byroniana, se quisermos. Eu não sou, quer dizer, não me vejo como um funcionário da escrita.
Folha — Você projeta os seus romances? Ou seja, você projeta a ação, você projeta o esquema narrativo antes? Como é que você concebe os romances? Eu sei, por exemplo, que essa história do cerco de Lisboa já vem de alguns anos.
José Saramago — A idéia inicial da "História do Cerco de Lisboa" é de 72 ou 73. Já é uma idéia, mas não é mais que uma idéia, um cerco de Lisboa. Naquela altura nem sequer tinha algo a ver com um cerco histórico. Era uma situação de cerco um pouco fantástica. Depois deste tempo todo nem sou capaz de ter uma idéia já muito definida disso. Essa idéia foi de 72 ou 73. Desde então eu escrevi sete ou oito livros com esse tema sempre vivendo cá dentro. Já se vê que há um tempo para ter as idéias e há um tempo para que elas possam ser realizadas. Mas como é que as idéias surgem? É um bocado difícil. Eu não tenho um plano, eu não fiz como, digamos, o grande mestre Balzac, que fez um plano, numa certa altura de sua vida e depois resolveu arregaçar as mangas e dizer agora vou fazer isto, realizar este plano. Um livro nasce-me porque tem que nascer e não porque eu tenha decidido antes.
Folha — Na entrevista que o sr. deu à Folha há quinze dias, o sr. comentou a questão da força de dois livros, a Bíblia e o Alcorão. Como escritor, essa força que os livros têm sempre esteve na sua consciência ou de repente foi uma surpresa?
José Saramago — Eu acho que os livros não têm essa força. Os livros não têm força alguma. O que acontece é que um ou dois ou três tenham uma força, que não lhes vêm do fato de ser um livro, mas do fato de serem códigos. De serem códigos, de serem leis, porque no fundo o Alcorão não é outra coisa se não isso, a Bíblia não é outra coisa se não isso e a Torá não é outra coisa se não isso. Representa uma lei que tem duas faces, uma lei que é lei humana, porque a Bíblia sabemos muito bem que no Antigo Testamento é feita por uma sociedade concreta, de homens concretos, que estão ali e que vão ser regidos por aquelas leis. E há o lado que é o da suposta revelação, a face divina. Dois livros ou três tomaram realmente uma força exorbitante. Não há nenhuma razão para que esses livros tenham mais força do que qualquer outro livro. Objetivamente não há, porque foram escritos pelas mãos de homens, não com processadores de textos, nem com máquinas de escrever, mas foram as mesmas mãos de homens que os escreveram. O que pode ser assustador - porque o é de fato - é como é que em nome dum livro se faz o que se faz. Se nós pensarmos, tudo isto é assustador. É evidente que esta súbita revelação, esta revelação do escândalo, eu a chamo assim, é muito recente.
Folha — Você considera escrever um ato de que? Você classificaria como o quê esse gesto extremo, coragem?
José Saramago — Eu diria assim, desta maneira muito simples, um ato de escrever é só um ato. Não é nada mais do que isto. Não lhe chamo ato de coragem. Eu sou provavelmente, escandalosamente, prosaico. Não acredito em vocação. Só se pode ter - imaginando que a vocação exista - vocação para as profissões que já existem. Na verdade é a própria necessidade social que vai criando as atividades e as profissões e depois nós vamos para elas. Às vezes, dizemos que fomos para elas porque não tivemos outra solução. Mas, também podemos, somos capazes de dizer, ah, eu fui para isto pela minha vocação. Mas qual vocação? Ninguém pode ter a vocação para a informática antes de a informática existir. Eu vou dizer uma coisa terrível. A transverberação de santa Teresa de Jesus, santa Teresa D´Ávila, o êxtase dela, e peço desculpas se ofendo os crentes, acho que ela teve simplesmente um enfarte do miocárdio. Quer dizer, a agudíssima dor no coração que ela atribuía a Jesus, que a estava transpassando com o raio fulminante do seu amor, não era mais que um enfarte do miocárdio, porque eu presumo que naquele século já havia enfartes de miocárdio.
Folha — Como você concilia o escritor e o comunista? Como é que a coisa se processa agora no seu cotidiano?
José Saramago — Eu acho extremamente interessante essa pergunta, que é fatal, é uma pergunta que vem sempre: como é que você sendo comunista e escritor, como é sua relação com o partido e tudo isso e tal. Mas, é lamento, uma pergunta feita como se um comunista fosse um caso particular da humanidade. Essa pergunta nunca é feita a um escritor de direita. Nunca. Não há memória de que a um escritor de direita, mesmo que seja um reacionário completo, de alguém perguntar-lhe que relação você tem, sendo escritor, com o partido onde você está, que é a coisa pior que há no mundo, de reacionarismo, fascista e tudo o mais. A esse nunca se pergunta. Mas ao escritor que caiu em comunista ou comunista que caiu em escritor, sempre a pergunta vem. Então, eu direi que, tal como no conjunto dessas coisas já ficou claro que tenho uma relação pacífica com as coisas do meu trabalho e na relação que o meu trabalho tem com os outros, que não há relação mais pacífica que aquela que eu tenho com as minhas convicções, em primeiro lugar, com o partido que consubstancia, digamos, assim, essas mesmas convicções. Sou dentro e fora desse partido - fora quando não estou em relação direta com ele, dentro quando há o momento, quando estou em seu nome -, digamos assim, há uma relação de perfeita lealdade, de perfeita responsabilidade e de perfeita liberdade. Quer dizer, eu escrevo exatamente o que quero, exatamente como quero, sem nenhuma prévia determinação, orientação, conselho, aviso, prevenção, arranjo todas as palavras que quiserem, vindas direta ou indiretamente do meu partido. E por uma razão imediata e simplicissima, é que eu sendo convictamente aquilo que sou, também convictamente acho que o meu partido não é competente em matéria literária.
Folha — Como é o seu diálogo com a crítica, se é que existe ou lhe interessa?
José Saramago — Há, realmente, uma certa crítica, que se comporta, digamos, atravessando os passos às escuras, onde se pode pensar porque não se vê o que lá está, está vazio. Esse tipo de crítica leva archote e escolhe um caminho, vai às escuras. Só vê aquilo que o seu próprio archote vai iluminando. Essa é a crítica que, no fundo, só vê o que está no seu caminho, o que significa que só vê o que está no caminho que escolheu. Se escolheu ignorar o resto, o archote não chega lá. Não vai usar archote. Só falará daquilo que o seu próprio archote iluminará. Bom, isso aplica-se a qualquer país do mundo porque, infelizmente, há muita crítica que se comporta desta maneira. A relação com a crítica em Portugal, neste momento, é bastante boa, provavelmente porque praticamente não existe crítica. Há um outro jornal que faz recensões. Quer dizer, algo que não é o que estamos a falar, da crítica, crítica, crítica. Às vezes, recensões feitas com inteligência, com sensibilidade, feitas por pessoas que, enfim, tem alguma capacidade, mas que não significa, de modo geral uma preparação clara, enfim, quer acadêmica, quer não, mas que justifique exatamente essa espécie de missão, de intermediários entre o autor e o público. Já que, realmente, a grande função da crítica é essa. Não é dar lições ao autor, porque o autor não as quer. Não as quer e ainda que quisesse recebê-las, não pode. Não pode, o autor tem o seu caminho próprio e ficará muito aborrecido se lhe disserem que seu livro é mau. Ele, aliás, vai escrever outro livro mau pelas mesmas suas próprias razões. Enfim, não há que fugir disto. Agora, para o público é indispensável. Então, digamos, o que está a acontecer hoje numa relação, a relação entre o público e o autor em Portugal está a fazer-se diretamente. Não passa pela mediação da crítica. A crítica, enfim, vai falando. Os críticos que há, que —repito— não são muitos, vão, enfim, falando dos livros e tudo o mais, mas é realmente uma relação direta entre público e autor.
Folha — Que é o ideal.
José Saramago — Eu não diria que é o ideal, porque, na verdade, embora eu tenha dito aqui algumas palavras, enfim, não muito lisonjeiras para um certo tipo de crítica, a verdade é que eu considero a crítica necessária. Eu considero a crítica indispensável.
Fonte: http://almanaque.folha.uol.com.br/entsaramago.htm
Da Redação
O escritor português José Saramago esteve na Folha dia 27 de abril para uma conversa informal sobre o trabalho do escritor. Como um escritor escreve? Por que escreve? Há vocação, não há vocação, há livros mais ou menos fortes, os autores projetam seus livros? Saramago, um homem afável e elegante de 65 anos respondeu a todas as perguntas, "sem fintas". Estavam presentes também a escritora Lygia Fagundes Telles, o poeta e tradutor Horácio Costa, o escritor José Silvério Trevisan e as professoras Maria Aparecida Santilli e Wilma Arêas. Falou-se de livros, máquinas de escrever, transverberação e enfartes, da crítica e da relação entre os comunistas e os escritores. A reunião durou duas horas. "Letras" publica uma parte dessa conversa.Folha — Como o sr. escreve? Começa o livro escrevendo à caneta e passa à máquina de escrever, usa o computador direto, dita em um gravador?
José Saramago — Eu escrevia numa máquina de escrever. Depois de ter começado numa caneta, há muitos e muitos anos, quando não havia sequer esferográficas - nunca usei esferográfica, porque é um tipo de escrita que nunca me agradou, uma escrita sempre igual - passei a escrever diretamente à máquina, a partir de uma experiência jornalística que tive em 72/73. Por circunstâncias alheias à minha vontade eu estava a trabalhar numa editora e tive de ir trabalhar para um jornal. Evidentemente eu nunca tive uma formação jornalística, nem uma vocação jornalística, digamos; foi alguma coisa que tive de fazer contra vontade. E aí a regra mandava que se tinha de escrever à máquina. Devo algumas coisas ao jornalismo. Com certeza, do ponto de vista tecnológico devo isso. Como estava obrigado a escrever à máquina, habituei-me de tal forma a isso que depois e até hoje, seria completamente incapaz de escrever, enfim, com a velha caneta a tinta permanente, e tampouco com a esferográfica, porque me dá a idéia de que tudo escreve mais depressa - ou que tudo escreve mais devagar do que aquilo que eu necessito. A minha máquina era uma máquina velhíssima, que tinha pelo menos 30 anos, uma Hermes Média, toda ela metálica, que já não se fabrica mais, evidentemente. Chegou a um tal estado de depauperamento físico, que quando se avariava, o mecânico, por duas ou três vezes, teve de fabricar peças para que ela pudesse continuar a funcionar. Essa máquina de escrever deu o último suspiro com o final da história do cerco de Lisboa.
Folha — E agora?
José Saramago — Neste momento tenho um processador de texto, atualizei-me tecnologicamente e estou diante duma inquietante dúvida: do que serei capaz de escrever com essa figura nova, que já não tem aquele ar familiar da minha máquina de escrever e é uma coisa que tem umas luzes que acendem e apagam e tudo o mais? Enfim, eu já me habituei e penso que vou continuar com ele. Eu sempre tive a preocupação de folha limpa, sem correções. Agora com as novas tecnologias isto já não é assim, porque o texto está sempre limpo. Eu levava tão longe esta preocupação, que se me enganava, por exemplo com um erro de digitação - em vez de pôr um "m" metia o "o", por exemplo, na primeira, segunda ou terceira linhas -, minha dificuldade em aguentar o texto sujo ia ao ponto de arrancar a folha e tirá-la fora. A partir da décima linha ou coisa que o valha, já admitia que me pudesse enganar, mas normalmente, e isso verificou-se muito neste último livro. Se ao fim de um dia de trabalho escrevia três ou quatro páginas, por exemplo, vinha um segundo tempo, digamos, desse mesmo trabalho: corrigir essas três ou quatro páginas e limpá-las de forma que quando fossem juntar-se às outras já estivessem limpas. Isto significa que quando eu cheguei ao fim do livro tinha praticamente o livro escrito e revisto, apenas com algumas emendas que eram necessárias. Tanto assim que nem foi preciso passar outra vez a limpo para o entregar ao editor. Tenho, de fato, a mania da página higiênica, embora ache perfeitamente fascinante olhar para uma prova vista pelo Eça de Queiroz, por exemplo, ou por Balzac, que são coisas perfeitamente alucinantes. Há provas do Eça de Queiroz, e são já as provas tipográficas, em que aquilo que ficou de 20 linhas, por exemplo, é uma linha e meia, porque o resto foi todo destruído, modificado. Eram tempos em que a mão-de-obra era barata e o compositor tipográfico podia fazer e desfazer e tornar a fazer, que o livro nunca saía caro.
Folha — Você precisa ter uma situação psicologicamente muito definida ou já chegou num ponto em que é só fazer um "clic" e a musa pinta de lá de dentro?
José Saramago — Eu penso que sofro apenas de um tipo de condicionamento: sou incapaz de escrever fora de casa. Escrever num hotel ou coisa assim. Há, realmente, colegas meus que vão acabar um livro em um hotel. Sou um homem que tem uma rotina, sou muito rotineiro a trabalhar. Não atuo por impulso, tenho consciência de que a primeira coisa necessária para escrever é sentar-se uma pessoa na cadeira e esperar. Eu não vou sentar porque tenho o impulso de escrever, eu sento-me para que esse impulso venha. É como quem tem que se pôr a jeito para que as coisas sucedam. Provavelmente isto desilude, vai decepcionar aquelas pessoas que têm do ofício do escritor uma visão romântica, arrebatada, byroniana, se quisermos. Eu não sou, quer dizer, não me vejo como um funcionário da escrita.
Folha — Você projeta os seus romances? Ou seja, você projeta a ação, você projeta o esquema narrativo antes? Como é que você concebe os romances? Eu sei, por exemplo, que essa história do cerco de Lisboa já vem de alguns anos.
José Saramago — A idéia inicial da "História do Cerco de Lisboa" é de 72 ou 73. Já é uma idéia, mas não é mais que uma idéia, um cerco de Lisboa. Naquela altura nem sequer tinha algo a ver com um cerco histórico. Era uma situação de cerco um pouco fantástica. Depois deste tempo todo nem sou capaz de ter uma idéia já muito definida disso. Essa idéia foi de 72 ou 73. Desde então eu escrevi sete ou oito livros com esse tema sempre vivendo cá dentro. Já se vê que há um tempo para ter as idéias e há um tempo para que elas possam ser realizadas. Mas como é que as idéias surgem? É um bocado difícil. Eu não tenho um plano, eu não fiz como, digamos, o grande mestre Balzac, que fez um plano, numa certa altura de sua vida e depois resolveu arregaçar as mangas e dizer agora vou fazer isto, realizar este plano. Um livro nasce-me porque tem que nascer e não porque eu tenha decidido antes.
Folha — Na entrevista que o sr. deu à Folha há quinze dias, o sr. comentou a questão da força de dois livros, a Bíblia e o Alcorão. Como escritor, essa força que os livros têm sempre esteve na sua consciência ou de repente foi uma surpresa?
José Saramago — Eu acho que os livros não têm essa força. Os livros não têm força alguma. O que acontece é que um ou dois ou três tenham uma força, que não lhes vêm do fato de ser um livro, mas do fato de serem códigos. De serem códigos, de serem leis, porque no fundo o Alcorão não é outra coisa se não isso, a Bíblia não é outra coisa se não isso e a Torá não é outra coisa se não isso. Representa uma lei que tem duas faces, uma lei que é lei humana, porque a Bíblia sabemos muito bem que no Antigo Testamento é feita por uma sociedade concreta, de homens concretos, que estão ali e que vão ser regidos por aquelas leis. E há o lado que é o da suposta revelação, a face divina. Dois livros ou três tomaram realmente uma força exorbitante. Não há nenhuma razão para que esses livros tenham mais força do que qualquer outro livro. Objetivamente não há, porque foram escritos pelas mãos de homens, não com processadores de textos, nem com máquinas de escrever, mas foram as mesmas mãos de homens que os escreveram. O que pode ser assustador - porque o é de fato - é como é que em nome dum livro se faz o que se faz. Se nós pensarmos, tudo isto é assustador. É evidente que esta súbita revelação, esta revelação do escândalo, eu a chamo assim, é muito recente.
Folha — Você considera escrever um ato de que? Você classificaria como o quê esse gesto extremo, coragem?
José Saramago — Eu diria assim, desta maneira muito simples, um ato de escrever é só um ato. Não é nada mais do que isto. Não lhe chamo ato de coragem. Eu sou provavelmente, escandalosamente, prosaico. Não acredito em vocação. Só se pode ter - imaginando que a vocação exista - vocação para as profissões que já existem. Na verdade é a própria necessidade social que vai criando as atividades e as profissões e depois nós vamos para elas. Às vezes, dizemos que fomos para elas porque não tivemos outra solução. Mas, também podemos, somos capazes de dizer, ah, eu fui para isto pela minha vocação. Mas qual vocação? Ninguém pode ter a vocação para a informática antes de a informática existir. Eu vou dizer uma coisa terrível. A transverberação de santa Teresa de Jesus, santa Teresa D´Ávila, o êxtase dela, e peço desculpas se ofendo os crentes, acho que ela teve simplesmente um enfarte do miocárdio. Quer dizer, a agudíssima dor no coração que ela atribuía a Jesus, que a estava transpassando com o raio fulminante do seu amor, não era mais que um enfarte do miocárdio, porque eu presumo que naquele século já havia enfartes de miocárdio.
Folha — Como você concilia o escritor e o comunista? Como é que a coisa se processa agora no seu cotidiano?
José Saramago — Eu acho extremamente interessante essa pergunta, que é fatal, é uma pergunta que vem sempre: como é que você sendo comunista e escritor, como é sua relação com o partido e tudo isso e tal. Mas, é lamento, uma pergunta feita como se um comunista fosse um caso particular da humanidade. Essa pergunta nunca é feita a um escritor de direita. Nunca. Não há memória de que a um escritor de direita, mesmo que seja um reacionário completo, de alguém perguntar-lhe que relação você tem, sendo escritor, com o partido onde você está, que é a coisa pior que há no mundo, de reacionarismo, fascista e tudo o mais. A esse nunca se pergunta. Mas ao escritor que caiu em comunista ou comunista que caiu em escritor, sempre a pergunta vem. Então, eu direi que, tal como no conjunto dessas coisas já ficou claro que tenho uma relação pacífica com as coisas do meu trabalho e na relação que o meu trabalho tem com os outros, que não há relação mais pacífica que aquela que eu tenho com as minhas convicções, em primeiro lugar, com o partido que consubstancia, digamos, assim, essas mesmas convicções. Sou dentro e fora desse partido - fora quando não estou em relação direta com ele, dentro quando há o momento, quando estou em seu nome -, digamos assim, há uma relação de perfeita lealdade, de perfeita responsabilidade e de perfeita liberdade. Quer dizer, eu escrevo exatamente o que quero, exatamente como quero, sem nenhuma prévia determinação, orientação, conselho, aviso, prevenção, arranjo todas as palavras que quiserem, vindas direta ou indiretamente do meu partido. E por uma razão imediata e simplicissima, é que eu sendo convictamente aquilo que sou, também convictamente acho que o meu partido não é competente em matéria literária.
Folha — Como é o seu diálogo com a crítica, se é que existe ou lhe interessa?
José Saramago — Há, realmente, uma certa crítica, que se comporta, digamos, atravessando os passos às escuras, onde se pode pensar porque não se vê o que lá está, está vazio. Esse tipo de crítica leva archote e escolhe um caminho, vai às escuras. Só vê aquilo que o seu próprio archote vai iluminando. Essa é a crítica que, no fundo, só vê o que está no seu caminho, o que significa que só vê o que está no caminho que escolheu. Se escolheu ignorar o resto, o archote não chega lá. Não vai usar archote. Só falará daquilo que o seu próprio archote iluminará. Bom, isso aplica-se a qualquer país do mundo porque, infelizmente, há muita crítica que se comporta desta maneira. A relação com a crítica em Portugal, neste momento, é bastante boa, provavelmente porque praticamente não existe crítica. Há um outro jornal que faz recensões. Quer dizer, algo que não é o que estamos a falar, da crítica, crítica, crítica. Às vezes, recensões feitas com inteligência, com sensibilidade, feitas por pessoas que, enfim, tem alguma capacidade, mas que não significa, de modo geral uma preparação clara, enfim, quer acadêmica, quer não, mas que justifique exatamente essa espécie de missão, de intermediários entre o autor e o público. Já que, realmente, a grande função da crítica é essa. Não é dar lições ao autor, porque o autor não as quer. Não as quer e ainda que quisesse recebê-las, não pode. Não pode, o autor tem o seu caminho próprio e ficará muito aborrecido se lhe disserem que seu livro é mau. Ele, aliás, vai escrever outro livro mau pelas mesmas suas próprias razões. Enfim, não há que fugir disto. Agora, para o público é indispensável. Então, digamos, o que está a acontecer hoje numa relação, a relação entre o público e o autor em Portugal está a fazer-se diretamente. Não passa pela mediação da crítica. A crítica, enfim, vai falando. Os críticos que há, que —repito— não são muitos, vão, enfim, falando dos livros e tudo o mais, mas é realmente uma relação direta entre público e autor.
Folha — Que é o ideal.
José Saramago — Eu não diria que é o ideal, porque, na verdade, embora eu tenha dito aqui algumas palavras, enfim, não muito lisonjeiras para um certo tipo de crítica, a verdade é que eu considero a crítica necessária. Eu considero a crítica indispensável.
Fonte: http://almanaque.folha.uol.com.br/entsaramago.htm
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Pesquisa aponta queda no número de estudantes no Brasil; nível de escolaridade sobe
LUISA BELCHIORColaboração para a Folha Online, no Rio
O nível de escolaridade da população brasileira aumentou em 2007, mas havia menos estudantes nas salas de aulas que em 2006. No ano passado, 56,3 milhões de brasileiros estudavam --0,5% menos que no ano anterior.
Os dados constam da Pnad 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quinta-feira. A pesquisa, que faz levantamentos socioeconômicos anuais da população brasileira, coletou dados em 147.851 domicílios de 851 municípios do Brasil.
Apesar de registrar queda no número de estudantes, a Pnad mostra uma melhora no grau de instrução entre os que estudam. Em 2007, 30,4% da população brasileira em idade ativa (acima de dez anos de idade) tinha 11 anos de estudo. Em um período de 15 anos, este índice mais que dobrou: era de 14,1% em 1992.
Entre a população com idade ativa, os que trabalhavam tinham mais anos de estudos que os desocupados, afirma a Pnad. Em 2007, a população com mais de dez anos de idade que trabalhava tinha em média de 7,7 anos de estudo, contra 6,9 da população com mais de dez anos (incluindo ocupados e desocupados).
A queda mais acentuada do número de estudantes em 2007 aconteceu na região Centro-Oeste --foram 2,2% a menos que em 2006. Já os Estados do Sul apresentaram os melhores índices. Em Santa Catarina, 99% das crianças e jovens de 7 a 14 anos estavam em salas de aula em 2007, mostra a Pnad.
Entre os alunos mais novos, de 4 ou 5 anos de idade, o maior crescimento ocorreu no Norte do país: 56,7% das crianças nessa idade freqüentaram a escola na região, contra 54,6% em 2006.
Redes pública e privada
A rede pública ainda concentra a maior parte dos estudantes brasileiros. Em 2007, 79,2% dos estudantes, ou 44,5 milhões de pessoas, estudavam em instituições públicas de ensino.
Mas a rede privada se faz cada vez mais presente, sobretudo no ensino superior. Ela concentrou, em 2007, 76% dos estudantes de nível superior, ou 4,7 milhões de pessoas. Em 2006, o ensino superior privado tinha 4,4 milhões de estudantes.
No ensino superior público também houve crescimento de alunos, mas menor que no privado: de 1,4 milhão em 2006 para 1,5 milhão em 2007.
O nível de escolaridade da população brasileira aumentou em 2007, mas havia menos estudantes nas salas de aulas que em 2006. No ano passado, 56,3 milhões de brasileiros estudavam --0,5% menos que no ano anterior.
Os dados constam da Pnad 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quinta-feira. A pesquisa, que faz levantamentos socioeconômicos anuais da população brasileira, coletou dados em 147.851 domicílios de 851 municípios do Brasil.
Apesar de registrar queda no número de estudantes, a Pnad mostra uma melhora no grau de instrução entre os que estudam. Em 2007, 30,4% da população brasileira em idade ativa (acima de dez anos de idade) tinha 11 anos de estudo. Em um período de 15 anos, este índice mais que dobrou: era de 14,1% em 1992.
Entre a população com idade ativa, os que trabalhavam tinham mais anos de estudos que os desocupados, afirma a Pnad. Em 2007, a população com mais de dez anos de idade que trabalhava tinha em média de 7,7 anos de estudo, contra 6,9 da população com mais de dez anos (incluindo ocupados e desocupados).
A queda mais acentuada do número de estudantes em 2007 aconteceu na região Centro-Oeste --foram 2,2% a menos que em 2006. Já os Estados do Sul apresentaram os melhores índices. Em Santa Catarina, 99% das crianças e jovens de 7 a 14 anos estavam em salas de aula em 2007, mostra a Pnad.
Entre os alunos mais novos, de 4 ou 5 anos de idade, o maior crescimento ocorreu no Norte do país: 56,7% das crianças nessa idade freqüentaram a escola na região, contra 54,6% em 2006.
Redes pública e privada
A rede pública ainda concentra a maior parte dos estudantes brasileiros. Em 2007, 79,2% dos estudantes, ou 44,5 milhões de pessoas, estudavam em instituições públicas de ensino.
Mas a rede privada se faz cada vez mais presente, sobretudo no ensino superior. Ela concentrou, em 2007, 76% dos estudantes de nível superior, ou 4,7 milhões de pessoas. Em 2006, o ensino superior privado tinha 4,4 milhões de estudantes.
No ensino superior público também houve crescimento de alunos, mas menor que no privado: de 1,4 milhão em 2006 para 1,5 milhão em 2007.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Menos de 1% prioriza educação ao votar, indica pesquisa
Bom para refletir!
Agencia Estado
O brasileiro não prioriza a educação na hora de votar, constatou a primeira edição da pesquisa anual do Ibope sobre educação. De acordo com o levantamento, menos de 1% da população considera as propostas para a educação determinantes na escolha do prefeito. O estudo revela ainda que 68% dos entrevistados não têm a menor idéia do que o atual governante está fazendo pela educação em seu município.Na avaliação do ministro da Educação, Fernando Haddad, o desinteresse pela educação parte das classes dirigentes. "O que temos que fazer é sensibilizar a classe política, os empresários e a sociedade civil de que educação é a base da civilização. Sem ela, não há crescimento econômico distribuição de renda, queda da criminalidade. É um trabalho de longo prazo, pois no Brasil é muito recente esse despertar para o valor da educação", disse o ministro no lançamento do movimento Educar para Crescer, quando foi divulgada a pesquisa, no Museu da Casa Brasileira, em SP.Na pesquisa do Ibope foram ouvidas mil pessoas, com idade entre 16 e 69 anos, de todas as classe sociais, moradoras de nove regiões metropolitanas do País: Salvador, Fortaleza, Recife, Distrito Federal, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
Poema de um aluno da APAE
ILUSÕES DO AMANHÃ
"Por que eu vivo procurando um motivo de viver, Se a vida às vezes parece de mim esquecer? Procuro em todas, mas todas não são você. Eu quero apenas viver, se não for para mim, que seja pra você.
Mas às vezes você parece me ignorar, Sem nem ao menos me olhar, Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr. Eu vou me achar, pra mais tarde em você, me perder.
Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito? Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão, Juntando pedaços de mim que caíam ao chão, Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo, que acredita num sonho, Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor, Para carregar junto ao peito, E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...Sou um tolo que acredita, ainda, no amor".
PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos - APAE)
Este poema acima foi escrito por um aluno da APAE, chamado, pela sociedade, de excepcional.. Sim excepcional, excepcional sensibilidade pras coisas da vida e suas relações!!!
Ele tem 28 anos, com idade mental de 15 e entendo que vale a pena divulgar por três motivos: Qualidade: Bem escrito, de facil leitura e assimilação de conteúdo. Mérito do autor;Competência: O que é bom, ou pode trazer bondade, crescimento, reflexão, agregando valor, deve ser divulgado e conhecido;Oportunidade: quebra de paradigma, quem foi(é ainda???) afastado do convivio social por se considerar retardado mental (era esse o nome dos excepcionais até 40 anos atrás) volta, em seu ambiente de exílio(esses asilos, orfanatos, na verdade, prisões diferenciadas) a produzir esta preciosidade de trabalho, mostrando que talvez os embotados mentais(socio-filosoficamente) somos nós, os ditos normais, que sequer, tivemos capacidade de interpretar e seguir as recomendações do filho do PAI, que esteve entre nós, há dois mil anos atrás.(em respeito aos meus grandes amigos ateus, peço trocar "recomendações do filho do PAI", por, "práticas solidárias humanísticas e fraternais") Boas Reflexões e uma boa semana.
"Por que eu vivo procurando um motivo de viver, Se a vida às vezes parece de mim esquecer? Procuro em todas, mas todas não são você. Eu quero apenas viver, se não for para mim, que seja pra você.
Mas às vezes você parece me ignorar, Sem nem ao menos me olhar, Me machucando pra valer.
Atrás dos meus sonhos eu vou correr. Eu vou me achar, pra mais tarde em você, me perder.
Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?
Será que esse mundo tem jeito? Esse mundo cheio de preconceito.
Quando estou só, preso na minha solidão, Juntando pedaços de mim que caíam ao chão, Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
Talvez eu seja um tolo, que acredita num sonho, Na procura de te esquecer, eu fiz brotar a flor, Para carregar junto ao peito, E crer que esse mundo ainda tem jeito.
E como príncipe sonhador...Sou um tolo que acredita, ainda, no amor".
PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos - APAE)
Este poema acima foi escrito por um aluno da APAE, chamado, pela sociedade, de excepcional.. Sim excepcional, excepcional sensibilidade pras coisas da vida e suas relações!!!
Ele tem 28 anos, com idade mental de 15 e entendo que vale a pena divulgar por três motivos: Qualidade: Bem escrito, de facil leitura e assimilação de conteúdo. Mérito do autor;Competência: O que é bom, ou pode trazer bondade, crescimento, reflexão, agregando valor, deve ser divulgado e conhecido;Oportunidade: quebra de paradigma, quem foi(é ainda???) afastado do convivio social por se considerar retardado mental (era esse o nome dos excepcionais até 40 anos atrás) volta, em seu ambiente de exílio(esses asilos, orfanatos, na verdade, prisões diferenciadas) a produzir esta preciosidade de trabalho, mostrando que talvez os embotados mentais(socio-filosoficamente) somos nós, os ditos normais, que sequer, tivemos capacidade de interpretar e seguir as recomendações do filho do PAI, que esteve entre nós, há dois mil anos atrás.(em respeito aos meus grandes amigos ateus, peço trocar "recomendações do filho do PAI", por, "práticas solidárias humanísticas e fraternais") Boas Reflexões e uma boa semana.
domingo, 14 de setembro de 2008
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